Os romanos criaram a política do pão e circo. E Edson Moura conseguiu a proeza de aprimorá-la. Como pão é blasé demais e o circo está pela hora da morte, o prefeito de Paulínia resolveu instituir a política da pipoca e cinema. A prova é a 2ª Mostra Paulínia Magia do Cinema, que termina neste final de semana e trouxe tudo o que há de mais irrelevante do que toca a Sétima Arte.
Mas a idéia de usar o cinema como plataforma populista travestida de boa intenção não é nova. O crédito, até onde sei, pode ser dado para o Secretário de Cultura de Americana, Fernando Giulinani, com seu inacreditável Cine Teatro. Claro que as comparações param por aqui. Como tudo que leva a mão de EM, a Mostra de Paulínia ostentou números inversamente proporcionais a sua alegada importância. É aí que as coisas se complicam.
Porque ao contrário de Americana, cuja secretaria não possui ninguém que entenda minimamente de cinema (ou de cultura mesmo, dependendo do ponto de vista...), o festival de Paulínia contou com a consultoria de Rubens Ewald Filho, o mais midiático crítico de cinema do País. Mesmo quem não sabe a diferença entre uma trufa e Truffaut tem ele como referência. Então o que explica a exibição pura e simples de blockbusters hollywoodianos entremeados por um ou outro filme nacional de qualidade/gosto/importância duvidoso?
Segundo o próprio REF, é preciso primeiro criar o hábito de ir ao cinema. Para isso, filmes populares são o caminho mais seguro – se não o único. Depois de acostumada, acredita o "especialista", a população estará apta a apreciar obras mais importantes. O que ele não leva em conta é que ninguém desenvolve bom gosto por hábito, mas sim com educação. Boa educação, diga-se de passagem, coisa que envolve berço, ensino formal e círculo social diferente de onde vive a imensa maioria dos paulinenses. Não adiante entupir de mortadela um sujeito que passou a pão e água a vida toda e esperar que em seguida ele aprecie lagosta com caviar.
Se o que se quer é "ensinar" a população a ir ao cinema, que tal começar por construir uma sala na cidade? Ninguém notou ainda que o município que abriga esse elefante branco não tem uma mísera sala de projeção? Ironia das ironias, Paulínia se pretende a Hollywood brasileira, mas precisa dos vizinhos quando quer ir ao cinema. Coisas de EM, enfim...
A própria abertura da mostra evidenciou o caráter popularesco da idéia de Moura. O mestre de cerimônias foi o ator Reynaldo Giannecchini, que nada tem a ver com cinema. Depois, exibição do longa "Antonia" e show com as garotas do filme (sem Negra Li, sua principal estrela). Depois, Paulo Betti e Lázaro Ramos deram as caras por lá para falar de seus respectivos "Ed Mort" (de 1997!) e "Cafundó" (2005!). Se a razão de ser da presença dessa turma não foi a de juntar o maior número possível de pessoas no Parque Brasil 500, então não sei qual é.
Porque, em suma, o que EM quis foi isso. Lotar o evento de qualquer jeito. E como bom animador de platéia que é, soube bem como fazer. Mesmo que a Secretaria de Cultura não forneça dados precisos sobre a quantidade de gente que passou pelo festival, é fácil perceber que poucos estavam de fatos interessados em cinema. Foram para comer pipoca de graça, curtir o movimento e, com sorte, tirar foto com algum ator da Globo. Nada de errado. Num evento sobre cinema onde o verdadeiro cinema ficou em segundo plano, não se podia esperar nada mais.
Mas a idéia de usar o cinema como plataforma populista travestida de boa intenção não é nova. O crédito, até onde sei, pode ser dado para o Secretário de Cultura de Americana, Fernando Giulinani, com seu inacreditável Cine Teatro. Claro que as comparações param por aqui. Como tudo que leva a mão de EM, a Mostra de Paulínia ostentou números inversamente proporcionais a sua alegada importância. É aí que as coisas se complicam.
Porque ao contrário de Americana, cuja secretaria não possui ninguém que entenda minimamente de cinema (ou de cultura mesmo, dependendo do ponto de vista...), o festival de Paulínia contou com a consultoria de Rubens Ewald Filho, o mais midiático crítico de cinema do País. Mesmo quem não sabe a diferença entre uma trufa e Truffaut tem ele como referência. Então o que explica a exibição pura e simples de blockbusters hollywoodianos entremeados por um ou outro filme nacional de qualidade/gosto/importância duvidoso?
Segundo o próprio REF, é preciso primeiro criar o hábito de ir ao cinema. Para isso, filmes populares são o caminho mais seguro – se não o único. Depois de acostumada, acredita o "especialista", a população estará apta a apreciar obras mais importantes. O que ele não leva em conta é que ninguém desenvolve bom gosto por hábito, mas sim com educação. Boa educação, diga-se de passagem, coisa que envolve berço, ensino formal e círculo social diferente de onde vive a imensa maioria dos paulinenses. Não adiante entupir de mortadela um sujeito que passou a pão e água a vida toda e esperar que em seguida ele aprecie lagosta com caviar.
Se o que se quer é "ensinar" a população a ir ao cinema, que tal começar por construir uma sala na cidade? Ninguém notou ainda que o município que abriga esse elefante branco não tem uma mísera sala de projeção? Ironia das ironias, Paulínia se pretende a Hollywood brasileira, mas precisa dos vizinhos quando quer ir ao cinema. Coisas de EM, enfim...
A própria abertura da mostra evidenciou o caráter popularesco da idéia de Moura. O mestre de cerimônias foi o ator Reynaldo Giannecchini, que nada tem a ver com cinema. Depois, exibição do longa "Antonia" e show com as garotas do filme (sem Negra Li, sua principal estrela). Depois, Paulo Betti e Lázaro Ramos deram as caras por lá para falar de seus respectivos "Ed Mort" (de 1997!) e "Cafundó" (2005!). Se a razão de ser da presença dessa turma não foi a de juntar o maior número possível de pessoas no Parque Brasil 500, então não sei qual é.
Porque, em suma, o que EM quis foi isso. Lotar o evento de qualquer jeito. E como bom animador de platéia que é, soube bem como fazer. Mesmo que a Secretaria de Cultura não forneça dados precisos sobre a quantidade de gente que passou pelo festival, é fácil perceber que poucos estavam de fatos interessados em cinema. Foram para comer pipoca de graça, curtir o movimento e, com sorte, tirar foto com algum ator da Globo. Nada de errado. Num evento sobre cinema onde o verdadeiro cinema ficou em segundo plano, não se podia esperar nada mais.
Ãpideiti: neste final de semana rola também a inauguração do shopping de Paulínia. Nele, estão previstas três salas de cinema digitais - que só serão abertas em 2008. Para quem não sabe, ano que vem é ano de eleição...
6 comentários:
Concordo em "gênero e número igual". :-b
Uma revista sobre este projeto rodou nas mãos da galera na Oficina de Cinema que frequento. Mas o interesse era pela escola. Será que nem a escola vinga, Briga?
Abraço.
As escolas, sim, pois têm parcerias com o Senac e FGV. O problema maior, Shira, é que como tudo em Paulínia tem cunho puramente político, a vida do projeto do Pólo Cinematográfico é incerta. Pena.
Sim, eu entendo. Por isso que concordo plenamente com tudo o que escreveu.
E o Rubão deve te levado uma nota grandíssima nisso tudo...
Se eu fosse o prefeito de Paulínia, vendia a idéia de separar uma pequena parte do orçamento da cidade pra comprar Limeira. Teria uma cidade inteira como cenário. Se não virasse, derrubava tudo pra estacionamento ou coisa parecida. (PC)
Pelo menos, não foi futebol ou rodeio...
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