I'm Winston Wolfe. I solve problems.

sexta-feira, junho 24, 2005

Ghost writer

O Dênis é o cara. E é meu amigo. E amigo de mais uma porrada de gente. E escreve bem pra caráleo. Felizmente, preferiu fazer carreira como gestor de negócios internacionais e ficar podre de rico a entrar para o mundo da comunicação e vender o almoço pra comprar a janta. Ele nos brinda com essa pedrada de auto-crítica. Espero que apreciem.

"Ando muito intrigado com várias coisas nesses últimos meses, fato que se acentuou demais nos últimos dias. O fato de se achar azeite num recipiente cheio de vinagre não é a melhor sensação do mundo. Com isso comecei a questionar várias coisas que estão acontecendo no meu cotidiano, numa preocupação bem mesquinha mesmo, na qual eu fiquei avaliando todos e tudo aquilo que estão ao meu redor. É claro, estou velho! Eu que não me enquadro e nitidamente estou ficando pra titio, encalhado, enfim, estou sobrando.
Certas atitudes e até mesmo a maneira que muitas pessoas levam a vida me causam espécie pelo simples fato de não serem poucas as pessoas que agem assim. Poderia classificá-los, mas além de pouco polido, deve dar azar nomear coisas grotescas, não vou me arriscar.
Mas eles são mesquinhos, uma das características mais latentes é a paixão por carros. O mais incrível que essa paixão abrange carros de beleza e potência, no mínimo questionáveis. Como alguém de razoável inteligência pode achar, por exemplo, um Omega 92 ou um Voyage 89, rebaixado e com o indispensável insulfilm, umas das maravilhas do mundo? Confesso que falar sobre carros está longe de ser o meu passatempo predileto e isso pode contribuir com essa birra que tenho com relação a esse assunto, mas idolatrar carros velhos e passar horas falando sobre o mesmo assunto é irritante. Ah, em tempo, não tenho nada contra Omegas, voyages ou qualquer outro tipo de carro, pode até ser que eles já tiveram os eu tempo de glória, mas venhamos e convenhamos. Isso, sem contar outro assunto no qual sou leigo com o maior orgulho, que é som automotivo. Não sei quanto de potência é necessário pra ter um som "da hora" ou quanto de grave devo deixar no carro para ser um cara que "entende" de som. Aliás, aí está um enigma que me intriga, já que para mim está cabalmente comprovado que a potência de som é inversamente proporcional ao bom gosto da música executada no carro.
Entender ou não de música, isso sim tem o dom me tirar do sério. Ter o meu gosto musical colocado em xeque faz com que eu tenha acessos de azia. Ter que aturar comentários que defendem o Bruno, parceiro do Marrone, como melhor cantor do país e outras sandices do gênero, me deixam desolado e preocupado com o rumo da nossa cultura popular. O fato de ser popular em hipótese alguma pode significar que ela necessariamente tem que ser ruim. Mas é isso o que acontece. Plagiando Luiz Fernando Veríssimo, não compre nenhum cd que tenha cinco ou mais pessoas na capa ou que tenha vendido mais de um milhão de cópias.
Mas voltando ao Bruno, o fato de eu não concordar e, mais do que isso, achar que ele está longe de ser um bom cantor, faz com que eu seja taxado de metido e que tenho um gosto esquisito pra música.
Intelectualóide, ranzinza, presunçoso que exala soberba, mas limpinho! Soy Yo! Como adoro dizer: "Tô cagando e andando!"
"Nossa, como você se acha!" - eu já ouvi isso diversas vezes, mas nunca concordei. Acredito que mesmo não me “achando”, não trocaria a minha linha de raciocínio por essa vigente na maioria por nada. Por que acordar na segunda-feira preocupado com a balada de sexta, ou de quinta? Estou ficando velho ou minha mãe tem razão quando diz que eu nasci na época errada? Segundo D.Rúbia, eu adoraria viver na década de 60 ou 70. Será?
Voltando às característica dessas nova "tribo urbana", a necessidade de se enquadrar à essa tendência besta e pobre que estamos sujeito hoje me deixa intrigado e não tão certo de materializar um desejo que tenho desde sempre, que é ser pai. Como será o futuro? Meus filhos serão iguais a isso que forma a sociedade hoje? Dizem que ter filho é dar um voto de confiança no mundo e na sociedade e esse meu voto eles não fazem o mínimo para merecer.
Para piorar, essa minha chatice precoce, essa postura ranzinza que cada vez menos faço questão de implicitar, está gerando ressonância na minha vida afetiva. Como se encantar por alguém que tem tudo para me irritar. Excetuando o lado físico, já que belas mulheres não faltam e o fato de eu não ser nenhum modelo insofismável de beleza, o que já deixa o meu padrão de exigência em níveis bem maleáveis, conseguir se divertir com uma boa conversa, sem nenhum compromisso com o instrutivo ou o lúdico, somente com o bem-estar, uma conversa de horas, sem rumo, sem limite estipulado, ou seja, um bom e velho bate-papo, é artigo de rara dificuldade de se conseguir.
Bem, pelo menos estou bem no meu novo emprego e o chefe gosta de mim, ele já me chamou até pra ir à zona e não esquentar com dinheiro, isso o caixa 2 garante, mas só irei se for pra fazer um "social", mesmo porque não vai ser lá que eu vou conseguir essas conversas agradáveis com o sexo oposto.
Pelo jeito é se concentrar no trabalho e crescer o tanto que o meu potencial e as oportunidades permitirem, o que, na visão do presunçoso aqui, não é pouco. Enfim, nem tudo é tristeza, aliás, mesmo com todo esse meu murmúrio, considero-me e sou considerado, uma pessoa de alto astral, aprendi a tomar conhaque e a fumar cachimbo, tenho amigos fantásticos, com ótimo senso de humor, o Rolling Stones voltarão ao Brasil em janeiro e várias outras coisas que, se não têm a mínima importância para a galera que adora o McDonalds e Nike Shox (nem sei a grafia correta), eu me contento com elas. Pra ficar bem legal mesmo, poderiam acontecer dois fatos que me deixariam com sorrisos Telettubicos na face: encontrar essa mulher para conversar de uma maneira que eu me divirta (se tiver peitão, juro que não vou reclamar) e o Parreira parar de insistir com o Lucio e o Roque Junior na seleção. Porra Parreira, ta me zoando???"

E ele não sabe que eu botei isso no ar ainda...

2 comentários:

João M disse...

O Lúcio é univitelino do maníaco do parque, já repararam?

www.nababu.org

Luiz Roberto Lins Almeida disse...

Pois então. Concordo. esse tal denis escreve mto. desde já sou leitor do futuro blog que ele venha a criar.