Certa vez, li – ou ouvi dizer – que trailers são como calças jeans justas. Fazem uma coisa parecer que é outra. E é essa sensação que tenho toda vez que vou ao cinema e assisto a algum trailer. Fico com aquele gosto de "ah, mas será que o filme todo vai manter esse ritmo?".
Explicando melhor, é quando uma mulher veste uma calça jeans apertada. Ela ganha formas que, às vezes, pode não ter sem a dita cuja. A famosa propaganda enganosa, entendem? O tecido "levanta" o que seria esteticamente "caído". Com os filmes acontece a mesma coisa.
Se antes um trailer era meramente um pedaço do filme inteiro, uma amostra do que estava por vir, hoje existem equipes exclusivas voltadas apenas para a elaboração dele. Porque é sabido que um bom trailer – assim como uma boa calça jeans – garantem, pelo menos, um bom público de estréia. Por isso é feito com base em uma edição das cenas mais impactantes, com trilha sonora própria e, não raro, instigando o sujeito da poltrona com mais dúvidas ainda. E sua função é exatamente essa, a de empolgar o espectador, que foi até a sala de cinema para ver outro filme, voltar lá novamente com o propósito de conferir inteira a obra da qual só apreciou uma idéia.
O mesmo raciocínio se aplica no caso daquela garota na boate se esbaldando dentro de um justíssimo jeans de cós baixo. Aquela calça não é simplesmente uma calça. É uma arma de sedução. Foi pensada de forma a aumentar a libido alheia e atrair olhares. Ela transcende a simples idéia de mero pedaço de pano com três buracos.
O problema é que, com o passar do tempo, vai ficando cada vez mais difícil de ceder a essas artimanhas. Tanto no caso dos trailers quanto do recheio dos jeans apertados. A reação depois de apreciar um ou outro é a mesma. Desconfiança. "Hum... será que é tudo isso mesmo?", pensa o espectador, coçando o queixo. Em ambos, o resultado pode ser até melhor que o esperado.
Ou não. Uma sessão apenas de trailers seria ideal, se pensarmos bem. Assim como se todas as mulheres só vestissem jeans justos até para dormir e tomar banho.
Porém, via de regra, é bom desconfiar de trailers muito elaborados ou de calças justas demais. Ele podem guardar surpresas nada agradáveis e o resultado vai ser uma broxada – literal ou metafórica – monumental. Aí só resta ligar a TV e relaxar.
I'm Winston Wolfe. I solve problems.
quinta-feira, junho 15, 2006
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Um comentário:
Hahahah, ótima analogia.
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