I'm Winston Wolfe. I solve problems.

segunda-feira, agosto 28, 2006

Tempos Modernos ou Lulu Santos é Um Bosta Mesmo



    Bob Dylan tem 65 anos e assovia, chupa cana e toca gaita ao mesmo tempo. Já fez tanto pela música que poderia muito bem se eternizar num desses takes de cidade de interior, o sujeito na varanda da casa, pra frente e pra trás numa cadeira de balanço, contemplando o infinito enquanto masca qualquer coisa. Mas não. Não o velho Robert. Não cara que redefiniu o rumo da carreira dos Beatles. Não o moleque que peitou os próprios fãs em nome de sua arte. Não. Ele, não.

    Lançando um disco depois de um hiato de cinco anos, ele continua rock´n´roll. Em sua mais recente entrevista, diz que as gravações feitas hoje possuem qualidade detestável. "Não há definição de nada, não há vocal, nada, é como... estática", bradou o bardo há coisa de uma semana, na Rolling Stone. Seria apenas capricho de um velho rocker, sinais de que até as lendas tornam-se recalcadas e reclamonas com o passar do tempo, deixando para trás o entusiasmo de outrora e entregando-se ao inevitável inverno de suas existências criativas? Pode ser. Mas não o velho Mister Zimmerman. Ah, não senhor.

    Sua verborragia vai além de críticas aos padrões técnicos de gravação.

    "Comentando as reclamações da indústria da música de que os downloads ilegais significam que as pessoas estão conseguindo suas músicas de graça, ele declarou: 'Bem, por que não? Não vale nada mesmo'".

    Sacaram? O maior compositor da era de ouro do rock, a referência suprema para qualquer um que se decida como músico de verdade, afirma que suas canções não valem nada. Novamente: não é o Tatau do Araketu quem está dizendo isso. É Bob Dylan. O último sujeito de quem se esperaria uma declaração desse tipo. Mas ele a faz exatamente porque pode. Ao contrário do Tatau do Araketu, ou do Lulu Santos do título, gente sem talento que sobrevive graças ao péssimo gosto musical do brasileiro médio, e por isso briga feito cachorro vira-lata por causa de um osso velho, Dylan não dá a mínima para isso. Ele se garante e sabe disso.

    E "Modern Times", a bolacha que tem lançamento oficial amanhã, é a prova. Dez canções bobdylianas. Gaitas, guitarrinhas à la Chuck Berry, pianos de saloon, e a voz tão malhada pelo tempo que sequer se nota seu canto nasal. E, claro, as letras. Aquelas que ele está pouco ligando. Logo na primeira, cheia de um desolado sarcasmo, ele canta que estava pensando sobre Alicia Keys e não pôde conter as lágrimas. Precisa de mais?

    Precisa. Precisa ouvir o disco inteiro. Tá aqui, ó. A senha é Opus666. Cortesia, claro, da galera do Opus666, que merece visitas periódicas, diga-se de passagem.

    Agora vai pagar pau para o mestre, vai.

7 comentários:

Biajoni disse...

do caralho essa "thunder of the mountain"!!!!!!!

Biajoni disse...

gaguinho, faz uma cópia pra mim e uma pro andré montanhér!

Brigateando disse...

Tá na mão, filhotões!

Anônimo disse...

e quem são seus cantor/compositor/banda favoritos?

Anônimo disse...

os nacionais, não os importados, digo.

Brigateando disse...

Mutantes. Renato Russo. Secos e Molhados. Atualmente, nada.

disse...

Mais o cara é tudo!