I'm Winston Wolfe. I solve problems.

segunda-feira, junho 27, 2005

Jornalismo

Jornalismo é uma tentação para a pena. Todo mundo gosta de dar pitacos sobre o tema, é incrível. O único livro que li até hoje sobre o tema foi o tal do "Showrnalismo: a Notícia Como Espetáculo", do José Arbex Jr. Coisas da faculdade, tipo ficha de leitura obrigatória. E ficava ouvindo os professores e alguns camaradas - considerados por todos os mais promissores na profissão - babando azul para o Arbex Jr., o Dines ("Viram ele descendo o pau na Veja? O Observatório da Imprensa é o único programa que assisto na TV, de longe o melhor", punhetavam, dentes arreganhados), e até o Barcellos ("Cara corajoso, não? Isso que é repórter, arriscou a vida pra denunciar a Rota", gozavam as Pollyanas).

Eu ficava puto com isso, porque não conseguia achar a menor serventia para esses caras. Ficavam discorrendo sobre o que pensavam saber, se vangloriando secretamente por terem nossa idade de carreira jornalística e agora escreviam toneladas de porcarias para que ficassemos pagando pau para os seus feitos.

Me sentia um tremendo otário quando a conversa debandava da última capa da Playboy para o último livro do Kotscho. A coisa se tornava realmente nojenta, porque percebia que meus colegas se levavam bem a sério, faziam planos de enviar currículos para a Globo, fazer os cursos de jornalismo da Folha, do Estado, da Abril, pra tramparem como estagiários praticamente de graça e, com sorte, tentar uma vaga como aulixiar de alguma editoria insignificante, e coisas assim.

Então me considerava mais otário ainda, porque não tinha essa aspirações. Não queria ser como esses "escritores", gente que deveria ter vergonha de falar sobre uma coisa tão abstrata quanto o jornalismo e o faz de maneira tão arrogante, tão cheia de propriedade, como se tivesse mesmo criado o dito cujo. Mas estava cercado de gente que conhecia cada linha de "Castelo de Âmbar", do Mino Carta.

Hoje, quatro anos depois do meu debut no jornalismo, vejo o quanto foi bom ter cagado para isso tudo. No moedor de carne que é a imprensa diária, só ficam os carnes-de-pescoço, que devem se valer muito mais de astúcia, instinto e sagacidade que da biblioteca de entendidos no babado que formaram durante os anos de faculdade. E notícias me dão conta que aqueles velhos trutas, admiradores nervosos desses grandes cânones do nosso jornalismo, hoje batalham por bicos em assessorias de imprensa, publicações que não pagam nada ou simplesmente desistiram da guerra logo na primeira batalha.

Então, como diria o epistolar Bob Jeffe, pode pegar esse monte de livro e arquivar LÁ.

5 comentários:

Anônimo disse...

Brigatti, sem palavras. Você definiu ipsis litteris como é meu curso de Jornalismo e a esmagadora maioria (hum, existe esmagadora minoria? rs) dos alunos.
Fora que definir a imprensa diária como moedor de carne, simplesmente deveria virar verbete na wikipedia! rs
É isso...enquanto 90% das meninas no curso são aspirantes a Patrícias Poetas, Fátimas Bernardes ou Erikas Palominos, uma minoria tem a consciência de que o buraco é muito, mas muito mais embaixo mesmo.

Anônimo disse...

Brigatti, sem palavras. Você definiu ipsis litteris como é meu curso de Jornalismo e a esmagadora maioria (hum, existe esmagadora minoria? rs) dos alunos.
Fora que definir a imprensa diária como moedor de carne, simplesmente deveria virar verbete na wikipedia! rs
É isso...enquanto 90% das meninas no curso são aspirantes a Patrícias Poetas, Fátimas Bernardes ou Erikas Palominos, uma minoria tem a consciência de que o buraco é muito, mas muito mais embaixo mesmo.

ps: tentando pela terceira e última ez...eita que tá difícil a bagaça! rs
É que este sistema do Blogspot não funciona às vezes...

Biajoni disse...

mandou bem, guguinha.

appothekaryum disse...

Discordo de você.

Mas eu acabei de passar para o segundo periodo, onde 90% da minha turma são publicitarios, e eu só to fazendo jornalismo pra não sair com diploma de letras... então... o que eu sei né?

Luiz Roberto Lins Almeida disse...

Nossa, falar mal do Arbex é quase um crime. As perguntas que ele faz na Caros Amigos são supernarcisistas e nunca acrescentam mto.