I'm Winston Wolfe. I solve problems.

domingo, junho 10, 2007

De festa de peão e leis que não funcionam ou dois pesos e duas medidas





    Americana, como qualquer outra cidade de interior, sofre com um problema histórico crônico. A falta de opções de entretenimento noturno para quem tem menos de 50 anos. Ou, mais precisamente, para quem gosta de diversão com alguns decibéis acima do permitido. E permissão é o mínimo necessário para fazer acontecer o que se pretende. Muito difícil? Vamos simplificar então: a cidade não tem um filhodaputa de um lugar para se ouvir música ao vivo depois que sol se põe – ou antes até, sejamos francos.

    A cidade é governada pelo prefeito Erich Hetzl Júnior (PDT), sujeito de pulso fraco e que ergue a voz apenas contra profissionais de mídia que estão alí par fazer o que são pagos para fazer – confesso que votei nele e, se pudesse, pediria meu voto de volta de tanto arrependimento. Mas a culpa não é exclusiva dele. Há coisa de uma década Americana não possui vida noturna no que toca a música ao vivo. Descartamos aí os barzinhos que cedem um canto para crooners de Djavan e Milton Nascimento, com seu violõezinhos e vozes em falsete que não fazem mal a ninguém. Estou me referindo à música movida a baixo, guitarra e bateria. Estou me dirigindo a quem não tem pena dos tímpanos e é ligado no 220, que curte um bom rock´n´roll e congêneres e sabe que estes não podem ser apreciados se o volume estiver abaixo do 10.

    Mas em Americana isso não existe. É proibido. De bares a festas, nada pode incomodar a vizinhança, que tem o direito de descansar em silêncio total e absoluto. E não adianta vedar as saídas de som, porque as reclamações recairão sobre o movimento que se forma ao redor do lugar – carros congestionando o trânsito, molecada falando alto, sujeira formada por garrafas, latas e copos descartados nas sarjetas pelos freqüentadores. Tudo, enfim, feito para impossibilitar ao máximo a construção de uma cena noturna na cidade.

    Em cinco anos, pelo menos três bares baixaram suas portas e uma dezena de festas foram impedidas de acontecer por força da prefeitura, que não hesita em dificultar ou não fornecer alvarás de funcionamento ou mesmo fechar estabelecimentos na primeira reclamação. A vizinhança, claro, tem o direito de descansar em silêncio total e absoluto. Entretanto, a coisa muda de figura uma vez por ano, quando acontece a Festa do Peão Boiadeiro de Americana. Então, tudo é permitido. Para o CCA (Clube dos Cavaleiros de Americana), organizador do evento, nada é negado. Pelo contrário.



    O recinto onde acontece a festa fica do outro lado da cidade. Numa região esquecida pelo poder público, abandonada à própria sorte desde sua criação, mas que recebe a atenção da municipalidade quando é tempo de rodeio. Afinal, gente de todo o Estado passa por lá e a última coisa que se quer são turistas com má impressão do governo municipal. Neste ano, por exemplo, as ruas que dão acesso à festa foram pavimentadas - numa região onde asfalto é uma realidade muito distante, é preciso agradecer ao CCA, não?

    Nas noites de festa, a Rodovia Anhangüera e suas vias de acesso ficam intransitáveis. Os congestionamentos nababescos se estendem por quilômetros, obrigando o incauto motorista, que está apenas de passagem pelo trecho, a esperar quantas horas forem necessárias, porque nada pode ser feito. Os acostamentos deixam de existir, tomados de vendedores e carros de gente que se cansou de esperar e resolveu ir a pé.

    A polícia? Ah, sim, a polícia em peso está dentro do recinto da festa para garantir a segurança dos freqüentadores. E quem está garantindo a minha segurança fora dali? Claro que a corporação afirma não haver problemas, pois o número dos que ficaram na cidade é suficiente. Nesse caso, podem demitir os outros, já que não fazem falta, correto? E por que a polícia, que é um órgão público, está fazendo a segurança de um evento particular? A festa que se vire com sua própria segurança. Eu, como contribuinte, não tenho que pagar por isso através da polícia que ajudo a sustentar com meus impostos.

    Entre uma semana e outra de festa há o desfile dos cavaleiros. Dezenas de cavaleiros pegam seu, hã, cavalos e saem às ruas para mostras seus... cavalos. Se a população se incomoda tanto com a sujeira que é feita nos arredores dos bares de música ao vivo, certamente não deve gostar de sentir o cheiro de estrume fresco que paira no ar da cidade durante e depois do cortejo.


    O recinto, por sinal, é aberto e distante quilômetros do centro da cidade. Entretanto, é possível ouvir perfeitamente todo os shows musicais que acontecem toda as noites, normalmente após às 22h. Onde está, pergunto eu, a lei do silêncio que faz fechar bares de música ao vivo ou impedir que festas aconteçam? Dois pesos, duas medidas, é isso? Ou será que ninguém reclama?

    É claro que reclama. Basta um pouco de bom senso e conhecimento histórico. As primeiras festas de peão de Americana aconteciam no Centro da cidade. Foi preciso um prefeito de pulso – o finado Waldemar Tebaldi, de quem Erich herdou a cidade após sua morte (e só a cidade, não o pulso) – para peitar o CCA e os mandar para qualquer outro lugar. Agora, mesmo distante do Centro da cidade, mas ainda assim no meio de um bairro residencial, a festa continua a causar os mesmos problemas que fecham os bares de música ao vivo. Ou será que quem mora na periferia da periferia não tem o direito de descansar em silêncio total e absoluto? Até nisso seus moradores são excluídos?

    Não sou contra a Festa do Peão de Americana ou seus freqüentadores, nem tenho nada contra seus organizadores. Mas é preciso justiça. Pau que bate em Chico, bate em Francisco, diria meu irmão. Ou estou errado?

13 comentários:

Nuvens de Palavras disse...

Fora a quantidade de gente que vem à cidade. É gente passando com o carro em alta velocidade e com o som altíssimo, homem bêbado largado na praça, sujeira nas ruas...Nossa, nessas duas semanas de junho dá vontade de se trancar dentro de casa ou sair de Americana.

Nuvens de Palavras disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luiza... disse...

Oooo idoso! hhuUAUhauhhuHUAHU
Dps a gente conversa... tenho q contar da festa...
;P

Brigateando disse...

LuizaGo, me poupe, ok?... ;)

Anônimo disse...

meudeusdocéu, o que deu neste menino?
tá querendo promover a ana marson? ela tá em férias, queridão! rs

Fábio Shiraga disse...

Roooooooooooooooooooocccckkkk!

Anônimo disse...

É filhão... O pior disso td é que sempre sobra pra nois...

Anônimo disse...

é só fazer valer seu voto... e propósito, que fragilidade mental hein ? nossa senhora.. parece adolescente de 17 anos reclamando da vida... como fui entrar aqui nesse lixo, ainda tive q curiosidade de ler... afff

Anônimo disse...

Cara, esses tipos de comentários, como o de cima, é que fazem valer a pena ter um blog...

Nuvens de Palavras disse...

Hahahahahaha. Eu não sei o que é pior: o anonimato ou um comentário destes. Também concordo com o Léo. E quando essa pessoinha entrar no nosso blog, hein? Vixi...

Brigateando disse...

Já tenho slogan para o XXXXX. "A blogosfera nunca mais será a mesma"... rs...

Anônimo disse...

Tive uma idéia! O meu primeiro post do primeiro blog da minha história será sobre os cagões anônimos!

Unknown disse...

então o anônimo se doeu pela festa? da hora, deu até vontade de retomar o meu blog para ver se um estafermo desse aparece no meu pra falar mal também...
Sobre o post, apoio irrestritamente e obrigado pela citação, fiquei tocado...
Uta!