I'm Winston Wolfe. I solve problems.

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Uh, fudeu, Americana apareceu!


Nem em Punta del Este dá para se esconder. Tome tento para a combinação de camisa xadrez azul com blusa de flanela xadrez verde. Sabe como é, final de viagem, péssima programação de roupas, cuecas começando a serem usadas do avesso...

E este blog vai dar um tempo. Muda-se temporariamente para o blog da Revista de Verão. Tem meu encontro com o Dr. House de Punta del Diablo.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Medo e delírio no Uruguai


De hoje até domingo, esse branquinho aqui vai atrás de descobrir o que o Uruguai tem além de uma seleção de futebol que f**** com o Brasil na copa de 50 e uma filial de Miami chamada Punta del Este. Que Raoul Duke esteja comigo!
Mazááááááááááá... (piada interna)

terça-feira, dezembro 18, 2007

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Ondotô?


    Esses gauleses são mesmo uns loucos. Além de permitirem um romano compartilhar o mesmo espaço, ainda lhe dão pena e papel. No primeiro post, breve introdução. A partir daí, é fogo morro acima, água morro abaixo.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Index

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Canção-tema para noite chuvosa em PoA


    Solidão amiga do peito
    Me dê tudo que eu tenha por direito
    Me diga, me ensina

    Ao dormir não sinto medo
    Há um sol, existe vida
    Me trate com jeito

    Eu tenho saída
    Eu quero calor e o mundo é frio
    Minha vaidade não enxerga o paraíso
    Eu preciso de alguém pra fugir,sem avisar ninguém

    Não vou olhar pra trás
    A saudade está morta
    E já não me importa

    Está longe demais
    Longe demais de tudo
    Eu estou longe demais
    Longe demais de tudo

    Eu estou longe demais
    Tão perto de mim
    Tão longe de tudo

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Na toca o ogro / Minha primeira Neosaldina em POA



    "Let's get it started
    let's get it started in here"

    Let's Get It Started - Black Eyed Peas

    O convite veio com o seguinte aviso:

    "O boteco é 'fechado', então batam na porta - vão olhar estranho, digam que vão tomar uma ceva com o tiago casagrande e fica beleza. pra quem não conhece, é uma adega de cerveja, self-service - e só $ ou cheque :D "

    Então vamos elencar o que eu NÃO SABIA até aquele momento:

    - O que diabos é um boteco "fechado", que só te deixam entrar se você tiver uma senha?

    - Quem é Tiago Casagrande? E por que ele era a tal senha?

    - Que porra é uma adega de cerveja self-service? Bandejão vá lá, mas adega?

    - Não aceita Visa nem Mastercard?

    Aquilo não estava certo. Tinha conhecido o tal Tiago Casagrande através do Bia - o mesmo que me apresentou o conhaque Macieira (e um posterior vício), ao Vic Chesnutt e uma ou outra cosita ilegal. Quer dizer, bela referência, não? Mas Tiago Casagrande na verdade era o alter-ego de Tiagón, ou El Rey, como é conhecido em Petrópolis - não a cidade carioca que fabrica a cerveja estranha que o Bia aprendeu a gostar por motivo de força maior, mas o bairro porto alegrense onde coisas estranhas acontecem com cervejas. Tiagón também é dono do Verbeat, um desses condomínios de luxo para intelectuais da terceira idade - ops, melhor idade, desculpem o politicamente incorreto.

    Mas eu iria. Claro que iria. Para onde mais eu poderia ir? Sete horas em ponto Tiagón estava lá, enquanto eu chamava um taxi - agora só ando de táxi, igual a vocês-sabem-quem-porra! Entro no carro e o motorista: "Para onde vamos?". Eu: "Rua João Abótti esquina com Carazinho". Ele: "Ah, João Ábott com Carazinho. Tu é paulista, é?". Era só a primeira da noite que mal começava. E ao contrádio do que dizia o Gessinger, o anoitecer em Porto Alegre é mineiro. Hum, essa ficou boa.

    Eu vou de preto. Eu só visto preto. Porque não sou moleque nem convencional, oras. E calço coturnos recém-engraxados. E algumas notas cor-de-rosa na carteira. A carteira também é preta. "Verde, amarelo, vermelho, espelho retrovisor...", tô mentindo, Berto? Mas o bar é azul. Não tem placas, não tem luminosos, sequer um neónzinho indicativo. Na verdade, só falta uma placa dizendo "Cuidado, cão anti-social". Bato na porta e percebo que não falta nada. A rótula abre e um sujeito parrudo, careca, de olhos vidrados e bochechas inexpressivas, surge. Sou automaticamente transportado para uma das inúmeras partidas de Dangeons & Dragons de minha adolescência, onde toda história sempre envolvia uma taverna - ou taberna - e um ogro. Quer dizer, eu era o Hank e estava pronto para envergar meu arco de luz, dar fim àquela criatura e conseguir algum XP quando optei pela diplomacia. "Oi... hã... vim tomar uma... tomar uma com o... hã... Tiago Casagrande".

    Ele não pisca. Fecha a portinhola de vidro, abre a porta maior e faz sinal para eu entrar. Guardo meu arco e piso com minhas botas bucaneiras de cortiça. "Pode entrar, eu te encaminho", indica, solícito, o ogro branco de grandes olhos esmeralda. Sigo por um corredor tortuoso até uma sala com dois ambientes. O teto coberto de capas de discos de vinil. Duas mesas ocupadas. Numa delas, um grupo de louras semi-nuas e desbocadas, entornando lascivamente long necks de cerveja uruguaia, besuntava uma a outra com óleo de bronzear. Uma delas usava uma tiara dourada, botas brancas, tomara-que-caia dourado e acariciava um cavalo alado. Na outra mesa, dois sujeitos com cara de publicitários fodidos e mal pagos empilhavam garrafas de vários rótulos.

    "Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas faça o tal Tiagón ser uma daquelas gatas, e eu serei salvo", rezei, entredentes. O ogro me encara, percebe que não faço idéia de quem vim procurar. Ele fareja uma mentira e está pronto para me bicudar para fora da taverna - ou taberna - quando o próprio El Rey se apresenta. Claro que não era uma garota. "Ei, eu esperava um careca!", é a primeira coisa que ele diz. Rebato com uma piadinha sobre ter esterco na cabeça e tal. Na mesa está o inacreditável Alexandre Alaniz - AA para os integrantes do seu grupo de apoio homônimo - e a bela... a bela... ah... ah, sim, Márcia Prado. Segundo a lenda, Márcia é a feliz proprietária de um grupo de amigas mais seletas que a laranja da feijoada do Chico. AA que o diga. Eu não vou dizer nada a esse respeito por amor aos meu bagos, entendam.

    Feitas as devidas apresentações, precisava de um copo, porque ao contrário das garotas da mesa ao lado, não estava, assim, digamos, tão inspirado a dar beijo de língua em garrafa. "Pega lá", chapiscou Tiagón. "Lá na cristaleira da entrada. Vai lá e pega um copo". Então entendi o significado de uma adega de cerveja self-service. Fui lá e saquei uma tulipa profissional pintada com um rótulo de Itaipava - eu acho... Daí por diante o que se seguiu foi basicamente um toma-lá-da-cá de impropérios, vitupérios, causos ternos, tiradas ácidas, palavrões, gargalhadas homéricas e galhofas pândegas das mais diversas embalando o eterno clássico paulistas X gaúchos.

    Isso até às 22h. Porque às dez EM PONTO a taberna - ou taverna - fecha. O ogro proprietário toca os incautos. "Vou fechar. Saideira", anuncia. Ninguém é louco de questionar. Tiagón ainda tenta passar uma lábia no calvo. Mas ele está nos seus domínios. Saímos. Ainda com sede. Ah, sim, o boteco é imperdível. E só entra quem conhece alguém conhecido do proprietário. Mais um segredo revelado. Estariam as coisas entrando nos eixos? Ao longe, o Laçador observava, passivo, o cair da noite. Havia sede, era fato. E Tiagón e AA, para usar uma expressão típica de um capiau paulista, pareciam ligados no 220V. Dupla de ataque, linha de frente, vocal e guitarra, queijo com goiabada, Lennon e McCartney, complentando frases, trocando insultos, rememorando piadas internas, interrelacionando conspirações, a noite começava a girar e eu queria sair cavalgando a noite no cavalo alado daquela garota de botas brancas e tiara dourada.

    Ainda deu tempo de uma nova saideira no Show do Íche, agora acompanhados de sereno e contrastante casal. Hora de ir embora. AA me confidencia que gosta de videogame e tem um Play Station 2 em casa. Meus olhos marejam. Faço um talho no dedo e proponho um pacto. Meu taxi chega.

sábado, dezembro 01, 2007

As primeiras impressões


    Nada de muito novo por aqui, hã?

    Tentei mudar de endereço para fazer jus a minha nova situação, mas não seria totalmente verdade porque coração e pensamentos ainda estão no mesmo lugar - o que torna tudo bem difícil, acreditem. Pelo menos estou mais bem vestido agora, diz aí?

    Bom, primeiras vinte e quatro horas em um lugar dizem muito a respeito do que esperar dele pelas demais pernadas dos ponteiros. Então acho que posso engordar algumas boas expectativas.

    A começar pela chegada. Definitivamente não se pode viajar com uma embalagem de soro fisiológico sem lacre. Aprendi isso, claro, inundando o simpático compartimento de bagagem e tudo o que havia dentro dele. A tampa, pelo visto, era apenas ornamental.

    Devidamente seco e instalado, fui rodar pelo Parque Moinhos de Vento, o Parcão. Eu, crescido em bucólicas pracinhas de bairro, tenho certeza que ostentei o tempo todo aquela expressão de turista abestalhado. Como por enquanto é o que sou mesmo, fiquei dando voltas por ali para gravar nomes de ruas e pontos de referência - cacoete de jornalista de guerra, sabem como é.

    O Parcão é cortado pela Avenida Goethe, localidade perfeita, pelo que pude notar, para uma farra gastronômica insuspeitíssima. Mesinhas na calçada são coisas que me atraem e quase todos os botecos ali atendem a essa exigência. Parei na Padaria Central após ler uma lousinha que oferecia chivito com batatas fritas por R$ 7. Aí então fiquei menos - ou mais, não sei - turista. Chivito é basicamente um fast-food uruguaio. E o Uruguai é, literalmente, logo alí.

    Não sei se a parada foi mal preparada, mas não gostei. Lembrava qualquer gororoba gordurosa e melequenta que tem gosto de tudo e de nada ao mesmo tempo, feita e devorada as toneladas madrugada adentro. Mas as batatas estavam excelentes e desceram perfeitas com um Skol gelada. Eram 18h30 e nem sinal de anoitecer em Porto Alegre. Mesmo assim, me botei a caminhar. Paguei os R$ 7 do lanche e estupradores R$ 4 da cerva. Ainda estou para conferir se este é o preço padrão por aqui. Se for, recomendo desde já para os futuros visitantes trazerem caixinhas para esse exilado.

    De banho tomado e cabelo penteado, me inteirei no universo portoalegrense lendo o "Cavernas & Concubinas", a coletânea perdida de contos do Cardoso. Uma pena a parada ter se perdido por aí. Merecia mais. E eu mereço comer alguma coisa agora. De novo. Dá-lhe pernada, então.