I'm Winston Wolfe. I solve problems.

segunda-feira, agosto 08, 2005

Finis

Aos 16 anos descobri o Led Zeppelin numa extinta Showbizz que tinha o Dado Villa-Lobos e o Marcelo Bonfá, da então recém-acabada Legião Urbana, na capa. Comprei meu primeiro disco deles (do Led, não da Legião) numa loja de CDs que não existe mais num shopping que estás prestes a desaparecer. A primeira audição foi na casa de minha primeira ex-namorada.

Passado. Passado. Passado. É tudo passado. Agora mesmo parece que já passou, pertence a um tempo coberto de pó e cheirando a formol da sala de anatomia de faculdade.

Parece ser impossível viver DO presente. Apenas viver O presente da forma que ele se apresenta: inevitável. O corpo encravado nele, mas a cabeça divagando entre o ontem e o amanhã, estacionando num e noutro a esmo, sem muita consequência, sem muita predileção. Sem pertencimento.

Checo minha tímida coleção de DVDs e vejo um show dos Rolling Stones de 1969, o Woodstock do mesmo período, um The Doors de pouco antes e, putz, um Led Zeppelin de 1973. Nada do meu tempo, nada da minha geração, nada da minha época, nem sequer do ano do meu nascimento.

Ah, tem um David Bowie de 2003. Mas Bowie é futuro até quando é passado, e passado quando trata-se de futuro, é Joselito, apelão, não sabe brincar.

Então aonde eu fico? Entre o pós-punk dos Smiths e Legião (ambos finados) e o nu-punk-pop-rock do Bloc Party, Placebo e Strokes? Ou volto pra trás e me declaro um hippie de coração punk setentista?

Melhor seria esperar pelo próximo bonde da história, talvez? Porque essas bandas vão acabar. Assim como as revistas e sites que falam delas, os quais acompanho e deixo fazerem parte da minha vida. Então se acabam, uma parte da minha vida também termina. É certo que uma outra começa, mas a lacuna nunca será preenchida. Aquele buraco que estava sendo preenchido com esse amor e dedicação surreal jamais será completado, deixando um legado de ausência.

E as pessoas também irão. De uma forma ou de outra, deixarão de ser parte da minha vida da forma como são hoje. E outras virão, para depois partirem. Mas seus lugares não serão preenchidos. Novos deverão ser abertos. Ficamos, então, cheios de valas meio-cheias-meio-vazias.

Perdidas no tempo. Como uma antiga Showbizz, um disco do Led Zeppelin ou uma antiga namorada.

Nenhum comentário: