I'm Winston Wolfe. I solve problems.

sexta-feira, outubro 14, 2005

The doctor in...

Feriado de 12 de outubro. Depois de um longo período sem descanso no jornal, consigo uma folga. Teria um dia inteiro para fazer simplesmente niente. Liguei para minha mão de amigos e convoquei todos para tomar umas e dar risadas.

Era feriado. Era Dia das Crianças. O Leão Lobo estava vestido de criança na TV.

E eu estava com um ouvido tapado.

Um ouvido tapado.

Eu nunca tinha ficado com um ouvido tapado antes. Nem sabia como era a sensação de ter um ouvido tapado. Mas assim estava desde o dia anterior quando, ao sair do banho, senti o já explicitado orifício entupir e assim ficar durante todo o dia.

Não. Ninguém sabe o que é ficar meio surdo um dia inteiro dentro de uma redação de jornal. Agora eu sei. E vou recomendar para os meios melhores inimigos, podem ter certeza.

Meu pai tem isso direto. O caso dele é quase crônico. Diz o sagitariano que desde a lua de mel com minha mãe ele sofre do mal do ouvido tapado. "É como ficar com uma vareta enfiada no rabo", comparou. Bom, não posso confirmar tal analogia, pois nunca tive uma vareta enfiada no rabo. Mas digo que é como um cisco pérpetuo nos olhos.

E isso me incomodava.

Fui ao médico. Num hospital de convênio. "Vão passar um rotoruter no meu ouvido e sairei limpo daqui", imaginei. Na minha vez, o médio me examina e diz que o ouvido tá entupido de cera. E completa que preciso amolecer a dita cuja para poder voltar a ouvir.

Tóim!

Biduzão. Quase pedi para ele seis dezenas pra jogar na mega sena.

Saio ainda mais mal humorado do hospital. Acordo no feriado e o ouvido ainda está tampado. Vou reclamar com meu pai, homem prático, formado nos canaviais de Rio das Pedras e no Senai de Limeira, afeito a soluções rápidas e efetivas.

"Ó. Eu cansei de ir no otorrino e tomar água quente na orelha. Até sangue sai. Tem um jeito melhor", elucidonou-me papai. Ele continua que, num belo dia, irritado com o não funcionamento de práxi de um dos ouvidos, num lapso de desespero, enfiou a mangueira de testar hidrovácuo no pavilhão auditivo e... puf! Fez o som.

Agora uma breve explicação. Meu pai tem uma autopeça e oficina mecânica. Lá, há uma máquina composta por um motor que, ligado, gera vácuo através de uma mangueira. É utilizada para testar determinados tipos de componentes do sistema de freio automotivo. Tipo um aspirador de pó, só que menos potente. A mangueira, quando conectada e vedada, suga o ar formando uma câmara de vácuo no local desejado.

No caso dele, o ouvido.

Com a pressão exercida pelo vácuo, a camada de cera que tapava ouvido é aberta.

"Demorou. Vamo lá", senteciei, com a determinação dos que não tem nada a perder.

Fui, meti a mangueira no ouvido e liguei o motor. Plóp! Os rouxinóis gorgorejavam. Os grilos cri-cri-crizavam. A vida voltava a ter som.

Contei a peripécia a todos, que indignados ficaram. "Vai foder seu ouvido", foi o que mais ouvi. Mas ouvi.

8 comentários:

Señorita M disse...

existe alguma chance da mangueira ter deixado seqüelas no ´célebro´? :P

Nuvens de Palavras disse...

Nossa... nem digo nada sobre isso, mas que parece legal... parece!

Anônimo disse...

o problema seria se "tirasse" o cérebro!!!!

anouska disse...

na boa, seu pai devia mais é patentear esse troço. já pensou se algum japonês ouve falar disso e sai na frente? vai ter que pagar roiálti pros japinhas quando juntar cera de novo...abraço

Anônimo disse...

caramba q bizarro eu acordei com esse mesmo problema e to há uns 3 dias assim, devo ir no médico hoje, eh sinistro isso! me adiciona no msn:loser51@gmail.com

Anônimo disse...

esse pobres hippies!
argh!

Biajoni

Luiz Roberto Lins Almeida disse...

hahah. História quase fantástica!
muito bizarro.

djogo disse...

Caaara

onde fica o "consultorio" do seu pai?? estou neste momento com o ouvido esquerdo repleto de cera e, como voce, fui instruido a aguentar dois dias e ir amolecendo a cera enquanto isso...

pior e' que eu esqueco da minha triste condicao e ja' dei vinte pancadas no telefone, julgando-o quebrado, quando na verdade eu e' que atendi com o ouvido ruim.

acho que perder um olho nao deve ser tao terrivel.