Chega um ponto da vida que não dá mais pra ser triste. Certeza que algum desses ingleses do pós-rock deve ter escrito algo a respeito, mas o fato é que sinto isso agora. Sinto que não fico mais triste. Não aquele tipo de tristeza que o Drummond diz que deixa roxas as presas do elefantes. Hoje, se não estou feliz, alucinado com alguma coisa ou alguém, estou puto. Mal-humorado. Azedo. Mas não triste.
Quando era adolescente, adorava ficar triste. Me internava no quarto com os discos da Legião Urbana e me matava de escrever poesias para garotas impossíveis e amores que só existiam na minha cabeça. Creio hoje que naquela época eu tinha era tempo de ficar triste. Agora não. Apenas sentimentos rápidos, superficiais e compatíveis com o momento me interessam. Quem tem que ter profundidade é piscina, não meu cotidiano. Ele serve a um propósito e ponto final. Se desviar disso, trato de colocá-lo em seu devido lugar.
Então, posso dizer com segurança que apenas uma pessoa pode me deixar triste hoje em dia. Ela sabe disso da minha própria boca, porque é a mesma que enche minha vida de satisfação, prazer, amor, carinho e valiosas lições.
Ontem, no primeiro dia do ano, ela conseguiu essa proeza. Em condições normais, posto o fato estar inserido no meu cotidiano de trabalho, o máximo que poderia me causar seria uma imensa putice. Mas da forma como se deu, me deixou triste. De ficar com os marfins roxos.
3 comentários:
Sugiro que vocês retomem seu velho estilo: palavras ditas olho no olho, garganta regada com cerveja gelada. Estou torcendo pro abraço.
ah, sim.. não tinha pensado na tristeza (quando passa) sobre esse ponto de vista. Bom ponto de vista.
relaxa.
:>)
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