Uma conclusão: Jack White quer ser Robert Plant. E ele e sua comparsa, Meg White, querem ser o Led Zeppelin. Isso já era entendido nos quatro úlitmos discos da dupla, mas neste último, "Get Behind me Satan", a coisa ficou escancarada.
É impossível ouvir a criatura sem lembrar de seu criador. Está tudo lá. As guitarras pesadas e distorcidas na medida certa, os refrões bem colocados, a quase inexistência de firulas que tanto foderam o rock pós-Seattle. A voz desesperada que casa (e causa) com o instrumental.
Claro que nem tudo é perfeito. A exemplo dos últimos discos, Jack e Meg poderiam ter feito um compêndio de canções de rock básicas de 40 minutos que ninguém acharia ruim. Mas então pintam as esquisitices de praxe, como a baterista recitando versinhos em inúteis 34 segundos que duram "Passive Manipulation", ou a leva reggae de "My Doorbell". Pior ainda a trágica "The Nurse", um amontoado de sonzinhos bestas que, caráleo, não levam a lugar algum.
Coisa de banda que já foi indie e não percebeu que esse joguinho de querer soar "experimental" não cola mais. Tem mais é que fazer o que sabe, que foi exatamente o que os levou à massa. Algo de errado nisso? Acredito que não.
E o disco começa estupidamente bem. "Blue Orchid" abre com um rock pesado, bateria marcando o ritmo que leva as mãos pra cima e faz chacoalhar o quadril em qualquer pista de dança. "Forever for Her (Is Over for Me)" é o momento down do disco, com Jack chorando as pitangas. Mesmo forçado, é interessante. Se puder, pula essa e vai para...
... "As Ugly as I Seem", feita sob medida para ser tocada naquela roda de camaradas chapados, de preferência com o Denão, que esmerilha no bongô, e com o EDV, que saca tudo de violão, já que a canção é só isso mesmo. E, por isso, é redonda, perfeita.
Então vamos para "The Denial Twist", que é tudo o que os Stripes fazem. Com direito a maracas e piano. Legal pra chacoalhar a cabeça levemente. A prova definitiva que o baixo é só pros amigos não ficarem de fora da banda. "White Moon" vem cheia de clima, soando como uma bela cançãozinha gospel de alguma igreja do Harlem. Sorumbática, diria até.
"Instinct Blues" é isso mesmo. É puro Led Zeppelin, com Jack emulando até o talo o vocal do Plant e Meg castigando a batera feito Bonzo. Difícil acreditar que seja uma mina magrinha e branquela esmurrando as peles daquele jeito. Já é minha preferida. O final é uma apoteose de sujeira que há muito não ouvia. Coisa de macho, nada a ver com Strokes e outras bichices.
Depois vem "Take, take, take", e a bateria é a Velvet Underground, como o Bia poderá comprovar assim que eu lhe der uma cópia amicíssima. É como a anterior, só que mais leve e country, divida em duas partes. A segunda a coisa muda e o peso aparece com gosto.
"Little Ghost"é cantada em dueto e é uma homenagem aos velhos banjoleiros que dominavam o meio-oeste norte-americano antes do surgimento da guitarra elétrica. Dá pra tocar num saloon, americana sem soar idiota.
Apesar dos barulhinhos e esquesitices, "Red Rain" é puro hard rock, dessas feitas para serem tocadas em concertos ao ar livre, apreciada com os punhos erguidos e os pés marcando a bateria.
A bagaça encerra com "I´m Lonely (But I Ain´t That Lonely Yet), em clima de igreja mississipiana, só com piano e voz. E voz no melhor estilo god speak novamente. Com ela os White fundam, definitivamente, a igreja Uaitistraipiana e se preparam para governar o mundo.
I'm Winston Wolfe. I solve problems.
segunda-feira, julho 04, 2005
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