I'm Winston Wolfe. I solve problems.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Cadernos de Acadjimia - Capítulo 1 - Do início


    Exercício físico é um troço sacal. Um lugar que reúne um monte de gente para fazer exercício físico pode ser considerado então algo simplesmente aterrador. Tem gente que morre de medo de dentista. Outros, de fazer baliza. Um bom número se pela só de ouvir falar em exame e próstata. E outro tanto se caga só de ouvir falar em uma academia de ginástica.

    Eu em encaixo em alguns destes grupos, mas especial no último. Tenho pavor de academia. Aquela clima veladamente opressor, que te joga pra baixo sempre que você levanta a cabeça. Sim, porque sempre que você levantar a cabeça, num movimento talvez de resgate de auto-estima, vai dar de cara com alguém mais forte, mais magro, mais bonito, menos suado ou, no mínimo, com uma bunda melhor que a sua. E isso, convenhamos, não é nada motivador.

    Porém, alguns males se fazem necessários. Como decidi não ir mais ao dentista e não fazer mais baliza, precisa, até por uma questão de honra, encarar uma academia. Dos males, o menor. Afinal, dente podre pode ser reposto, e estacionamento com manobrista é o que não falta no centro da cidade. Mas condicionamento físico, ah, isso ninguém pode fazer para alguém.

    E foi exatamente esse o motivo que me levou a um desses templos do hedonismo pós-moderno, em minha, vejamos, duodécima tentativa de permanecer mais que um mês no meio da peculiar fauna coberta de lycra que habita cada metro quadrado do lugar e respira os mesmo metros cúbicos de oxigênio viciado. Precisa, aos 25 anos, me prevenir de futuros imprevistos de ordem sexual. Sim, sexo foi o que me motivou a começar a acordar às oito horas da madrugada e rumar, cambaleante, ruminando qualquer tubérculo, para uma academia.

    Porque sexo é o único tipo de atividade física que me permito nos últimos, vá lá, 3 anos, quando protagonizei minha última estadia em uma academia. Desde então, venho me empenhando em aperfeiçoar o barato, refinando e aprendendo técnicas, aumentando ou diminuindo proporções, estudando movimentos, pesquisando a respeito, avaliando situações, definindo prioridades, enfim. Entrando de cabeça, com o perdão do trocadilho. Só que para tudo isso, é preciso fôlego. E fôlego é algo que não se encontra nas porções de medalhões de bacon com molhor rose regados a dúzias de cerveja às 4 da matina de sexta-feira.

    Fôlego está intimamente ligado ao condicionamento físico. E condicionamento físico quer dizer fazer exercícios físicos, que é um troço extremamente sacal mas, pelo visto, necessário. Porque, por enquanto, dou lá minhas 2 ou 3 segurando legal até o final. Mas e daqui há 10 anos, quando meu organismo parar de absorver meus abusos com a facilidade de hoje? Para onde vai a cerveja que, é fato, não vou parar de tomar com os camaradas? E os beliscos irresistivelmente gordurosos? Dúvido que minha rotina de trabalho, que é ficar sentado o dia todo dando nó em pingo d´água, irá mudar.

    Por isso, resolvi me precaver. Não quero chegar aos 30 e poucos dando malemá uma bimbada, deitando pro lado com a língua de fora, arfando feito um cachorro com sede. Tá loco, neguinho! Porque se sem uma coisa que não se pode abrir mão é de sexo. E precisa ser intenso, forte, visceral, feito com todos os órgãos, partes, dobras, membros, glândulas e sistemas do corpo. Senão, é punheta. E até para uma bela punheta, sejamos francos, é preciso fôlego.

3 comentários:

Anônimo disse...

Com todo respeito, você já leu seu perfil "astral"?
http://www2.uol.com.br/gaiastral/aries/perfil.shl

Anônimo disse...

Fora a possibilidade de você ganhar umas gatinhas saradas por lá, né?

Anônimo disse...

Gustavo, muito legal esse texto, será que eu poderia reproduzi-lo nos grupos de e-mail dos quais eu participo ? L
ógico, citando a fonte ...