I'm Winston Wolfe. I solve problems.

sábado, junho 09, 2007

Personalidade

Estilo é tudo para um artista. E um estilo próprio deriva de uma personalidade definida, marcante, honesta e, logo, única. Na música pop poucos conseguem se equilibrar na linha que separa a personalidade da mediocridade. Uma banda pode mudar seu som de um disco para o outro sem parecer forçado; ou pode fazer sempre a mesma coisa e soar sempre diferente e genial. Dois lançamentos ilustram bem a questão. Era Vulgaris, do Queens of the Stone Age e Minutes to Midnight, do Linkin Park, lideram há algum tempo as listas de downloads. Então baixe, ouça e depois volte.

O QOTSA pertence ao seleto rol de bandas que bastam poucos acordes para serem reconhecidas. Liderado por Josh Homme - único membro fixo em todas as formações - o grupo segue firme como um legítimo representante do rock de macho, daqueles feito para se ouvir no volume máximo e incomodar toda a vizinhança. Não é para ouvidos sensíveis, não é para tocar no rádio ou na novela, mas serve bem como trilha sonora para competições de demolicar.
Assim como seus antecessores, Era Vulgaris é facilmente reconhecível. Porque tem, acima de tudo, personalidade. E estilo. Se mantêm coerente do começo ao fim, levando o ouvinte mais experiente a concluir que, sim, ele lembra os outros três discos do QOTSA. Sua canções poderiam, sim, estar inclusas nos outros. Poderiam, mas Homme sabe o que faz. Era Vulgaris é mais uma etapa da cruzada do músico em injetar um pouco de barulho decente no cenário pop. E o faz sem exageros, com classe, na medida certa.

O oposto ocorre com o Linkin Park. Minutes to Midnight não tem um terço da força e originalidade que o disco de estréia da banda, Hybrid Theory, carregava e ajudou a popularizar o grupo fazendo do nu-metal um máquina de ganhar dinheiro. Agora, o LP soa... emo. Seu peso é tão falso quanto o de um Fall Out Boy, e as letras lamuriosas ficariam perfeitas no último do Good Charlotte ou mesmo do Evanescence. A pegada rap, exaustivamente copiada por um sem número de outros garotos, não segura mais a onda - pelo contrário, mostra-se monótona e previsível.
É aí que o LP peca, ao abandonar um estilo que criou - e que era legal - em razão da grana. Se tivesse ousado e ido por um caminho oposto, até renegando seu estilo, manteria pelo menos sua personalidade. Apenas “Bleed it Out”, com seus meros 2 minutos, salva Minutes to Midnight do marasmo. Muito pouco para quem foi referência para boa parte da produção mainstream dos anos 00.

Claro que Era Vulgaris vai vender bem menos que Minutes to Midnight. Estamos falando de dois produtos com propostas diferente para públicos diferentes. Mas se você puder escolher, fique com quem tem mais estilo e personalidade e queime um disquinho com o primeiro.





    Um comentário:

    Nuvens de Palavras disse...

    É. Isso é uma pena mesmo. Enfim, mas parece que o vocalista do LP não tinha mais voz para manter as notas altas. Sei lá, ouvi isso por ai.
    Viu, sobre a música dos Strokes, "You Live Only Once", lembra quando eu estava na redação e falei: "Gu, escuta essa música, o começo não parece 'I want to break free' do Queen?". E você respondeu: "Hum.... Nada a ver". E continuou trabalhando. Hahahaha. Não esqueço isso.