I'm Winston Wolfe. I solve problems.

quinta-feira, agosto 25, 2005

Ô vontade...

Originalmente publicado no T&Q, há coisa de um ano, ressucito o dito cujo em razão da Nunu estar predisposta a. Ela é fiotona, mas manda bem.

É inevitável: uma hora ou outra, você também vai tocar o f***-**. Pode-se classificar o ato de apertar a tecla "F" como uma opção, e não a falta dela, como muitos acreditam. A questão é apenas o momento em que ela se torna iminente. Pode ser no começo, quando nenhuma outra coisa foi tentada, mas que só de analisar a situação já se sabe onde vai terminar; ou no final, quanto tudo já foi tentado, restando apenas apelar para ela. O que diferencia é, portanto, a quantidade de energia gasta em cada operação. Portanto, tocando o f***-** logo de início, economiza-se energia e, olhem só, um pouco de tempo, mercadoria essa em falta em nossos dias no século 21.
Claro que não é tão simples. Tocar o f***-** não resolve nada. Mas afinal, quem está nessa para resolver alguma coisa? Quem quer realmente fazer algo decente? Você quer? Por quê? O que te move? Dinheiro? Pudor? Medo? Orgulho? Hombridade? Ganância? Vaidade? Qual o pecado que te faz levantar da cama e começar um novo dia? O que, afinal, te impede de tocar o f***-**?Os árabes, sabemos, são campeões nisso. Não engolem muito sapo, não. Escreveu, não leu, é bomba pra todo lado. Tocam o f***-** mesmo, e f***-** o que pensam os ocidentais disso. Vai encarar? Que argumento prefere usar? A beleza da vida? O canto dos rouxinóis? A inevitabilidade de Deus? A Liberdade? A Igualdade? A Fraternidade? Um Big Mac? E quando não se tem isso? O que te impediria de tocar o f***-**?
Onde colocamos nossa tolerância, nosso discernimento, nossa capacidade de aceitação, quando tudo o mais parece convergir para a tecla “F”? Pensar que “dias melhores virão” é bonito, mas também patético. Tanto inútil quanto tocar o f***-** é acreditar no seu oposto. Por que agüentar tanto mais? Por que continuar a viver numa eterna apnéia social? O morro vai descer, sabemos disso também, e aí será a vez deles tocarem o f***-**. Os desgraçados do mundo, todos eles, não estenderão mais suas mãos esquálidas nas esquinas, mas as fecharão para cobrar seu quinhão. Então porque esperar? O que te segura de tocar o f***-** de vez?
Teu subemprego? Tua suposta cidadania? Seus sonhos que não se realizam? Seus planos que não dão certo? Uma foto na cabeceira da cama? O eco dos sermões da mamãe antes de dormir? Quer dar o exemplo, é isso? Quer mostrar que é possível não tocar o f***-**, que um entendimento, uma terceira via, um acordo, alguma coisa que impeça o gatilho de ser puxado pode existir? Quer ser um mártir? Um santo? É isso que te impede de tocar o f***-** de uma vez?
Tudo se resume, parece, ao medo. Até o Drummond sabia disso. Ninguém toca o f***-** de verdade. Ninguém quer perder as migalhas secas de vida que conseguiu juntar, e que são comidas agora amaciadas com algumas poucas lágrimas amarelas. De medo. De medo de tocar o f***-**.

4 comentários:

Nuvens de Palavras disse...

Nossa, isso foi profundo. Uma coisa tão tola e tão juvenil como o "meu" foda-se tornou-se em algo complexo como seu texto... nossa, que orgulho (para variar).

Nuvens de Palavras disse...

Ow, tinha esquecido, "Fiotona"?? Tem certeza???

Señorita M disse...

curti aquela parte do "qual o pecado que te faz levantar da cama e começar um novo dia".

Nuvens de Palavras disse...

Guga, entra nesse blog e dá uma olhada no post dela...meu, o "foda-se" é um sucesso!!!
http://pattyalves.blogspot.com/