I'm Winston Wolfe. I solve problems.

terça-feira, outubro 11, 2005

Uoba! Uoba!

Quando Roger Moreira escreveu a letra de "Terceiro", ele devia estar numa fase muito inspirada. Conheço pouquíssimas pessoas que se não se preocupam em não se destacarem no que fazem. Eu sou uma delas.

Cago e ando para a competição. Talvez por isso sempre tenha me mantido afastado de práticas esportivas. E olha que eu tentei. Por mais de uma vez, até. Mas era sempre a mesma coisa.

Aos 13 anos, entrei numa escolinha de futebol e, depois de uma semana de bate-bola descompromissado, a insanidade começava a ser insuflada pelo treinador. Como um general facista, cupia para correr, marcar, chegar junto, avançar, voltar, marcar de novo, e bater, tentando transformar um bando de pernetas em cãe de guerra sanguinários. Cadê o espírito esportivo? A diversão saudável e descompromissada? A camaradagem? O companheirismo? Tinha ido embora na botinada que havia levado de um garoto do meu próprio time depois que errei um passe. Ele estava crente que seria o novo Raí. Hoje é empacotador de supermercado. O garoto, não o Raí.

Então entrei numa academia de karatê. Eu, que sempre fui um bundão assumido, preferindo a palavra à espada, fiquei horrorizado. Bater e apanhar não era comigo, definitivamente. Mesmo assim, fui até faixa azul. Grande coisa.

Anos mais tarde, aos 15, me matriculei para fazer natação. "Esporte completo", diziam em uníssono. "Abre os pulmões, define os músculos, melhora o condicionamento", replicavam, quase a ponto de salvaguardarem que, apesar de minha pouca idade, a natação me daria ereções perpétuas. Três dias e alguns caldos depois, a academia começa uma semana de competições internas, do tipo "turma da tarde" contra a "turma da manhã". Os professores de ambos os períodos incitavam a rivalidade. "Vamos deixar ele ganharem da gente?", perguntavam, já esperando um desafinado "Não!", seguido de alguns palavrões. Na água, neguinho tinha quase um ataque cardíaco para conseguir chegar na frente. A pá de cal veio quando a instrutora disse que eu precisava melhorar minha braçada, fechar mais a curvatura do braço e treinar melhor minha virada olímpica. Num ato desespero impensado, balbuciei: "sabe, eu não quero competir, não. Só quero nadar". O apito caiu da boca da garota, que soltou um "ah..." e virou-se para nunca mais me dirigir a palavra. Era o fim.

Quase dez anos depois resolvi malhar. Com o término da faculdade, tinha tempo de sobra. "Hora de cuidar do corpo", pensei, no alto dos meus 60kg distribuídos em pouco mais de 1,75 metros. Na academia, me senti no paraíso dos idiotas. O que reforçou minha tese de que aquilo não poderia fazer bem para mim, mas não custava tentar. Afinal, já tinha tentado de tudo, não custava nada. Mas custou e pedi a conta quando, na segunda semana, um sujeitinho chegou com uma fita métrica para medir meu bíceps. "Vamos ver a quantas anda essa muxibinha aí, querido", regurgitou o esteriótipo de tudo aquilo que mais abomino na face da Terra. "Pra quê?", retruquei. "Pra saber se está dando resultado. Aí aumentamos a carga", respondeu, como se ensinasse a Teoria da Relatividade para um chimanzé. Disse que não precisava, que meu lance alí era apenas puxar uns ferros para transpirar um pouco, manter a barriga no lugar e só. Ele, claro, não gostou e, como a professora de natação, não quis mais saber de mim. "Caso perdido", deve ter pensado. Ainda assim continuei por lá mais um mês. Mas ver todos os dias sujeitos se comendo em frente a um espelho, piranhas da idade da minha mãe pagando de gatinhas com os instrutores e, pior, ouvir insuportáveis "Aaaaff!", "Uuuuff!" e "Gaaac!" sempre que alguém erguia ou abaixava quase uma tonelada de ferro fundido foi demais pra minha cabeça cabeluda.

Dei as contas para o esporte, o físico e o escambau.

A barriga de chopp, claro, veio e se instalou. Mas é até simpática e, se preciso for, consigo encolhe-la e disfarçar bem. Claro que isso um monte de gente também faz. Ainda bem. Assim, ninguém me acusa de querer ser o melhor em alguma coisa.

7 comentários:

Señorita M disse...

Esse lance todo de futebol, karatê e natação é sobre vc mesmo ou vc só colocou pq precisava de um começo pra história??
Bah, academias.. por isso comprei uma esteira. Assim ngm me obriga a fazer e mto menos a aumentar a velocidade e o tempo em cima dela... E é por isso que eu não uso :P

Anônimo disse...

Ainda bem que você escolheu a palavra!

Nuvens de Palavras disse...

Eu adoro sua barriginha de chopp...

Anônimo disse...

Gusravo... tem um esporte que você pratica!!! Gasta calorias, faz esforço, deixa cansado mas é BBBBOOOOOMMMMM!!!

Beijão

Anônimo disse...

Olha o assanhamento da moça gentem!!!

anouska disse...

eu sempre matava as aulas de educação física na escola. tem maneiras mais prazerosas de se gastar calorias...e competição também não é comigo. bj

Luiz Roberto Lins Almeida disse...

Só por solidariedade: fiquei de recuperação de Educação física - única matéria na minha vida. Entre jogar e namorar, eu preferia o segundo.
Mas fora isso, gosto de competição, embora ninguém perceba...