O último livro que ganhei foi "Pergunte ao Pó", do John Fante. A pessoa que me deu sabia da minha queda pela obra e não errou. Eu é que me surpreendi ao me ver tremendamente intimidado quando comecei os primeiros capítulos. Confesso que pensei seriamente em largar de lado e abrir qualquer outro que tivesse a mão.
Mais por insistência dela que minha, mantive a leitura. Agora, ao final, sinto que fiz um bem danado a mim mesmo. O pó de Fante é realmente mágico. Não à toa, influenciou a Beat Generation, minha escola predileta em gênero, número e grau. Logo, me sentia na obrigação de ler criador e criatura.
Ao final, me deparei com uma leitura que jamais imaginei fazer quando comecei a ler o relato de Arturo Bandini e sua solidão monástica, sua vontade irascível de ser reconhecido como escritor e amor incondicional por um editor que nunca conheceu, mas do qual guardava um retrato na parede.
Sob as orientação dela, li me atendo a questão do pó. A coisa é tão coesa que ao fim da obra Arturo joga o próprio livro, com dedicatória para a mulher amada e tudo mais, seu primeiro romance publicado, no deserto, onde ela desaparecera. E o que é um deserto que não um lugar cheio de pó? A simbologia disso é fantástica, algo como: "Quer saber da minha vida? Quer saber do que sou feito? Da onde vim ou para onde vou? Pergunte ao pó".
Lógico, é até biblíco, como na história do "Do pó viemos, ao pó retornaremos" e tal. Durante toda a vida do personagem o único coadjuvante que aparece com freqüência é o pó. Seja nas espeluncas onde ele come, nos pardieiros onde dorme, nas roupas que veste e até sobre as pessoas que se envolve. O pó é sua única testemunha, a testemunha ocular de toda uma vida vivida por viver, vivida para o que se gosta e acredita.
Talvez essa seja uma das mensagens de Fante: numa vida vivida plenamente, a única companhia certa é a do pó, nossa origem e também o nosso destino final. Nada é mais certo que o pó, que está em todo lugar e ao mesmo tempo em lugar algum. Insistente e persistente, como a vontade do personagem de ser escritor. O pó é, dessa forma, a metáfora da vontade de viver, de transformar sonho em realidade, de existir onde ninguém bota fé que possa. Perguntar ao pó é como perguntar a si mesmo.
(Tanx a lot, Maryjane)
I'm Winston Wolfe. I solve problems.
terça-feira, agosto 16, 2005
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4 comentários:
tai um livro que eu não consigo terminar de ler. de tempos em tempos eu volto a ler. mas acho chato. zzzzz
espero terminar de ler o livro antes de ver o filme com o colin farell e a gostosa da penelope cruz.
Collin Farrell? Caralho, não tinha mais ninguém para ser o Arturo? Não podiam escolher alguém com cara de loser, tipo o Beck?
Ô Gu, não tem nada relacionado a Beat Generation na Biblioteca da UNIMEP... hunf...
eu quero ver ele fazer cara de loser.
pq tem q ser mtooooooo loser.
eu quero ver as primeiras 40 páginas na telona. ele lá roubando leite, comendo a puta, tentando escrever equanto observa a arvore do outro lado.
saca que vai ser zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
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