I'm Winston Wolfe. I solve problems.

domingo, junho 10, 2007

De festa de peão e leis que não funcionam ou dois pesos e duas medidas





    Americana, como qualquer outra cidade de interior, sofre com um problema histórico crônico. A falta de opções de entretenimento noturno para quem tem menos de 50 anos. Ou, mais precisamente, para quem gosta de diversão com alguns decibéis acima do permitido. E permissão é o mínimo necessário para fazer acontecer o que se pretende. Muito difícil? Vamos simplificar então: a cidade não tem um filhodaputa de um lugar para se ouvir música ao vivo depois que sol se põe – ou antes até, sejamos francos.

    A cidade é governada pelo prefeito Erich Hetzl Júnior (PDT), sujeito de pulso fraco e que ergue a voz apenas contra profissionais de mídia que estão alí par fazer o que são pagos para fazer – confesso que votei nele e, se pudesse, pediria meu voto de volta de tanto arrependimento. Mas a culpa não é exclusiva dele. Há coisa de uma década Americana não possui vida noturna no que toca a música ao vivo. Descartamos aí os barzinhos que cedem um canto para crooners de Djavan e Milton Nascimento, com seu violõezinhos e vozes em falsete que não fazem mal a ninguém. Estou me referindo à música movida a baixo, guitarra e bateria. Estou me dirigindo a quem não tem pena dos tímpanos e é ligado no 220, que curte um bom rock´n´roll e congêneres e sabe que estes não podem ser apreciados se o volume estiver abaixo do 10.

    Mas em Americana isso não existe. É proibido. De bares a festas, nada pode incomodar a vizinhança, que tem o direito de descansar em silêncio total e absoluto. E não adianta vedar as saídas de som, porque as reclamações recairão sobre o movimento que se forma ao redor do lugar – carros congestionando o trânsito, molecada falando alto, sujeira formada por garrafas, latas e copos descartados nas sarjetas pelos freqüentadores. Tudo, enfim, feito para impossibilitar ao máximo a construção de uma cena noturna na cidade.

    Em cinco anos, pelo menos três bares baixaram suas portas e uma dezena de festas foram impedidas de acontecer por força da prefeitura, que não hesita em dificultar ou não fornecer alvarás de funcionamento ou mesmo fechar estabelecimentos na primeira reclamação. A vizinhança, claro, tem o direito de descansar em silêncio total e absoluto. Entretanto, a coisa muda de figura uma vez por ano, quando acontece a Festa do Peão Boiadeiro de Americana. Então, tudo é permitido. Para o CCA (Clube dos Cavaleiros de Americana), organizador do evento, nada é negado. Pelo contrário.



    O recinto onde acontece a festa fica do outro lado da cidade. Numa região esquecida pelo poder público, abandonada à própria sorte desde sua criação, mas que recebe a atenção da municipalidade quando é tempo de rodeio. Afinal, gente de todo o Estado passa por lá e a última coisa que se quer são turistas com má impressão do governo municipal. Neste ano, por exemplo, as ruas que dão acesso à festa foram pavimentadas - numa região onde asfalto é uma realidade muito distante, é preciso agradecer ao CCA, não?

    Nas noites de festa, a Rodovia Anhangüera e suas vias de acesso ficam intransitáveis. Os congestionamentos nababescos se estendem por quilômetros, obrigando o incauto motorista, que está apenas de passagem pelo trecho, a esperar quantas horas forem necessárias, porque nada pode ser feito. Os acostamentos deixam de existir, tomados de vendedores e carros de gente que se cansou de esperar e resolveu ir a pé.

    A polícia? Ah, sim, a polícia em peso está dentro do recinto da festa para garantir a segurança dos freqüentadores. E quem está garantindo a minha segurança fora dali? Claro que a corporação afirma não haver problemas, pois o número dos que ficaram na cidade é suficiente. Nesse caso, podem demitir os outros, já que não fazem falta, correto? E por que a polícia, que é um órgão público, está fazendo a segurança de um evento particular? A festa que se vire com sua própria segurança. Eu, como contribuinte, não tenho que pagar por isso através da polícia que ajudo a sustentar com meus impostos.

    Entre uma semana e outra de festa há o desfile dos cavaleiros. Dezenas de cavaleiros pegam seu, hã, cavalos e saem às ruas para mostras seus... cavalos. Se a população se incomoda tanto com a sujeira que é feita nos arredores dos bares de música ao vivo, certamente não deve gostar de sentir o cheiro de estrume fresco que paira no ar da cidade durante e depois do cortejo.


    O recinto, por sinal, é aberto e distante quilômetros do centro da cidade. Entretanto, é possível ouvir perfeitamente todo os shows musicais que acontecem toda as noites, normalmente após às 22h. Onde está, pergunto eu, a lei do silêncio que faz fechar bares de música ao vivo ou impedir que festas aconteçam? Dois pesos, duas medidas, é isso? Ou será que ninguém reclama?

    É claro que reclama. Basta um pouco de bom senso e conhecimento histórico. As primeiras festas de peão de Americana aconteciam no Centro da cidade. Foi preciso um prefeito de pulso – o finado Waldemar Tebaldi, de quem Erich herdou a cidade após sua morte (e só a cidade, não o pulso) – para peitar o CCA e os mandar para qualquer outro lugar. Agora, mesmo distante do Centro da cidade, mas ainda assim no meio de um bairro residencial, a festa continua a causar os mesmos problemas que fecham os bares de música ao vivo. Ou será que quem mora na periferia da periferia não tem o direito de descansar em silêncio total e absoluto? Até nisso seus moradores são excluídos?

    Não sou contra a Festa do Peão de Americana ou seus freqüentadores, nem tenho nada contra seus organizadores. Mas é preciso justiça. Pau que bate em Chico, bate em Francisco, diria meu irmão. Ou estou errado?

sábado, junho 09, 2007

Personalidade

Estilo é tudo para um artista. E um estilo próprio deriva de uma personalidade definida, marcante, honesta e, logo, única. Na música pop poucos conseguem se equilibrar na linha que separa a personalidade da mediocridade. Uma banda pode mudar seu som de um disco para o outro sem parecer forçado; ou pode fazer sempre a mesma coisa e soar sempre diferente e genial. Dois lançamentos ilustram bem a questão. Era Vulgaris, do Queens of the Stone Age e Minutes to Midnight, do Linkin Park, lideram há algum tempo as listas de downloads. Então baixe, ouça e depois volte.

O QOTSA pertence ao seleto rol de bandas que bastam poucos acordes para serem reconhecidas. Liderado por Josh Homme - único membro fixo em todas as formações - o grupo segue firme como um legítimo representante do rock de macho, daqueles feito para se ouvir no volume máximo e incomodar toda a vizinhança. Não é para ouvidos sensíveis, não é para tocar no rádio ou na novela, mas serve bem como trilha sonora para competições de demolicar.
Assim como seus antecessores, Era Vulgaris é facilmente reconhecível. Porque tem, acima de tudo, personalidade. E estilo. Se mantêm coerente do começo ao fim, levando o ouvinte mais experiente a concluir que, sim, ele lembra os outros três discos do QOTSA. Sua canções poderiam, sim, estar inclusas nos outros. Poderiam, mas Homme sabe o que faz. Era Vulgaris é mais uma etapa da cruzada do músico em injetar um pouco de barulho decente no cenário pop. E o faz sem exageros, com classe, na medida certa.

O oposto ocorre com o Linkin Park. Minutes to Midnight não tem um terço da força e originalidade que o disco de estréia da banda, Hybrid Theory, carregava e ajudou a popularizar o grupo fazendo do nu-metal um máquina de ganhar dinheiro. Agora, o LP soa... emo. Seu peso é tão falso quanto o de um Fall Out Boy, e as letras lamuriosas ficariam perfeitas no último do Good Charlotte ou mesmo do Evanescence. A pegada rap, exaustivamente copiada por um sem número de outros garotos, não segura mais a onda - pelo contrário, mostra-se monótona e previsível.
É aí que o LP peca, ao abandonar um estilo que criou - e que era legal - em razão da grana. Se tivesse ousado e ido por um caminho oposto, até renegando seu estilo, manteria pelo menos sua personalidade. Apenas “Bleed it Out”, com seus meros 2 minutos, salva Minutes to Midnight do marasmo. Muito pouco para quem foi referência para boa parte da produção mainstream dos anos 00.

Claro que Era Vulgaris vai vender bem menos que Minutes to Midnight. Estamos falando de dois produtos com propostas diferente para públicos diferentes. Mas se você puder escolher, fique com quem tem mais estilo e personalidade e queime um disquinho com o primeiro.





    quarta-feira, junho 06, 2007

    Cine pop

    A cultura pop e tudo o que a envolve possui duas características essenciais. A primeira, é a valorização da imagem, da plástica, daquilo que envolve as coisas - sejam elas para os olhos, ouvidos ou mãos. A segunda é o curto prazo de validade e conseqüente descartabilidade dos seus produtos. No cinema, o exemplo mais bem acabado de obra pop acaba de chegar as locadoras após passagem tímida e relâmpago pelas salas brasileiras. "O Homem Duplo", de Richard Linklater, com Keanu Reeves, Robert Downey Jr., Winona Ryder e Woody Harrelson, é a mais perfeita tradução para o termo.

    O filme passou pela Mostra São Paulo de Cinema em outubro do ano passado - depois, se não me falha a memória, deve ter ficado mísera semana numa única sala de shoppings centers. Talvez pelo fato da obra lidar com elementos considerados inteligentes ou ousados demais para o grande público, passou despercebida e chega agora em DVD. Baseado no romance "A Scanner Darkly", de Philip K. Dick (o mesmo de "Minority Report", "Blade Runner" e "O Vingador do Futuro", apenas para ficar nas adaptações para o cinema), o filme se ergue no tripé drogas-paranóia-autoritarismo com certo exercício de futurologia presente na maioria dos livros do autor.


    Mas quem se importa de fato com o roteiro ou o desenrolar das história quando o que se vê é um espetáculo de imagens geradas com tecnologia de ponta? "O Homem Duplo" segue a mesma linha de "Sin City" e "300", verdadeiros deleites visuais que deixam a história para segundo plano. A técnica utilizada é a chamada de rotoscopia, que é conseguida através da captação da imagem dos atores reais que depois recebem tratamento de animação tipo aquarela. Não há nada de errado nisso, cinema não é feito só de grandes moendas de cérebros. E em se tratando de uma obra indubtavelmente pop, não se pode esperar nada além.


    Não que a história do agente da polícia que é escalado para vigiar a si mesmo seja rasa. Pelo contrário, ainda mais se considerado o contexto que foi escrita - na década de 70, quando Dick compôs o livro, os EUA estavam sobre a sombra de Nixon e sua cruzada santa contra as drogas, alimentado pelo clima da paranóia da deleção do "seu vizinho pode ser um perigoso traficante que vai viciar seu filhos". Substitua as drogas pelo terrorismo de Bush e o painel será o mesmo. Porém, nada que já não tenha sido feito, o que se não tira o pioneirismo de Dick, o coloca no mesmo balaio para os menos informados - e como estamos falando de cinema e cultura pop, a coisa é inevitável.


    Apesar do desfecho interessante e algo no future, o filme especialmente por sequências de diálogos inúteis. Entenda, não são diálogos psicóticos - estes existem e cabem à trama - mas conversas que saem do nada e chegam a lugar algum, servindo apenas para prolongar a trama ou causarem um leve riso de canto de boca. Talvez se suprimidas, poupariam as quase 350 horas que cada minuto de filme levou para ser animado.


    Por isso, "O Homem Duplo" pode ser uma das maiores viagens visuais da sua vida, uma experiência sem igual, mas que não acrescenta nada como obra cinematográfica de fato. Daria um belo videoclipe.




      terça-feira, maio 29, 2007

      Coisinhas

        • A Fergie cantando o clássico do Heart "Barracuda", na trilha sonora do "Shrek Terceiro", é cópia melhorada e muito mais interessante do vocalista do Rush, Geddy Lee. Baixem, ouçam e curtam.
        • O Ina tá na Rolling Stone deste mês, com direito a abre de página sobre o DVD do Pato Fu. Se tudo der certo, ele vira editor-chefe e me chama pra escrever lá.
        • Livro novo do Bia em breve na parada. De partir o coração-melão do mais bruto dos sertanejos. Prova que a paternidade faz um bem danado.
        • O fiadaputa do Galvão cometeu novamente um post que me valeu uma repreensão de toda a redação tamanho o ataque de risos que tive.
        • Não conheço nada que me deixe tão de pau duro quanto "No Pussy Blues", do Grinderman. Cave parou de chorar e fez a música mais tesuda do mundo. Para ouvir a dois e bêbado(s).

      sexta-feira, maio 25, 2007

      Pensamento de chuveiro


        Quando apresentou-se nua e crua,
        ninguém reclamou a verdade

      quinta-feira, maio 24, 2007

      Fase



        A vida de uma boa banda passa por fases. Algumas boas - normalmente o início - outras ruins - do meio para o fim. Para fãs, admiradores ou mesmo aqueles que se dispõe a olhá-las como algo além da simples expressão de egos inflamados, é comum ter suas preferências. E dentro de uma preferência por uma fase, é normal que se admire mais uma ou outra canção em detrimento de outras do mesmo balaio. Comigo é assim com os Rolling Stones.

        "Wild Horses" é considerada a balada mor dos Rolling Stones. Difícil encontrar quem não a tenha entre as 10 mais para embalar fossas ou rodar a esmo pela cidade remoendo alguma dorzinha-de-cotovelo. Ela faz parte de Sticky Fingers (1971), o segundo de uma quadrilogia de discos em tudo perfeitos - e não sou só eu que acho. É trilha sonora de grandes filmes, como "Adaptação", e idiotices legais, como "Ligado em Você". De tão emblemática, ganhou um novo videoclipe, desses classudos em preto-e-branco e tal. De tão legal, um monte de gente fez suas próprias versões, e até em propaganda de enlatado foi usada.

        Mas eu simplesmente não consigo gostar dela.

        Nada pessoal. Ou melhor, tudo pessoal. Ouço Mick Jagger cantando que "cavalos selvagens não conseguiriam me tirar daqui" e penso "porra, sempre morei na cidade. O que diabos cavalos têm a ver comigo?". É isso que sinto. Quer dizer, não sinto. Não sinto nada. Balanço a cabeça concordando com o ritmo, apenas esperando pela próxima faixa. Nunca cravei um repeat nela como costumo fazer com aquilo que de fato me cala fundo.

        E isso às vezes me incomoda. Se gosto dos Stones, em especial a parte que importa - e nela "Wild Horses" está invariavelmente inclusa - não deveria apreciar a referida balada também? O dedilhar de violões de Richards me remete a uma paisagem campestre e árida, da qual compartilho apenas a segunda parte. O que Jagger canta pra mim não faz o menor sentido. Não extraio dalí nenhum tipo de sentimento, nenhum recordação, nenhuma metáfora, nada.

        Se uma boa canção precisa pelo menos te fazer parar o que está fazendo para ouví-la com mais cuidado, definitivamente não é o caso de "Wild Horses". Para mim, "Out of Tears", do irregular Voodoo Lounge (1994), é que tem esse poder. O simples ouvir do piano inicial me traz uma enxurrada de recordações, arrepia os pêlos do antebraço e me faz querer cantar junto e dedilhar um air guitar.

        Só que "Out of Tears" faz parte de uma outra fase stoniana. Diferente de "Wild Horses", que marca o ápice criativo e revolucionário dos Stones, minha balada preferida remete ao tempo em que Jagger e cia. se transformaram numa empresa bem consolidada dentro do showbusiness disposta a tudo para faturar qualquer trocado. Logo, é decente e recomendável gostar de "Wild Horses", citá-la como preferida dentro do seu gênero, saber tirá-la numa roda de camaradas ou mesmo saber cantar seu refrão. Já "Tears" pertence ao rol de canções que se prefere esquecer não por serem ruins, mas por lembrarem de um tempo onde seus autores perderam o respeito por si mesmos. Logo, pega mal gostar dela ou até mesmo dizer que, ah, tem uma levada bonita.

        É estranho concluir isso. Por admirar demais determinada fase de uma banda - até com certa razão - acaba-se por abrir mão de gostar do que ela faz depois disso. Rotula-se a música que esse grupo faz entre antes e depois. "Ah, agora eles são uma farsa. Antes, sim, era bom", destacam. Claro, não dá pra comparar Beggar´s Banquet com Dirty Work. Mas mesmo dentro do segundo, que é estupidamente inferior em todos os sentidos ao primeiro, existem bons momentos. Momentos que acabam sendo desconsiderados pelo todo que a obra representa dentro de uma lógica que divide uma discografia em fases.

        Apreciar um grupo por fases é uma maneira de se manter acomodado e limitar o gozo do que realmente importa, no caso, a música. Esteja ela num clássico revolucionário sessentista ou numa peça feita para faturar com anúncios de carro.


          quarta-feira, maio 23, 2007

          Vestibular na catraca


            Você é estudante? E tem a famigerada carteirinha que comprova sua situação? Se sim, é certo que costuma fazer uso dela para pagar meia-entrada onde quer que vá. E, claro, você adora isso - e quem não gosta de economizar uns trocados para a pipoca e o refrigerante enquanto assiste a "Duro de Matar" ou "Rambo"? Pois é, mas a mamata está para acabar.

            Quem acompanha os cadernos de cultura deve saber que começou um movimento de empresas de entretenimento - especialmente salas de cinema - para endurecer a aprovação do benefício da meia-entrada. Segundo eles, há muito marmanjo picareta que forja carteirinha para aproveitar o desconto. Por isso, são obrigados a aumentar o preço dos bilhetes inteiros - o mesmo vale para shows, teatros, festas de peão, e congêneres.

            Os que se dizem prejudicados defendem regras mais rígidas para dar meia-entrada. Desde apresentar boleto pago da última mensalidade até um boletim cheio de 10 mostrando que o sujeito é sim, um bom aluno e não apenas um turista. Para mim, tudo isso não passa de maldade. Maldade e leviandade, intriga da oposição. Querem dificultar o acesso a cultura dos pobres estudantes, essa grande nação de famélicos por conhecimento. Perseguição, isso sim. Onde já se viu duvidar que uma pessoa seja de fato um esforçado e esfolado acadêmico? Porque se tem uma coisa eu ninguém gosta ou se orgulha é de estudar, vamos ser sinceros. Então qual o motivo de algum mentir que frequenta a escola, e mais, mandar falsificar uma carteirinha que comprova a situação? Custo a acreditar que seja apenas para espoliar a indústria do entretenimento e chancelar a Lei de Gerson.

            Penso, sim, que eles - se de fato existem - os falsificadores, querem é se sentir inclusos no meio estudantil. É gente que não teve oportunidade de freqüentar os bancos escolares e por isso, através da confecção de uma carteirinha falsa, pode pelo menos sentir o gostinho de se apresentar como estudante. E uma das únicas benesses de estudar é poder pagar menos para ter acesso a cultura, informação e conhecimento. Vai dizer que, além dos supracitados no primeiro parágrafo, filmes como "Homem-Aranha 3" não agregam valor? Ou "Harry Potter"? Ou "Todo Mundo em Pânico"? Tais obras são os que mais atratem estudantes, pode checar - todos sedentos por absorver cada gota dos diálogos inteligentes, do roteiro bem costurado e desafiador, da história original, do embate de idéias que se desenrola na tela, enfim.

            Os estudantes - esse povo mal entendido e subestimado pelos donos do poder que regem as avassaladoras engrenagens do sistema - querem e merecem ter acesso a alta cultura proporcionada por Hollywood. Suas vidas serão certamente mais vazias se forem impedidos de saborear esse manjar de altruísmo e bem-aventurança que são os blockbusters feitos em Los Angeles. Oh, sim, não há dúvida.

            Por isso, vida longa à carteirinha. Que cada vez mais gente tenha acesso a esse bem que, além de permitir o afortunamento cultural das massas que regerão nosso país no futuro, são também grandes instrumentos de inclusão social. Quanto ao dinheiro economizado, é certo que terá um destino tão nobre quando são as intenções dos conspícuos estudantes - sim, rejeito totalmente a idéia que gastarão seus suados e preciosos reais em atividades mundanas e nada enriquecedoras intelectuais. Porque são estudante, ora. E merecem todo nosso crédito, não?

          segunda-feira, maio 21, 2007

          Give my money back


            Há um tempo atrás, coisa de cinco, seis anos, o único meio de encontrar música pela rede era através de compartilhadores de arquivo. Filhos do Napster, sempre tiveram um grave problema: a dependência de outro usuários. Era necessário - e ainda o é - estar conectado com outra pessoa que permita a você pegar as músicas dela. Pior é a diferença de velocidade de conexão, que aumentava as chances da rede "cair" e a transferência de dados ser interrompida. Não eram raros os CDs queimados faltando uma ou outra canção. Uma merda, enfim.

            Então esqueça essas problemáticas e se jogue nas solucionáticas aqui ao lado, na nova seção Baixaria. Nela, listo alguns bons blogs para encontrar todo tipo de música. Do andergráundi ao meinstrêim, de novidades a raridades, não tem erro. Aconselho uma ronda diária por cada um. Para quem já é escolado na coisa, nenhum deles será novidade. Para os fiotões, é um bom começo.

          Sim, eu fiz isso


            Em 1997 eu não perdia uma domingueira do Rio Branco. Numa época pré-Internet, o rádio e os bailes animados pelo Som do Erik eram nossa única fonte de informação a respeito de música - sacaram o drama? É, não era nada fácil ser adolescente naquela época. O pior era, no auge da ebulição hormonal que caracteriza essa fase, acabar resvalando no inevitável pedantismo típico de quem quer mostrar um conhecimento que não possuiu. E foi numa dessas domingueiras que eu protagonizei um dos momentos de maior constrangimento da minha curta existência.

            Estava então eu, trajando meu jeans acima do umbigo, camisa por dentro e um cinto - de verniz para combinar com o sapato - segurando isso tudo, quando as caixas de som gritaram algo como "Atenção! Viiiiiiiiiiideo Cliiiiiip". E do telão surgiu um grupo de cabeludos branquelos tocando a música que seria o hit daquele ano todo. Um pop tão grudento, mas tão grudento, que era possível sentir a viscosidade no ar. Era 1997 e os irmãos Hanson colocavam nas paradas "Mmmmmbop", sua única música de sucesso (uma prova da existência divina, não?). Do chão, braços cruzados, eu e alguns amigos conjecturávamos.

            - São três caras? - levantou a bola o primeiro.
            - Não, acho que são dois caras e uma menina. Tá na cara que o vocalista é uma garota - opinou um terceiro.
            - E o que você conhece de garotas? - provocou o primeiro, emendando uma risadinha
            - Mais do que você. Ou tá esquecendo daquela vez que dormi na sua casa e sua irmã... - retrucou de pronto o atacado, já se preparando para retaliação do outro, possivelmente física. Vendo que aquilo não teria fim, interrompi.
            - Eu dava uns pegas na garota da guitarra - disse, sem pensar duas vezes.
            - Ah, tá bom, você também é ridículo - falou um terceiro camarada.
            - É sério, ela é bem gatinha. E pô, toca guitarra - insisti.

            Coisa de uma semana depois, estava com os amigos de bobeira quando chega a namorada de um deles com uma Capricho na mão. Ela fica um pouco a parte do grupo e começa a ler. Não mais do que de repente, alguém do grupo grita: "Eles são homens!". Todos se viram para o sujeito, que grita novamente. "Os Hanson, pô! São três irmãos, e são homens. Olha aqui", diz, abrindo a revista e mostrando uma reportagem com o trio.

            Antes que alguém fizesse qualquer ligação com o episódio da domingueira, comecei a procurar o meio mais rápido de sair dali. Mas não deu tempo. A garota que trouxe a revista manda um "ué? E alguém achava que eles eram meninas?". Foi pouco para o bando todo se virar para o branquinho aqui e espezinhar até a alma durante meses. Dalí em diante, toda vez que tocava uma música da banda alguém sempre levantava o história. "Ah, o Gustavo já quis dar uns ´catas´ nos Hanson", gargalhavam alucinadamente, "os filhos sairiam quase transparentes de tão brancos", e mais risos histéricos. Eu, claro, rezava para que o avião do grupo caísse no meio do Oceano Atlântico e nunca mais fosse encontrado.

            Infelizmente, certas maldições do pop são eternas. Ainda hoje, 10 anos depois daquele infame comentário, é inevitável, durante encontros com os velhos companheiros, alguém lembrar do episódio. As risadas não são mais tão estridentes, mas ainda assim fica a lição. Em tempos de rapazes com sombras nos olhos e garotas de coturno, mantenho a boca fechada e os olhos bem abertos.

          sexta-feira, maio 18, 2007

          She



            She's all alone again
            Wiping the tears from her eyes
            Some days she feels like dying
            She gets so sick of crying



          quinta-feira, maio 10, 2007

          Manual de sobrevivência "indie"


            Não basta ser “indie”. É preciso participar. E como Zíper possui leitores que certamente e com prazer fazem parte dessa tribo, resolvi por bem ajudá-los num momento crucial para o “indie”: a hora do show. Sim, porque o país do carnaval recebe cada vez com mais freqüência um sem número de atrações do tipo e, vocês sabem, “indie” que é “indie” não pode ficar de fora de nenhuma.

            Por isso, aqui seguem alguns conselhos para quem for freqüentar alguma destas preciosas e seletíssimas apresentações ao vivo. Ah, e não esqueça o visual “brechó-eu-não-estou-nem-aí-porque-sou-demais”.

            • Wilco
              Não esqueça as almofadas, cobertores e sacos de dormir. Se for levar as crianças, leite quente vem a calhar
            • Sonic Youth
              Protetores auriculares são imprescindíveis antes, durante e depois da apresentação
            • Flaming Lips
              Não dispense equipamentos de segurança, principalmente capacete. Nunca se sabe quando o vocalista vai querer surfar sobre você dentro de uma bola de plástico
            • Arcade Fire
              No mínimo, duas caixas de lenço de papel. Para entrar de vez no clima, mangas bufantes e coletinhos são bem vindos
            • Radiohead
              Recomenda-se pílulas para epilepsia no auge da agonia, digo, show
            • Arctic Monkeys
              Leve dinheiro para groselha e paçoca-rolha durante o intervalo
            • Mika
              Leques, sapatos de salto plataforma e muita, mas muita alegria pra dar e vender, amiga, ui!
            • Cansei de Ser Sexy
              Qualquer edição da Ilustrada para consultar toda vez que você se perguntar “por que eu estou aqui mesmo?” ou “onde foi que eu li que isso aqui era legal?”
            • Spice Girls
              Como? Elas não são “indie”? E nem existem mais? Ops, falha nossa, desculpem, vamos retirar esse tópico
            • Yeah Yeah Yeahs
              Vide o tópico “Sonic Youth”
            • Magic Numbers
              Um bom creme para as mãos é indispensável. Você vai bater palminhas como nunca na vida
            • Wolfmother
              Escreva “deixa de ser picareta, cumpadi!” em qualquer disco do Black Sabbath da fase Ozzy Osbourne e leve junto com você. Jogue para o vocalista no início da apresentação
            • Pavement
              Tá, o grupo acabou, mas nunca se sabe. Em caso de emergência, quebre o vidro e vista sua camisetinha básica
            • Beck
              Encha os bolsos com milho para, quando ele começar a cantar, você se ajoelhar sobre os grãos e rogar pelos seus pecados “indies”. Afinal, Deus estará no palco logo a frente...

          terça-feira, maio 08, 2007

          Educação sexual


            - Pai, o que é um cabaço?

            - Pega o dicionário. Agora procura o que é hímen.

            - Tá, achei.

            - E o que está escrito?

            - Membrana que recobre a vagina.

            - É isso.

            - Só isso?

            - Só.

            - Ah...

          Spiderteens



            O Bia escreveu esse post aqui. Já vou logo dizendo que discordo. Discordo porque não se pode confundir curtição com falta de educação. Sim, educação, coisa que vem de berço, que se aprende em casa. Coisa que 90% dos espectadores daquela sessão desconheciam. Esse papo de

            "A experiência do cinema - e isso eu digo sempre nos meus cursos -, é se deixar levar pelas emoções que os filmes causam. Chorar e rir quando quiser, gritar, uivar, bater palmas, pular na cadeira. Ver um filme como Homem-Aranha 3 é como ir ao Hopi-Hari e andar na montanha-russa. Tem que ser essa experiência catártica. Até quando é cinema profundo e nos faz doer a alma."

            é furado. Quer fazer macaquice, apitar - sim, tinha um filhodaputa com um apito dentro da sala - fazer gracinha, se auto-afirmar pra namorada e os amigos, comentar o filme todo e pular na cadeira, espera sair em vídeo e faz isso na própria casa. Uma sala de cinema não é um estádio de futebol - e até nos estádio busca-se disciplina pelo bem geral. E disciplina não é cortar o barato de ninguém, é saber que o que você quer não é necessariamente o que a pessoa do seu lado quer. Concordo que, numa situação como a da pré-estréia do "Homem-Aranha 3", num cinema cercado por bairros periféricos e com entrada a R$ 10 (R$ 5 se você for estudante, ou seja, mais da metade dos presentes), o diferente era eu. Então eu que me mandasse. Pois bem, foi o que eu fiz.

            Engraçado é o Bia defender uma coisa dessa sendo que ele próprio já se levantou contra tal. Caso ele não tenha se esquecido, lembro a vez que ele foi, junto com a filha, assistir a "O Labirinto do Fauno", no Cine Paradiso, em Campinas. Um casal não parava de conversar e isso o incomodava. Antes dele tomar uma atitude, outro ocupante da sala se adiantou e deu um esporro no casal. "Isso aqui é cinema, porra!", disse o cara segundo o Bia, que concordou, engrossando a voz num "é isso mesmo".

            Corretíssimos! Agora porque "O Labirinto do Fauno" é cinema e "Homem-Aranha 3" não é? Porque num filme de ação é aceita a balbúrdia, a falta de educação, a putaria, e num filme "sério" não? Que diferença existe? Quer dizer que porque eu gosto de um filme de ação devo me acostumar com um ambiente onde sequer consigo ouvir o que os atore dizem? O cacete! Quero ir ao cinema, sentar minha bunda branca e magra na cadeira e experimentar tudo o que tenho direito sem ninguém interferir nisso.

          quinta-feira, maio 03, 2007

          Passando o rodo


            Latino, o filósofo das multidões desencontradas, um dos maiores vendedores de discos do Brasil, ícone da juventude pós-Collor, gabou-se na edição de hoje do "Diário de S. Paulo" de ter traçado 5 mil mulheres.
            Num post inacreditavelmente inspirado, o truta Léo calcula quanto tempo o Poeta das Ombreiras precisou - e precisa, obviamente, porque a essa altura o número de vítimas é maior - para conquistar tal façanha.
            Eu proponho, agora, fundarmos a OEEELENR (Organização Ei Ei Ei Latino É Nosso Rei).
            E Gene Simmons orgulha-se de ter faturado meras 2 mil. Humpft!

              quarta-feira, maio 02, 2007

              Me engana que eu gosto


                - Ah, cara, vou ficar nessa. Tô preocupado com essa barriga aqui, ó, que não para de crescer. Tá ficando foda...

                - Tu é modelo de cueca?

                - Quê?

                - É, filhão, tu ganha dinheiro mostrando a barriga?

                - Não...

                - Então dá aqui seu copo, porra... com ou sem colarinho?

              sábado, abril 28, 2007

              Se enquadra, rapá!


                Um dos melhores shows de rock que assisti até hoje aconteceu na praça de eventos do Tivoli Shopping, em 1999. Num palco improvisado, Lobão e três violões mostraram que é preciso muito pouco para fazer música de verdade. No final do set, empolgado pela platéia que o cercava e pedia bis, fechou ao seu estilo gritando, entre outros impropérios, que “A MTV é uma merda”. Na última semana, Lobão lançou seu novo disco. Um acústico. Um Acústico MTV. E isso, crianças, é uma dura e valiosa lição a ser aprendida.


                Lobão foi sem dúvida um dos artistas mais importantes de sua geração. Daquele caldo ocre oitentista, ele foi o único que não olhou pra trás e buscou se posicionar de maneira coerente, mantendo firme suas posições musicais e políticas. E pagou caro por isso. Para fazer o que bem entendia, inventou de vender disco em banca de jornal e lançou três belas e pouco ouvidas bolachas. Sempre vociferando contra as grandes gravadoras, posando de paladino dos independentes, fera incapaz de ser domada. De 1999, data de sua estréia “oficial” no mercado fonográfico underground, até a última semana, Lobão era o último dos grandes heróis do rock brasileiro. Agora, bom, já não resta nenhum.

                Ao contrário do que diz um antigo amigo de Lobão, nossos heróis não morreram de overdose. Eles venderam sua dignidade por discos de ouro e playbacks em programas de auditório. E o que mais dói no caso do velho lobo é que ele não pode ser acusado de “trair o movimento” porque jamais fez parte de um. Lutou sozinho o tempo todo, o que lhe dava crédito extra é bom ressaltar. Pior é lê-lo dando declarações estapafúrdias do tipo "o negócio melhorou" e "agora a coisa é diferente" para explicar porque aceitou fazer o programa. Melhorou o que? Diferente em que?

                É só relembrar as verborrágicas e inglórias lutas de Lobão para saber que o músico não obteve sucesso em nada do que propôs de fato. Numeração de CDs para que o artista soubesse de fato o quanto vendeu? Jamais saiu do papel. Denúncia de pagamento de jabá para as rádios pelas gravadoras? Se a prática não aumentou, também não diminuiu. Se alguma de suas batalhas tivesse vingado ele poderia, sim, discursar que voltou para o mainstream porque agora se faz merecedor de um sujeito como ele. Mas isso não aconteceu. Então alguém pode me dizer o que leva Lobão a falar bobagens tão grandes quanto essas?

                A resposta está no próprio cenário do teatro onde ele gravou seu Acústico MTV. O fundo é composto por grossas molduras de quadros. Mais metafórico e ao mesmo tempo didático impossível. Lobão foi enquadrado. Ou melhor, se deixou enquadrar pelo sistema que tanto criticou. E fez por dinheiro? Fama? Vontade de se ouvir nas FMs populares?

                Não, crianças. Fez porque finalmente entendeu que a recompensa dos verdadeiros revolucionários, transgressores e rebeldes é o reconhecimento póstumo. E se ele quer se fazer ouvir agora, se quer que sua música chegue aos ouvidos dos 90% que não são ligados no mundinho dele, é preciso ceder. É preciso crescer e entender que as coisas não são exatamente como a gente quer.

                Além de talento, é preciso inteligência pra fazer os frutos desse talento ser apreciados em seu devido tempo, e não quando já estiverem podres. A realidade, a vida, ao contrário do que prega seu primeiro disco independente, é mais amarga do que se imagina. E até um lobo precisa vestir sua pelinha de cordeiro de vez em quando se quiser sobreviver. Não há nada de errado nisso. Mas é preciso muito culhão para admitir o próprio fracasso.

                  quinta-feira, abril 26, 2007

                  Brincadeira de garoto


                    Não que eu queira ser moralista e tal, mas... a Playboy não é só para maiores de 18 anos?

                    quarta-feira, abril 18, 2007

                    Arredondando


                      Amanhã, 26 partindo para os 27. Para os chegados, baladzinha no corner de sempre. E uma música definitiva.

                      "Well, I'm just a modern guy
                      Of course, I've had it in my ear before
                      Well, I've a lust for life
                      'Cause I've a lust for life"

                    quarta-feira, abril 11, 2007

                    Decadence avec elegance




                      Amanhã do Aerosmith no Brasil - sim, São Paulo é o Brasil, o resto, pra cima de Ribeirão Preto de acordo com mestre Walter Bartels, é tudo Canadá. E tudo leva a crer a que o Morumbi estará lotado de novos e velhos fãs, todos pagando tributo para a bocarra de Steven Tyler berrando "yeah, yeah, yeah" no final de "Cryin", acendendo o celular na hora de "Crazy" e balançando as mãozinhas para o alto durante o refrão "Amazing".

                      Porque o Aerosmith é isso: um amontoado de deliciosos clichês que fazem dele um dos últimos bastiões do rock feito para ser ouvido e curtido coletivamente, de preferência num estádio lotado, durante uma apresentação com mais pirotecnia que técnica, mais emoção que música propriamente dita, mais encenação que ensaio, mais agradecimentos ensaiados na língua nativa do país onde se apresentam que palavrões espontâneos, mais pra lá do que pra cá, enfim.

                      A banda de Boston representa a decadência de um rock que definha a olhos vistos. O Aerosmith, em pleno século 21, ainda faz, por exemplo, referências ao demônio (o nome de sua turnê é Route of All Evil, mas desde sempre o grupo adora isso), coisa que nem o Iron Maiden mais tem coragem. Ainda mais quando o principal grupo da nova geração do pop rock - e queridinho da mídia - o canadense Arcade Fire, se inspira na bíblia e o que a cerca para compor seu novo disco. Nadar contra a corrente é tudo o que esses senhores parecem mais gostar de fazer.

                      Mas as novas e impúberes manadas não têm a manha se encher um estádio, é bom ressaltar. Não senhor. Se tivessem, duvido que os organizadores dos "indies" Tim Festival, Claro Q é Rock e Motomix não optariam por abrir os portões do Pacaembu ou o próprio Morumbi ao invés de suar para alcançar metade da lotação permitida no Tom Brasil ou na Arena Skol. Lotar campos de futebol é tarefa para grupos quase ou declaradamente circenses, que levantam platéias de todas as idades com canções feitas especialmente para tais espaços.

                      O Velvet Revolver, banda que abre o show, segue nessa pista aberta pelo pai do hard rock, o Led Zeppelin. Graças a este, espetáculo de rock que se preze não recebe menos que 50 mil pessoas. Foi assim com o Queen também, outro membro da classe que fez sua parte em concertos para, fácil, 100 mil cabeças.

                      Além da quantidade de gente, é preciso também agüentar o tranco por, no mínimo, um par de horas. Novamente isso é tarefa para esse bando de degenerados, velho caquéticos, que na casa dos 60, levam 20, 30 anos de hits nas costas como se fosse a primeira vez. Peça para os Strokes fazerem mais que uma hora e meia de show para ver o que acontece. Ou os pivetes do Arctic Monkeys. Para eles, essa porrada de festivais europeus onde só precisam tocar meia dúzia de músicas - ops, mas aí é o repertório inteiro! - são perfeitos. Vão lá, tocam suas guitarrinhas e correm pro telefone ligar para os pais e avisar que foi tudo bem (ou para o quarto chorar e escrever seus diários, no caso dos emos...).

                      O Aerosmith é um dos últimos representantes de algo que marcou no mínimo duas gerações. Não apenas musicalmente, mas em âmbitos maiores principalmente no que toca ao fazer shows. Formações como as de Tyler e Perry, Kiss e Queen, além de cantores solos como Bruce Springsteen, inauguraram o conceito hoje cada dia menos viável dos suntuosos espetáculos de música, com toneladas de efeitos visuais e sonoros, duração superior a duas horas e meia e muita, muita disposição sob o palco. São a definição perfeita de dinossauros do rock, apenas esperando sua hora chegar. Mas enquanto ela não chega, continuarão a fazer o que sempre fizeram. E isso é muito bom.

                        segunda-feira, abril 09, 2007

                        O diabo veste Armani


                        Longe demais da capital para acompanhar os lançamentos de bons títulos do cinema internacional off Hollywood, pude finalmente assistir em DVD, neste final de semana, o ótimo "O Crocodilo". A obra, da cineasta italiana Ninna Moretti, não à toa, foi muito bem avaliada em Cannes. Mais do que um exercício de metalinguagem - posto se tratar de um filme sobre a dificuldade de se fazer um filme - traz uma reflexão interessante sobre a onipresente figura de Silvio Berlusconi nas últimas três décadas na Itália e a total ausência de produções sobre ele.

                        Em "O Crocodilo", um falido produtor de filmes B se vê as voltas com uma jovem e inexperiente diretora louca para falar sobre o então presidente italiano. Mostra-se então a luta por recursos, a recusa de grandes companhias em patrocinar uma obra desabonadora para um dos homens mais poderosos do país, atores mais preocupados em fazer comédias que um filme de denúncia social e política, enfim. Tudo muito bem dirigido, cheio de tiradas engraçadas e passagens inspiradoras, sobretudo quando foca a relação do produtor com seus filhos e a iminente desintegração de seu casamento. É italiano e é lindo de morrer - o filme, não o produtor.

                        Mas a passagem que mais chama a atenção ocorre quando a dupla - produtor e diretora - tenta convencer um ator a interpretar Berlusconi. "Os Estados Unidos tem um monte de filmes sobre seus presidentes. Porque nós não temos?", pergunta a garota, recebendo como resposta do ator "o que você quer mostrar de Berlusconi que ninguém saiba? Todos sabem tudo sobre ele, não há o que mostrar mais". Como não há o que falar sobre um mandatário como Berlusco? Ele mesmo dá a pista. Durante um trecho real de programa de TV, ele discursa para líderes europeus dizendo que a maior parte das emissoras e jornais da Itália são, sim, seus e de sua família, mas são justamente seus maiores opositores, os que mais o atacam. Claro, o velho provérbio: mantenha seus amigos perto de você, e os inimigos, mais perto ainda. Numa cena ilustrada do filme, o presidente italiano conversa com o editor de um jornal, que afirmar ser um prazer falar mal dele. Este diz que acabou de comprar o diário, mas gostaria muito que ele, o editor, não mudasse sua postura e continuasse a atacá-lo.

                        Berlusconi não é burro. Sabe que, pelo bem ou pelo mal, é importante se manter na mídia. Ainda mais quando é acusado de crimes que, ele sabe muito bem, ninguém é capaz de provar. No melhor estilo Paulo Salim Maluf, sai a público para dizer que não há nada contra ele e que apenas seus eleitores podem julgá-lo. Mas isso apenas seus pares italianos sabem, e daí a importância de se fazer um filme e talvez um dos objetivos de Ninna Moretti com seu "Crocodilo". Espalhar o que os italianos já sabem para que o resto do mundo tire suas próprias conclusões - e de quebra, dizer o quanto isso é difícil.

                        Entretanto parece ser "coisa de latino" essa resistência em colocar em xeque uma figura, hã, querida pela massa. Nós mesmos não temos obras sérias sobre governantes ou demais sujeitos que fizeram história. Não, minisséries da Rede Globo não contam sequer como referência para figurino de época. Infelizmente esse não é um privilégio dos brasileiros. O mundo latino em geral - incluindo aí espanhóis e franceses - gosta de preservar seus mitos e mantê-los dessa forma, como intocáveis e irretocáveis figuras de importância inquestionável. Um triste legado dos militares que regeram essas nações década atrás.

                        Diferente, por exemplo, dos norte-americanos. Sim, os estadunidenses deve ser o povo que mais escarafuncha a vida de seus comandantes - não só presidentes, mas figuras históricas, políticas e culturais. Essa vontade de expor seus supostamente melhores sujeitos é uma característica que parece dizer respeito, cada vez mais, apenas a eles. Justamente o povo que mais dá razão ao pensamento Bretchniano e adora cultivar heróis, transformando pessoas em exemplos para qualquer ocasião quando a razão foge ao debate, não abre mão de saber e expor os podres de cada um tornando-os, vejam só, heróis de verdade, pois são, como todos, apenas cidadãos comuns que, por um motivo ou outro, servem de referência. Pelo menos isso, talvez, tenhamos a aprender com eles.


                          quarta-feira, abril 04, 2007

                          Ah, esses blogueiros e seus blogs maravilhosos...

                          O Bia fez esse post, essencial para qualquer um que queira se dar superbem na blogosfera. E pelo visto, ele vai fazer uma série incrível que, com toda certeza, será acompanhada por milhares, como um folhetim das oito do Manoel Carlos


                          Mas, pô, eu não podia deixar de publicar essa tirinha não menos essencial do Dahmer, que resume todos os comentários da caixa de comentários do referido post.



                          quinta-feira, março 29, 2007

                          Panela na pressão


                            Igual a tudo na vida é o mundinho da literatura brasileira. Ou você faz parte de um grupinho ou faz parte de outro. Escolha o seu, oras. Com sorte, pode estar dentro daquele que, uma hora ou outra, descola uma boquinha como essa aqui. Se não, vai continuar a pastar e a lançar diatribes (ó que palavra bonita!) contra os contemplados - que, claro, do alto de sua importância auto-proclamada para o meio, gastarão o teclado para responder da mesma forma esquisita como fazem literatura.


                            Agora chega mais perto, leitor comum e inteligente, que faz parte de 90% das pessoas que jamais ouviram falar desse pessoal e viveu muito bem até hoje: você se importa com isso? Não com a farra do dinheiro público, indissociável de nossa sociedade, mas com o resultado disso. Você vai mesmo se dirigir a uma livraria e comprar um exemplar de algum desses escritores? Será que vai bater aquela vontade impossível de queimar alguns suados tostões para adquirir a mais nova obra de um sujeito que você nunca ouviu falar - no máximo leu em algum "grande" caderno de cultura ou site de "cultura pop" - de verdade?


                            Não, não vai. Assim como outros tantos projetos "de vanguarda", feitos por gente "descolada" e capitaneados por empresas "super antenadas", o lance vai fazer água. Não quero dar uma de profeta do apocalipse, mas é que a relevância desses sujeitos - e a tudo o que os concerne - é tão pequena que chega a dar pena. Não sei se seria diferente caso o grupinho privilegiado fosse outro, mas duvido. É tudo pirão da mesma cabeça de peixe. Agora dá licença que vou terminar meu Harry Potter.


                              terça-feira, março 27, 2007

                              Mulher feia sempre beija na balada


                                Se você é daqueles que fica até o rodo passar, sabe do que estou falando. Se não é, constate. Fique até o final de um rebenta-fígado qualquer. Aquela tipinha que ninguém sequer espiou de rabo de olho vai mandar uns dois ou três pra dentro da boca. E com o único esforço de se manter acordada e minimamente sóbria até a última das grandes presas abandonar o recinto, deixando os caçadores com seus rifles carregados e armados literalmente na mão. Com sorte, pode até presenciar um uni-duni-tê que ela se dará ao luxo de fazer, vingando-se secretamente da hora e meia atrás onde sequer era olhada de rabo de olho.

                                Sim, porque ela sabe seu lugar. Assim como suas contrapartes. Mas ao contrário destas, que normalmente vão para uma balada apenas para esnobar e zarpar rumo a uma solitária ducha quente, sentindo um certo prazer em demonstrar sua superioridade de fêmea absoluta e cheia de amor para NÃO dar, as feias não perdem tempo. Elas usam o tempo a seu favor. Estrategistas por natureza, esperam a hora certa para agir. E a hora certa para agir é quando o álcool já agiu e deixou o caminho traçado - no caso, os hormônios em fúria que substituíram o rifle de precisão pela .50 giratória. Sim, os hormônios não se preocupam com aparências e mais do que nunca estão no comando.

                                Já passa das 4h. Quem se deu bem antes disso não está mais por alí. Ela então aguarda. Imóvel, reencostada no balcão, aguarda lânguidamente a aproximação da vítima cambaleante. Ela tem o texto pronto, todas as perguntas e respostas, é escolada na coisa tanto quando seu negativo, que numa hora dessas ainda está, provalmente, retirando a maquiagem e chorando sua falta de sorte, lamentando porque não encontrou o Tiago Lacerda da sua vida, se perguntando onde está o George Clooney que ela sabe merecer, e, por deus, cadê aquele Johnny Depp se encaixaria perfeitamente entre seus peitos perfeitos?

                                Para as carniceiras de festa não há tempo para lamúrias. Elas não têm o direito de sentir pena de si mesmas. Nasceram prontas para combate, como guerreiros espartanos. Sabem que por mais que caprichem na produção jamais serão a primeira opção. São reservas das reservas, mas conscientes que virarão o jogo aos 46 do segundo tempo. Basta esperar. E elas esperam. Como hienas que rondam as carcaças de zebras desprezadas pelos leões, esperam pacientemente o momento de se banquetearem alí e virarem a mesa. De presas, passam a predadoras.

                                E então assumem a dianteira. A essa hora, o que vier é lucro, pensam ambas as partes. E a festa está ganha. Mais uma caçada bem sucedida. Mais um para engordar a listinha. Mesmo que bem lá no fundo desejem ser como suas doppelgangers, elas não podem reclamar. Porque no fim, sempre se dão bem. E não é isso que todas querem?

                              terça-feira, março 13, 2007

                              A volta do Capitão Caverna






                                De tempos em tempos o rock, suprema forma de transgressão e criatividade moldada em toneladas de hormônios e fúria, precisa ser colocado em seu devido lugar por algum tiozinho. Este ano, quem parece ter vindo para ensinar a molecada como a coisa deve ser feita é Nick Cave, que se apresenta com sua banda Grinderman.

                                É muito pouco provável que você ouça falar de "Grinderman" (2007) nos cadernos de cultura dos grandes jornais. Pelo menos no que toca à música, eles parecem estar mais preocupados em se tornarem sucursais do New Musical Express ou da Capricho - o que dá no mesmo - do que em mostrar o que realmente importa. E Nick Cave importa. Mesmo tendo em comum com ele apenas a paixão pela feia mais bela do pop mundial - a diva Polly Jean Harvey - me sinto a vontade para indicar esse seu novo crime. Um crime perfeito, frise-se.

                                Cave não é mais um tiozinho. É um tiozão. Deve estar batendo na casa dos 50 e abandonou temporariamente sua Bad Seeds para se dedicas a este novo projeto. E o que tem isso demais? Bom, é rock. Rock de gente grande, se é que alguém ainda se lembra do que é isso com tantos Klaxons, Panics, Arcades, Monkeys, Allens, Coldplays, e afins dominando o noticiário e o dial. Não que Nicholas soe velho. Não senhor. Ele é um senhor de idade, mas "Grinderman" está longe de parecer vintage.

                                Ao contrário de outros contemporâneos, Cave não se dedica a revisão de sua obra. Ele olha adiante. O resultado é um disco jovem, de música vigorosa, sincera, intensa e muito bem feito, cheio de distorções, paradas abruptas e corações partidos. Cheio de... Nick Cave. Apenas "No Pussy Blues", segunda faixa do disco, já valeria pela bolacha toda. Porque se tem uma coisa que combina com blues é buceta. E Cave tem as manhas de colocar um "não" na mesma linha - é preciso muito culhão pra isso, acreditem. E o que segue é uma digníssima paulada.

                                A quinta faixa "Depth Charge Ethel" mostra como se mistura punk, hard rock e uma garganta estragada pela idade - que ele não faz questão de esconder. Não que Cave pretenda soar histriônico. De fato, ele não tem pretensão alguma, e prova com uma pérola pop na sétima faixa, "Set me Free", funkeada, com pianinho e tudo no lugar. Qualquer um poderia ter feito a faixa, mas ele a faz parecer original e fresca. Isso se chama talento.

                                Claro que ele não poderia deixar de pagar tributo aos inventores do punk, e na oitava faixa, "Honey Bee", a contagem inicial indica o que vêm adiante. É a fórmula ramônica para ganhar a audiência sem perder a ternura. Como se dissesse "olha aqui como se faz, cacete". Ah sim, a faixa 11, "Love Bomb", é puro Lou Reed, só que sem gelo e com dois dedos de cicuta.

                                Como indica a primeira faixa, o disco todo soa como um monte de amigos que se reuniram para tomar cerveja e tocar seus instrumentos e alguém esqueceu o rec acionado. Cave não canta. Ele prega. Prega para uma audiência consciente do que quer ouvir, consciente do que a aguarda embaixo da voz – perdoem o inevitável trocadilho – cavernosa reverberando pelos auto-falantes. Não é para ouvidos virgens ou demasiado púberes. Deveria ser cobrado RG de quem fosse comprar "Grinderman" para evitar alguma besteira. Isso se ele for encontrado por aqui em versão nacional, o que também é muito pouco provável.

                                De qualquer forma, "Grinderman" é a reafirmação daquela velha canção de Neil Young. "Rock´n´roll will never die". Pelo menos enquanto existirem tioziões como Nick Cave e o próprio Neil. Mas daqui por diante, a coisa vai ficar feia.



                                sexta-feira, março 09, 2007

                                Carioca



                                  Resolução para o primeiro de 30 dias de dolce far niente: passar a manhã de segunda-feira na praça central da cidade, de bermuda e sem camisa, tomando cerveja e vendo o drama proletário se desenrolar.

                                    segunda-feira, março 05, 2007

                                    C. e o sexo


                                      Hoje, posso dizer seguramente que não sabia o que era sexo antes de conhecer C. Isso me remete há coisa de quatro anos atrás - o que nem é tanto tempo assim se pensarmos em termos de história, mas que parece uma eternidade dada a insignificância dos envolvidos. Sim, C. foi insignificante em quase tudo. Menos no que mais importava: o sexo. Por isso, posso dividir minha vida sexual entre antes e depois de C. SAC (Sexo Antes de C.) e SDC (Sexo Depois de C.).

                                      Não vou entrar em detalhes a respeito de sua compleição física - isso não faz a menor diferença. Importa que C. me ensinou macetes dos quais nunca mais abriria mão. E me fez entender uma lição, talvez a mais relevante que aprendi após sair da adolescência. A de que como tratar uma mulher na cama, seja ela - a mulher, não a cama - quem for. Toda, mostrou-me C. seguem um modus operandi que, desvendado, abre quase que literalmente as portas úmidas e quentes da felicidade.

                                      Foi com C. que pela primeira vez notei que 98% das mulheres gostam de ser subjugadas durante o sexo - o outro 1% não trepa e o restante... bom, essas eu não comi então não vou arriscar. Ela foi a primeira que me pediu para sentar-lhe a mão nas ancas, dizer-lhe obscenidades no ouvido e chamar-lhe daquilo tudo que, em outra circunstância, a fariam registrar um boletim de ocorrência por calúnia e difamação. Sexo é uma questão de contexto, querido, sussurrava pelos poros, e pode anotar e grifar com caneta vermelha isso no seu livrinho.

                                      Basicamente, e acredito que não à toa, C. me entregava, sem qualquer ônus, um pacote de pequenas artimanhas que apenas uma devoradora de homens como ela poderia saber. Embora C. não fosse uma maneater como canta Nelly Furtado na canção homônima. Ela não quer nada relacionado ou proveniente do dinheiro de seus machos. Quer ser bem comida, só isso. Para tanto, não se furta em dar as cartas certas para o parceiro. Nesse jogo, ela quer ganhar mais do que tudo. Uma devoradora ao contrário, eu diria.

                                      C. gozava apenas quando comida de quatro. Posição essa que denota clara vontade de submissão e, por sinal, preferida por 9 entre 10 homens passivos ou ativos. Gostava - e queria - ficar por baixo. Nada de dominar a parada, nada de se mostrar superior. Isso ela já fazia no seu cotidiano de mulher independente financeira e emocionalmente. Mas na hora de saciar seu desejo mais primitivo, gostava mesmo de ser dominada, domada e domesticada da maneira mais rude possível. Sexo com ela não era território para galanteios ou gentilezas, explicavam didaticamente seus gemidos gritados e empapados de suor e saliva. Ela era um animal, e assim deveria ser (mal)tratada.

                                      Com o tempo, notei que as dicas contidas no livro de regras de C. valiam também para grande parte das mulheres com quem reparti uma cama – ou um banco de automóvel, uma pia de banheiro ou, se não me falha a memória etílica, uma sacada no 11º andar. Todas, de forma ou intensidade diferentes, gostavam e pediam mais daquele preparado acre. Mas recém-ingresso no meio acadêmico, ouvia os papos de colegas de classe que pareciam verdadeiros icebergs feministas, bradando sobre o quanto haviam lutado para estarem ali, em pé de igualdade com os homens e blá-blá-blá, e imaginava se, peladas e meladas, não pediam para serem grossamente enrabadas.

                                      É, isso me confundia às vezes. Porque quanto mais durona parecia a garota, mais submissa e indefesa ela se colocava ante um falus erectus. Amigos mais próximos relatavam casos de namoradas que chegavam a ficar completamente imóveis durante o ato, permitindo ao parceiro controle total da situação. Outros, contavam de garotas que, embora não abrissem mão de sentar, rebolar e ainda bater um bolo, curtiam finalizar a parada com a bunda para o alto e as mãos torcendo o lençol.

                                      Depois de nossa última noite, nunca mais encontrei C. Amigos em comum dizem que continua a mesma – a mesma o quê eu não sei, sinceramente. De qualquer forma, sou grato a C. Ela me ensinou a trepar.

                                    sexta-feira, março 02, 2007

                                    segunda-feira, fevereiro 26, 2007

                                    quarta-feira, fevereiro 21, 2007

                                    Vai fazer glu-glu


                                      Léo, truta de viagens sortidas e sólida promessa do jornalismo mambembe da província, estréia na blogosfera via Wordpress. Bem, não é lá um Blogspot, mas ninguém é perfeito, certo?

                                      O primeiro post do mininu mostra sua saltada veia curturar.

                                      E para quem conseguir ler o que está escrito no vinil que ilustra o cabeçalho do blog, o autor promete um lance meio esquisito para o qual prefiro não dar publicidade.

                                      Vão .

                                    domingo, fevereiro 18, 2007

                                    Sim, eu continuo a explicar essas coisas


                                      - Por que você só usa preto?

                                      - Porque eu gosto.

                                      - Ha ha ha, seu armário deve ser igual ao da Mônica. Só que ao invés de vestidinhos vermelhos, tem um monte de camiseta preta.

                                      - É, deve parecer mesmo.

                                      - Não, é sério. Por que só preto?

                                      - Porque eu gosto.

                                      - Ah, eu também gosto de preto. Mas também uso outras cores.

                                      - Eu não. Só uso preto.

                                      - Hã...

                                      - ....

                                      - Bom, então tá.

                                      - A-hã.

                                      - ....

                                      - Eu já vou indo, então.

                                      - Beleza. Eu vou ficar por aqui mesmo.

                                      - Tá.

                                      - ...

                                    O segredo de Arruia


                                      O maior temor de um jornalista atende pelo nome de barrigada. Dar uma barrigada significa entrar numa história que, no final, se revela fraudulenta, boba ou iverossímil. E, então, ser motivo de chacota pelos companheiros e leitores mais atentos. Hoje, o "Fantástico" dedicou quase 20 minutos para contar a história do desaparecimento do vereador Arruia, de Santa Bárbara d´Oeste. O programa, como sói é capaz de fazer, ouviu especialistas e trouxe infográficos bonitões e didáticos sobre amnésia - causa alegada pelo nobre edil para sumir por quase 20 dias e ser encontrado, maltrapilho, em Bauru.

                                      O caso foi amplamente ventilado pela mídia nacional e não conheço um jornalista da região que não tenha se empenhado pela história do sujeito - que é boa, por sinal. Mas a questão é que a maioria dos profissionais lotados nas redações de jornais, rádios e TVs daqui conhece o histórico de Arruia. Antes de se tornar o vereador mais votado da cidade, era catador de papelão nas ruas, por onde perambulava (e morava) cumprimentando a todos com o bordão pelo qual ficou conhecido. Um tipo que de tão marginal, exótico, torna-se folclórico e querido. Esta também não foi a primeira vez que o parlamentar desaparece sem deixar vestígios.

                                      Por isso, ninguém se espantou quando soube que Arruia estava vivendo em Bauru exercendo sua antiga profissão. Tampouco acreditou na história que ele havia sido assaltado e, após levar coronhadas, ter perdido a memória e acordado há 400 km de casa, esquecido de suas obrigações de homem público e dormindo sobre uma marquise. Menos, é claro, a equipe de jornalismo da Globo. Que sequer se deu ao trabalho de pesquisar a vida pregressa dele para, no mínimo, desconfiar da histrinha. Fica claro, para quem conhece, que o sujeito encheu-se da séptica vida parlamentar e resolveu tomar a força sua liberdade de volta. Cansou de ficar atendendo gente pedindo dentadura, cesta básica e rebaixamento de guia.

                                      Na primeira vez que fincou pé na estrada em busca de sossego, foi encontrado em Brotas - na época, alegou estar pagando promessa. Agora, criou a história da amnésia. Não será nada incrível se, da próxima vez, disser que foi seqüestrado por extraterrestres, passado uma semana nas praias de Urano e arremessado de volta, sujo e famélico, em Cuiabá. Então, pode ser que a Globo resolva usar a história para falar de discos voadores.


                                    terça-feira, fevereiro 13, 2007

                                    segunda-feira, fevereiro 05, 2007

                                    Naco


                                      Biatrix é repórter de cultura e suplementos do TodoDia e companheira espiritual de linhas tortas. E fez um post exclusivo para esse humirde brog baseado (também) em fatos (sur)reais.
                                      Segue.

                                      Ela me disse que gostava de ser a outra. "Só fico com a melhor parte. Filé mignon", definiu, estalando a língua. Nada de mau humor, estresse de trabalho, discutir a relação, quem apertou o tubo de creme dental no meio?, pá daqui, pá de lá. "Só aventurazinhas, sexo intenso, lugares legais, friozinho na barriga, sensação necessária de canalhice", explicou.

                                      Tinha, portanto, seu homem pela metade. Sempre teve homens pela metade. "A melhor metade", destacou, rápida, semicerrando os olhos.

                                      Mas as relações são como uma costela, tentei argumentar. Por mais que roer osso seja trabalhoso e lambuze a ponta dos dedos, é deste processo que você extrai a carne mais gostosa. Ela, a parte considerada mais difícil, é exatamente a mais saborosa e com paladar inconfundível. Pode-se comer o filé mignon, evidentemente, mas o corte só fica bom mesmo com um bom molho para dar gosto.

                                      Ponderei, então, que sua dieta carecia de um pouco mais de dedicação. A escolha que fazia questão era exatamente aquela que lhe empobrecia o paladar. O mau humor, estresse de trabalho, discutir a relação, quem apertou o tubo de creme dental no meio?, pá daqui, pá de lá, enfim. Podem existir separados, mas são infinitamente melhor juntos. E vêm coladinhos direto do açougue.

                                    sexta-feira, fevereiro 02, 2007

                                    Biajoni, o reaça


                                      Parafraseando o Lobão, o Bia já foi punk, já foi hippie, já foi junkie. Hoje, é um tremendo reaça, tipo um Nelson Rodrigues do Jardim Brasil que acredita que os Mutantes voltaram em torno de algum ideal que não o de encher os bolsos de dinheiro, que "A Dama na Água" tem alguma qualidade e, santíssimo sacramento, que o Good Charlotte é realmente um bom grupo de rock.

                                      RG não me deixa mentir. Eis aqui uma prova incontestável da decadência do mestre.

                                    terça-feira, janeiro 30, 2007

                                    Carne


                                      Ela me disse que gostava de ser a outra. "Só fico com a melhor parte. Filé mignon", definiu, estalando a língua. Nada de mau humor, estresse de trabalho, discutir a relação, quem apertou o tubo de creme dental no meio?, pá daqui, pá de lá. "Só aventurazinhas, sexo intenso, lugares legais, friozinho na barriga, sensação necessária de canalhice", explicou.

                                      Tinha, portanto, seu homem pela metade. Sempre teve homens pela metade. "A melhor metade", destacou, rápida, semicerrando os olhos.

                                      Mas as relações são como um filé de picanha, tentei argumentar. Por mais que a capa de gordura que envolve a parte tenra e saudável da peça não seja recomendada pelos nutricionistas, ninguém a retira para comer - salvo as exceções de sempre. Ela, a parte considerada ruim, é exatamente o que confere à carne seu gosto tão peculiar e apreciado. Pode-se comer sem, evidentemente, mas não é a mesma coisa.

                                      Ponderei, então, que sua dieta carecia de um pouco mais de gordura. A porção que fazia questão de extirpar era exatamente o que lhe faltava. O mau humor, estresse de trabalho, discutir a relação, quem apertou o tubo de creme dental no meio?, pá daqui, pá de lá, enfim. Podem existir separados, mas são infinitamente melhor juntos.

                                    segunda-feira, janeiro 22, 2007

                                    Preferência



                                      Sabe aquelas placas em agências bancárias que constam algo como "atendimento preferencial para idosos, gestantes, lactantes e mães com crianças de colo"? Acho que sei pra que servem. Não estão lá porque algum legislador resolveu trabalhar e, num ato de benevolência semi-divina, decidiu que esse pessoal tem preferência para ser atendido e não precisa pegar fila com o resto da manada. A grande sacada que vejo é, na verdade, despachar logo essa gente para não ficar incomodando o restante.

                                      Porque tem coisa mais irritante que criança chorando e fazendo birra em pleno dia de pagamento, dentro de uma agência bancária com ar-condicionado quebrado lá pelas duas da tarde? É capaz que alguém saque a chave do carro e costure a boca do pirralho com os cadarços do All Star do guardinha mais próximo, se não fizer pior. Por isso, é melhor mandar logo a dona da sirene ambulante fazer o que tem que fazer e se mandar depressa. Quem já não teve vontade de amarrar um moleque chiliquento pelos tornozelos com uma daquelas cordinhas que separam as filas e girá-lo até sobrar apenas os tênis, que atire o primeiro pote de Danoninho.

                                      O mesmo vale para os velhos. Ops, desculpe, os idosos, Ops, desculpe, a terceira idade. Ops, desculpe, a melhor idade. Ops, desculpe, os mais experientes. Ops, desculpe, os jovens senhores (é que são tantos os termos politicamente corretos que eu me perco, desculpe). Os vovôs (olha outro termo aqui! Olha! Olha!) já são reclamões por natureza (morta). Plantados numa fila para fazer qualquer coisa então, pai do céu, não há ouvido que agüente. A trindade doença-remédio-futebol pode patinar do começo ao fim do tempo de permanência dele na agência e aluga qualquer cristão há poucos metros de distância. E não importa se você quer ou não ouvir, porque ele vai falar de qualquer forma. Afinal, é um monólogo, ninguém perguntou a sua opinião.

                                      Por isso, proponho para o próximo impoluto legislador que olhe também para outras classes que merecem a mesma deferência. Os feios, por exemplo. Não consigo pensar em nada mais intolerável que permanecer mais de cinco minutos ao lado de alguém mal diagramado. Tenham dó, nobres parlamentares. Lembrem-se de Vinícius de Moraes, queridos eleitos. Indo além, sugiro que aqueles que não se encaixam em qualquer padrão de beleza mínimo (e existem muitos, vocês sabem) tenham um acesso exclusivo e restrito, isolado, para que não precisem compartilhar sua feldade com os demais.

                                      Por motivos óbvios, os apedeutas, beócios e idiotas de uma forma geral também devem ter o direito a cortar fila. Por mim, podem passar na frente e se mandar o mais rápido possível. Esse tipo de gente é contaminante. Já vi muitos luminares serem reduzidos a Caetanos ou Carlinhos Brown após curta exposição a sujeitos dessa laia. E não tem cura, o que é pior.

                                      Não poderia deixar de incluir na minha pauta de reivindicações os pobres. Porque se tem uma raça no mundo que é digna de todos os privilégios e regalias são os pobres. Vide a igreja católica, que até hoje os defende inapelavemente, do alto do seu castelo de ouro, vestida de seda e coroada pelo poder e glória redentoras de Deus. É constrangedor ter que dividir o mesmo metro quadrado com aquela gente cheia de carnês de folhas soltas e mal grampeadas de lojas populares, financeiras, boletos de cobrança massarocados na bolsa ou dobrados dentro de carterias de napa rachada. É a própria visão do nono círculo do inferno que nem Dante teve coragem de descrever.
                                      Ah, sim, proponho também um guichê exclusivo para chatos. Mas, nesse caso, seria advogar em causa própria e a fila seria quase tão grande quanto a normal. Passo a vez, portanto.

                                    sexta-feira, janeiro 19, 2007

                                    "Now is the fuckin´ time!"


                                      Todo mundo sabe que o melhor das trilhas sonoras dos filmes do Tarantino são as vinhetas antes, durante ou depois das músicas.

                                      Aqui, uma compilação quase só delas. Para lembrar e sorrir.



                                    Às vezes, falo coisas que depois me deixam pensando



                                      Chego por último no churrasco na casa de um amigo. A galera se esbalda num funk carioca qualquer. Pego uma cerveja e murmuro qualquer bobagem com um conhecido para descontrair.

                                      - Ah, você tem cara de quem não gosta de funk.

                                      A pergunta vem da acompanhante dele, que engole seco. Não consigo segurar e respondo.

                                      - Não, eu gosto. Agora mesmo eu vim ouvindo funk no carro.

                                      Ela continua, inocente. Meu amigo suspira já sabendo o desfecho do diálogo.

                                      - Verdade? E o que era? Tati Quebra-Barraco? Perla? Buchecha? Bonde da Rocinha?

                                      Prendo a respiração e respondo.

                                      - Não. Era Grand Funk Railroad.

                                      A garota sorri em forma de ponto de interrogação. Antes que ela continue, me viro e saio gingando, com minha latinha na mão e uma sentimento estranho de satisfação.

                                    quinta-feira, janeiro 18, 2007

                                    Ouça essa

                                    Sexo exige trilha sonora? Melhor: existe trilha sonora para sexo? Não estou dizendo chavões óbvios que todo mundo gosta de citar apenas para parecer interado na coisa, tipo "Je T´aime" do Gainsbourg ou o Joe Cocker de "9 1/2 Semanas de Amor". Na boa, não conheço ninguém que goste, sinceramente, de uma dessas baladas de puteiro decadente (e existe um puteiro que não seja decadente?) na hora que a coisa esquenta. Na verdade, a maioria das pessoas é como uma antiga colega de redação, que afirmava não ouvir nada durante o sexo porque estava concentrada demais para prestar atenção em qualquer outra coisa.

                                    De fato, alguns podem dizer que a sacada mesmo é o "som ambiente", de gemidos, gritos, palavras de ordem, obscenidades, tabefes e o ruído abafado e seco das estocadas. De fato tal soundtrack não pode faltar - na verdade, ele é parte indissociável da coisa toda, como as antigas trilhas de novelas feitas sob encomenda para grandes artistas.

                                    A grande sacada é que nem sempre o que gostamos ou admiramos acaba no toca-discos quando as roupas começam a fazer parte da decoração do recinto. Eu mesmo tenho um grande amigo, punk das antigas, daqueles que só ouvem de bandas undergrounds inglesas pra baixo. Num belo dia, tomando umas na casa do sujeito, encontro o "The Dark Side of The Moon" entre um Stooges e um GBH. "Sabe como é, a D. só goza ouvindo Pink Floyd, então...", tenta se explicar, deixando claro que tal heresia é por uma boa causa. Só posso concordar. O sexo justifica tudo e mais um pouco. Até ombrear Joe Ramone com Roger Waters (!).

                                    Eu mesmo não dispenso um bom fundo sonoro. E como estamos falando de sexo de verdade, feio, sujo, malvado e feito com todos os seis sentidos, é inevitável apelar para a música negra. No meu caso, o hip hop feito nos EUA nesse começo de século. Que me perdoem os mestres do hard rock 60/70 que formam minha base/gosto musical, mas não consigo me imaginar pelado & melado com o Robert Plant cantarolando agudos no meu ouvido. Ou o Paul falando da cachorrinha dele. Sem essa, bróda.

                                    Pode falar o que quiser. A discussão aqui é da cintura pra baixo e, sejamos francos, branco não consegue fazer música pra isso. O máximo que chegam perto é um Elvis ou um Mick Jagger, mas nem se compara com a sensualidade que escorre de legítimas batidas cadenciadas comandas por quem entende da coisa. É só ouvir algum monstro sagrado do jazz, qualquer um deles, para sacar que o que eles dedilham, assopram ou batucam tem um único e certeiro alvo: a pélvis do ouvinte. É lá que mora o sentido da coisa toda. Duendes, anjos e demônios, cidades na Lua, crônica social e política, é coisa de cabeludo branquelo doido de cogumelo, baby, então cala a boca que o que interessa sou eu, você e nossas bocas quentes coladas e cheirando a bebida numa cidade qualquer do mundo.

                                    O único branco que talvez surta o mesmo efeito sobre minha psique sexual seja Jim Morrison. O líder dos Doors não canta, ele sussurra feito um demônio tentando te convencer a entrar num bacanal eterno, cercado de promessas de delícias inimagináveis e perigosas. Basta ouvir a mais emblemática delas, "L.A. Woman", onde Morrison detona, aos berros, que "Mr. Mojo Rising" (o Sr. Mojo está subindo, numa tradução livre) - mojo é uma gíria para libido ou órgão sexual, e a frase completa, diz a lenda, é um anagrama de Jim Morrison. A levada da canção é ótima para neófitos na arte, um crescendo quase didático que imprime ritmo e velocidade na medida até desenbocar num êxtase luxurioso e voltar à placidez inicial. Dá vontade de acender um cigarro, cruzar os braços atrás da cabeça e curtir a energia se esvaindo pelos póros.

                                    Mas eu ainda prefiro o hip hop de atualmente, feito por energúmenos do tipo 50 Cent, Bustha Rhymes, Redman, Lil´ Kim, Timbaland e afins porque falam direto o que quero ouvir - e só na hora que quero ouvir. A batida que encaixa com perfeição no baixo e resvala caudalosa por um arranjo sintético que te faz chacoalhar o quadril - outra vez e sempre ele - involuntária e cegamente é um poderoso concentrado de sexualidade feito para ser ingerido dissolvido em suor - e outros líquidos pelos mais avançadinhos. Não é preciso se preocupar com o que eles falam porque está implícito. É sacanagem, irmãzinho, e isso basta. Porque é disso que se precisa, right here, right now.

                                    quarta-feira, janeiro 17, 2007

                                    Megastore




                                            Eu queria ser antendente de uma megastore de shopping center. E trabalhar na seção de música. Só para, quando alguém me perguntasse sobre algum monstro sagrado de qualquer estilo, eu pudesse responder:

                                            - É na seção de artigos religiosos, amigo...

                                          terça-feira, janeiro 16, 2007

                                          Custo/benefício


                                            Uma garrafa de Miolo por R$ 14,90. "Desire", do Bob Dylan, por R$ 12,99. Um sopro de felicidade para espantar o tédio de uma noite de segunda-feira, enfim.

                                            Definitivamente, eu amo as Lojas Americanas.

                                          quarta-feira, janeiro 10, 2007

                                          Ódzio





                                              Ainda não ouvi. Mas parece ser... ãh... então, ouve aqui

                                              segunda-feira, janeiro 08, 2007

                                              A idade da razão


                                                Eu pro meu primo de 15 anos.

                                                - Bicho, pra de ouvir Good Charlotte. Coisa de viado...

                                                Meu primo de 15 anos para mim.

                                                - Então para de ouvir David Bowie.

                                                Eu pro meu primo de 15 anos.

                                                - E levanta essa franja!

                                                Meu primo de 15 anos para mim.

                                                - Então tira essa calça de vinil vermelha!

                                              sexta-feira, janeiro 05, 2007

                                              Merda


                                                Hoje é sexta-feira. Para quem é jornalista e, como eu, ganhar mais de R$ 8 mil, o dia não poderia ser diferente.

                                                A palavra MERDA pode mesmo ser considerada um curinga da literatura nacional .

                                                Como indicação geográfica 1 : Onde fica essa merda?
                                                Como indicação geográfica 2 : Vá à merda!
                                                Como indicação geográfica 3 : 18:00h : vou embora dessa merda.
                                                Como substantivo qualificativo: Você é um merda!
                                                Como indexador monetário : Isso não vale uma merda.
                                                Como auxiliar quantitativo: Trabalho pra caramba e não ganho merdanenhuma!
                                                Como indicador de especialização profissional : Ele só faz merda.
                                                Como indicativo de MBA : Ele faz MUITA merda.
                                                Como sinônimo de covarde: Seu MERDA !
                                                Como questionamento dirigido: Fez merda, né?!
                                                Como indicador visual: Não se enxerga merda nenhuma!
                                                Como sensação olfativa: Isto está me cheirando a merda...
                                                Como elemento de dúvida na indicação do caminho a ser percorrido: Porque você não vai à merda?
                                                Como especulação de conhecimento e surpresa: Que merda é essa?
                                                Como indicador de ressentimento natalino: Não ganhei merda nenhuma depresente!
                                                Como indicador de admiração: Puta Merda !!
                                                Como indicador de rejeição : Puta Merda !!!!
                                                Como indicador de indignação : Puta que la Merda !!!!!!
                                                Como auxiliar impositivo de aceleração : Rápido com essa merda!
                                                Como indicador de espécie : O que esse merda pensa que é?
                                                Como indicador de continuidade : Na mesma merda de sempre.
                                                Como indicador de desordem: Tá tudo uma merda!
                                                Como constatação científica dos resultados da alquimia: Tudo o que eletoca vira merda!
                                                Como resultado aplicativo : Deu merda.
                                                Como constatação negativa : Que merda !!!!
                                                Como classificação literária: Êta textinho de merda.


                                              terça-feira, janeiro 02, 2007

                                              Por um fio


                                                Chega um ponto da vida que não dá mais pra ser triste. Certeza que algum desses ingleses do pós-rock deve ter escrito algo a respeito, mas o fato é que sinto isso agora. Sinto que não fico mais triste. Não aquele tipo de tristeza que o Drummond diz que deixa roxas as presas do elefantes. Hoje, se não estou feliz, alucinado com alguma coisa ou alguém, estou puto. Mal-humorado. Azedo. Mas não triste.

                                                Quando era adolescente, adorava ficar triste. Me internava no quarto com os discos da Legião Urbana e me matava de escrever poesias para garotas impossíveis e amores que só existiam na minha cabeça. Creio hoje que naquela época eu tinha era tempo de ficar triste. Agora não. Apenas sentimentos rápidos, superficiais e compatíveis com o momento me interessam. Quem tem que ter profundidade é piscina, não meu cotidiano. Ele serve a um propósito e ponto final. Se desviar disso, trato de colocá-lo em seu devido lugar.

                                                Então, posso dizer com segurança que apenas uma pessoa pode me deixar triste hoje em dia. Ela sabe disso da minha própria boca, porque é a mesma que enche minha vida de satisfação, prazer, amor, carinho e valiosas lições.

                                                Ontem, no primeiro dia do ano, ela conseguiu essa proeza. Em condições normais, posto o fato estar inserido no meu cotidiano de trabalho, o máximo que poderia me causar seria uma imensa putice. Mas da forma como se deu, me deixou triste. De ficar com os marfins roxos.

                                              Saindo do armário emo



                                                Júnior, não precisa mais se explicar.

                                              segunda-feira, janeiro 01, 2007

                                              Ano novo


                                                Uma música para fazer de 2007 o melhor ano de nossas vidas

                                                "Wishing Well", do The Airborne Toxic Event.

                                                Procure de qualquer jeito. E ouça. E me conte se sua vida pode ou não mudar depois dela.

                                              quinta-feira, dezembro 28, 2006

                                              Comível?


                                                A primeira coisa que me vem à cabeça quando olho alguém na rua é: "será que alguém come essa mulher?" ou "será que esse cara come alguém de graça?". É um impulso natural principalmente quando me deparo com gente que tenho certeza que irá responder negativamente a minha questão. É um povo que não tem como ter sexo de qualidade sem pagar muito por isso.

                                                Um exemplo disso é minha vizinha da frente. Ela deve beira os 40 anos, tem a pele macilenta e sem viço, os cabelos compridos e maltratados que denunciam sua opção religiosa, parece se vestir com sobras de retalhos de confecção de bairro e, pior, tem uma voz insuportavelmente esganiçada, que reverbera pelo quarteirão durante o dia a procura dos filhos, do marido, do cachorro, do carteiro, do padeiro, enfim. Concluo, após o curto tempo como vizinho, que o marido da mulher deve tê-la comido apenas duas vezes - ocasião que lhe deu os dois filhos. Porque nem com a maior raiva, desprezo ou nojo do mundo pelo próprio pau, um homem o introduziria mais que o necessário naquela mulher. Não é exagero.

                                                Ela, assim como outros passantes que observo quando travo contato com o mundo exterior, não chegam a ser repulsivos por apresentarem características físicas fora do habitual, exalarem algum tipo de odor desagradável ou ostentarem um péssimo gosto para roupas. Repulsa nem é a melhor ou mais correta palavra. E sem essa de beleza interior, inteligência, espirituosidade, personalidade ou carisma. A questão vai além dessas convenções bobas que penamos em acreditar e fazer valer da boca pra fora. É algo além desses detalhes que os fazem, na minha opinião, totalmente impossíveis de serem sexualmente relacionáveis. Parece que algo no jeito de andar, de atender o celular, de olhar uma vitrine ou chupar um sorvete. No caso da minha vizinha, é o arrastar desmazelado das chinelas rua cima e rua abaixo que me faz crer que seu marido deve entornar uma garrafa de álcool etílico antes de deitar ao lado dela.

                                                Quero crer que são fruto de alguma piada, uma anomalia do sistema natural, uma exceção do meio comum. Um erro que se esforça para tentar conseguir um lugar não para viver, mas sim sobreviver. Porque é impossível saberem o que é viver de fato se não tem prerrogativa do sexo usual, ordinário, básico que seja. Desculpe a sinceridade, mas não são felizes. Suas existências estão aí não para serem admiradas, odiadas, estudadas, comentadas ou até execradas. Eles passam incólumes pela grande esbórnia que é a vida! Estão dentro de uma grande suruba e ninguém se interessa por eles a menos que haja algum compensação muito, mas muito grande.

                                                Fico a imaginar não o que se passa pela cabeça dessa classe - quem é o que é se acostuma com isso, não tem jeito. Nem penso em como se reproduzem, porque é fato que o fazem e em larga escala. São nos pais dos pares desse povo que gasto minhas pestanas. Não dá pra conceber o desgosto de um pai e uma mãe quando o rebento chega em casa com um tipo desses e o apresenta, olhos marejados e sorriso de orelha a orelha, como seu futuro consorte. Eu não sei se suportaria. O sujeito deve ficar procurando em suas memória o que de errado fez para merecer tamanho castigo. "Devo ter fodido a vida de toda uma geração", pensa o futuro sogro de uma dessas coisas. "Sabia que não devia ter botado tanto chifre na cabeça do meu marido, deus não perdoa mesmo, ai minha santa querupita me acode", enumera na cabeça a sogrona, risinho amarelo no canto do rosto. Não deve haver desgosto maior. Sim, porque eles não se associam com outros da mesma espécie. Parecem escolher alguns dos melhores de nós para darem continuidade a sua linhagem.

                                                Sinceramente não sei o que pode ser feito. Acho até que não há nada a ser feito. Vou continuar a observar, isso é fato. E quem sabe, até catalogar e fichar um a um. Depois, não sei, são planos, criar centros de triagem para esse povo todo. Um sistema de confinamento talvez, um espaço onde poderiam conviver com seus iguais apenas. Pode até ser uma espécie de reserva protegida para que se reproduzam livremente, sem a interferência do senso comum. Taí.

                                              terça-feira, dezembro 26, 2006

                                              Do canil


                                                Era bem branca. Daquelas que ficam vermelhas apenas de tomar um mormaço. E tinha pintinhas. Muitas. E pretas. Por todo o corpo. Ele sorri.

                                                - Você parece um dálmata.

                                                Ela sente a nuca arrepiar. Fica séria. Espreme e enfia os olhos nos olhos dele e sussurra.

                                                - Então me trata feito uma cadela.

                                                Ele nota o rosto fumegar. Era um desejo. E uma ordem. A rodovia zunia.

                                              sexta-feira, dezembro 22, 2006

                                              segunda-feira, dezembro 18, 2006

                                              Diálogo


                                                Diálogo livremente inspirado em posto de MJ.

                                                - Beto, esse é o Teodoro. Teodoro, esse é o Beto.

                                                - Olá, prazer.

                                                - E aí?

                                                - Beto, o Teodoro é meu fucky buddy. Lembra? Eu e ele, nós...

                                                - É, eu sei, eu sei, tá, tá. E daí?

                                                - Daí que eu queria que você conhecesse ele. Não acho certo eu ter um fucky buddy que você não sabe quem é.

                                                - Certo. Agora, quando encontrar ele na rua, posso apontar e dizer: "olha gente, aquele alí é o sujeito que come minha namorada enquanto estou amassando barro".

                                                - Beto, deixa de infantilidade. Vamos agir como adultos, ora. Você prometeu que não iria se deixar levar, lembra?!

                                                - Tá, desculpe. E agora?

                                                - Agora o quê?

                                                - O que a gente faz agora?

                                                - Não sei. Tem alguma coisa pra fazer?

                                                - Bom, sobrou uma carne de ontem e uma meia dúzia de cervas. Dá pra sujar a churrasqueira.

                                                - Tá. Vai na frente que vou com o Teodoro comprar mais umas latinhas.

                                                - Ahã.

                                                - Beto... tá tudo bem?

                                                - Claro. Porque não estaria?

                                                - Não sei, é que isso deve ser novo pra você, né?

                                                - O quê? Ser corneado, saber disso e ainda conhecer o co-responsável?

                                                - Ai, não fala assim poxa, olha...

                                                - Quéisso meu bem. Eu trabalho pro governo. Uma hora, me acostumo.

                                              quinta-feira, dezembro 14, 2006

                                              Às vezes, faço coisas em lugares e com pessoas que não me lembro depois


                                              Alguém pode me dizer o que diabos eu tô fazendo nesse lugar com esse sujeito aí? Céus...

                                              Tanx, Iracema!

                                                terça-feira, dezembro 12, 2006

                                                É, eu também cansei...


                                                  O Léo é truta de redação e futuro editor de Cultura do TodoDia - sim, ele vai me derrubar, se Djaga quiser. E em algumas de nossas conversas, tentamos destrinchar a entidade travestida de banda Cansei de Ser Sexy, CSS para os entendidos. Se você acompanha os cadernos de cultura dos principais (ou não) jornais do País, provavelmente deve ter lido sobre eles, um grupo formado por um baterista e uma porrada de meninas que se vestem mal e fazem um som curioso. Para não dizer ruim, é bom frisar.

                                                  Como sujeito (e em breve, formador) de opinião, Léo executou um belo texto em seu fotolog. Nele, tenta encontrar o sentido de tanta gente da grande imprensa babar ovo para o grupo. "O Cansei de Ser Sexy é tão legal assim? Pelo menos uma vez a cada dois dias ele são citados na Folha de S. Paulo. Ou na Ilustrada ou no Folhateen... daqui a pouco até no caderno de Economia", escreve ele. E com razão. Não passa uma semana sem que o conjunto, de uma maneira ou de outra, apareça.
                                                  Eu, como ele, acho um grande engodo. Uma enganação tão cara-de-pau que só a imprensa classe média branca paulistana é capaz de engolir, no seu afã de ser "vanguardista", "descolada" e "bacanérrima". Parafraseando o truta, porra nenhuma. O CSS é qualquer nota, uma tentativa desesperada da Trama de faturar o máximo que puder antes que a onda morra na praia. E é bom agilizar porque alguns sinais já são visíveis. O Zune, tocador de MP3 da Microsoft que tem a banda como garoto-propaganda, não vendeu nada e já está com os dias contados.

                                                terça-feira, dezembro 05, 2006

                                                Museu de novidades



                                                  Mês passado encontrei um primo. Molecão esperto, beirando os 18, louco pra tirar carta e entrar em alguma universidade bem longe de casa. Veio empolgado, falando sobre o show que o Deep Purple faria no Brasil naquela semana. Sabendo da minha predileção pelo hardrock setentista, me perguntou se eu iria. "Nem a pau", respondi, para seu espanto. Como não, ele questinou, se eu dizia ser admirador do som dos sujeitos?

                                                  De fato, ele tinha razão. Eu gosto do Deep Purple, banda de repertório afiado e bons músicos, que ao lado do Led Zeppelin e do Black Sabbath ajudou a definir os rumo do rock pesado no início dos anos 70. E pombas, tem "Smoke on the Water", cujo riff foi copiado por todo mundo na época. E é exatamente esse o ponto. Assim como o Zeppelin - e tantas outras bandas que abalizam meu gosto musical - o Purple não pertence mais a esse mundo. Não que se sua música seja datada, longe disso. Mas a idéia de banda, com o conjunto de toca rock, sim.

                                                  Porque rock é, em sua essência, diversão. Fúria adolescente, molecagem, descompromisso. Se nesse meio seus produtores conseguirem algumas pequenas revoluções, ótimo. Mas não é essa "função" da coisa. E esse componente essencial, essa velharada que ainda está na ativa não têm mais. Ou você acha que Mick Jagger sobe ao palco doido de cocaína como fazia nos idos de 60? Não, ele toma energéticos, aquece a garganta com gargarejos a base de mel e limão e faz aeróbica. Vai dizer que isso é diversão? O mesmo pode-se dizer de outro ícone da doidera, Ozzy Osbourne. Se ele enche a lata hoje, não é porque curte ficar bêbado como quando era adolescente, mas para afogar as mágoas de uma vida que o fez prisioneiro.

                                                  Em entrevista à segunda edição da Rolling Stone, o decano guitarrista do The Who, Pete Townshend, declarou que jamais pagaria para assistir ao The Who. "O que eu iria querer com um monte de velhos?", disse, num inacreditável rasgo de sinceridade, referindo-se a si mesmo. Bela síntese, principalmente vindo de um cara que popularizou a quebradeira de instrumentos no fim dos shows - coisa que ele não faz mais hoje. Iggy Pop, o pai do punk, na mesma edição da revista, diz que tem um compromisso com o público de, quando subir ao palco, entretê-lo da melhor forma possível. Leia-se "posso não querer fazer isso, mas fui pago e agora tenho que dar o máximo de mim". Sinceridade zero, ora.

                                                  Adoro todos esses sujeitos que citei e guardo um profundo respeito pelas suas histórias. Mas jamais iria a um show de qualquer um deles hoje. Porque sei que estarã alí apenas para representar papéis de personagens que um dia foram de fato. É um embuste, uma enganação sem limite. Além de ser deprimente, um monte de velhinho tentando manter acesa a chama de uma força que sabem não possuir mais. Então tenho pena do meu primo, que ainda acredita neles. E mais ainda de mim, que matou de vez suas ilusões, outro grande componente que faz do rock o que ele é.

                                                segunda-feira, dezembro 04, 2006

                                                Duro

                                                Che Guevara, o cubano argentino mais famoso do mundo, ganha incrível biografia em mangá. A responsável pelo lançamento não poderia ser outra que não a Conrad.

                                                No site da editora dá para ler alguns trechos e conferir o traço.

                                                Lindão!

                                                sábado, dezembro 02, 2006

                                                Déjà vu



                                                (O Hammond é o que está segurando a guitarra!)

                                                O mundo tem muita banda. Tá louco, pra que tudo isso, eu pergunto. Não sei, tento responder para mim mesmo, mas acho que é para, no meio de tanta perda de tempo, algo que valha a pena aparecer. E sempre penso nisso quando um integrante de alguma banda de sucesso se lança em carreira solo. A bola da vez é Albert Hammond Jr., guitarrista dos Strokes. Seu disco, que pode ser baixado aqui, parece salada de chuchu com melão.

                                                Não culpo juninho. Deve ser complicado se desvencilhar do legado que ajudou a criar. Hiper hypados com certa razão, os Strokes viraram o jogo no começo do século ao surgir como opção para quem não aguentava mais o nu-metal idiotizante dos inúmeros clones de Limp Bizkit que surgiam a cada zapeada na MTV. Era a volta da garageira punk, da sujeira bonita de se ouvir, da fúria adolescente que pareciam ter ido junto com os miolos da cabeça de Kurt Cobain naquele abril de 1994.

                                                Mas depois de meia dúzia de anos de badalação, a banda resolve dar aquele tempo básico para fazer a crítica esquecer do mezzo-muzzarella, mezzo-pepperoni último disco "First Impressions of Earth". Sem planos de voltar logo para os estúdios definitivamente, os integrantes de esparram como bem entendem. Hammond resolveu juntar um trutas e fazer um disquinho solo. Tem grana pra jogar fora, o garoto. Eu faria o mesmo, mas com um conjunto de backing vocals anãs albinas tailandesas modificadas geneticamene.

                                                "Yours to Keep" tem, claro, tudo a ver com os Strokes. Está a bateria marca-passo, a guitarra bem posicionada, algumas eletronices para tornar a coisa esquisita, e, claro, o não-final das canções, interrompidas quando você menos espera. Mas falta pegada. Falta aquela urgência que apenas a voz de briaco de Julian pode conferir. Hammond é bonzinho demais, limpinho demais e, ah, sei lá, talvez parente do Jorge Vercilo de tão inofensivo que soa. Nem parece que cresceu ouvindo Velvet Underground ou Television, referências básicas dos Strokes.

                                                É um disco coeso, isso não dá pra negar. Hammond monta sua tralha sonora e a leva sob a mesma batuta o disco todo, o que, numa análise melhor, o torne monótono, repetitivo por vezes. A sensação de "já não ouvi essa música agora de pouco?" passa a ser constante depois da quarta faixa, "Bright Young Thing".

                                                Mas se você ouvir rápido, tipo durante uma concorrida liquidação de Natal das Lojas Americanas, vai pensar que é Coldplay. Inclusive a voz do juninho é MUITO parecida com a de Chris Martin - o que, dependendo do caso, pode ser um ponto a favor. Ou não. O fato é que Hammond pode melhorar. Mas não é bom esperar muito. Sugiro, sim, torcer para a reunião da banda logo e pela vinda de um quarto disco.

                                                    Não, não perdi...


                                                      E!

                                                    Acho que perdi meu blog


                                                      Puta merda...