(O Hammond é o que está segurando a guitarra!)
O mundo tem muita banda. Tá louco, pra que tudo isso, eu pergunto. Não sei, tento responder para mim mesmo, mas acho que é para, no meio de tanta perda de tempo, algo que valha a pena aparecer. E sempre penso nisso quando um integrante de alguma banda de sucesso se lança em carreira solo. A bola da vez é Albert Hammond Jr., guitarrista dos Strokes. Seu disco, que pode ser baixado aqui, parece salada de chuchu com melão.
Não culpo juninho. Deve ser complicado se desvencilhar do legado que ajudou a criar. Hiper hypados com certa razão, os Strokes viraram o jogo no começo do século ao surgir como opção para quem não aguentava mais o nu-metal idiotizante dos inúmeros clones de Limp Bizkit que surgiam a cada zapeada na MTV. Era a volta da garageira punk, da sujeira bonita de se ouvir, da fúria adolescente que pareciam ter ido junto com os miolos da cabeça de Kurt Cobain naquele abril de 1994.
Mas depois de meia dúzia de anos de badalação, a banda resolve dar aquele tempo básico para fazer a crítica esquecer do mezzo-muzzarella, mezzo-pepperoni último disco "First Impressions of Earth". Sem planos de voltar logo para os estúdios definitivamente, os integrantes de esparram como bem entendem. Hammond resolveu juntar um trutas e fazer um disquinho solo. Tem grana pra jogar fora, o garoto. Eu faria o mesmo, mas com um conjunto de backing vocals anãs albinas tailandesas modificadas geneticamene.
"Yours to Keep" tem, claro, tudo a ver com os Strokes. Está a bateria marca-passo, a guitarra bem posicionada, algumas eletronices para tornar a coisa esquisita, e, claro, o não-final das canções, interrompidas quando você menos espera. Mas falta pegada. Falta aquela urgência que apenas a voz de briaco de Julian pode conferir. Hammond é bonzinho demais, limpinho demais e, ah, sei lá, talvez parente do Jorge Vercilo de tão inofensivo que soa. Nem parece que cresceu ouvindo Velvet Underground ou Television, referências básicas dos Strokes.
É um disco coeso, isso não dá pra negar. Hammond monta sua tralha sonora e a leva sob a mesma batuta o disco todo, o que, numa análise melhor, o torne monótono, repetitivo por vezes. A sensação de "já não ouvi essa música agora de pouco?" passa a ser constante depois da quarta faixa, "Bright Young Thing".
Mas se você ouvir rápido, tipo durante uma concorrida liquidação de Natal das Lojas Americanas, vai pensar que é Coldplay. Inclusive a voz do juninho é MUITO parecida com a de Chris Martin - o que, dependendo do caso, pode ser um ponto a favor. Ou não. O fato é que Hammond pode melhorar. Mas não é bom esperar muito. Sugiro, sim, torcer para a reunião da banda logo e pela vinda de um quarto disco.
3 comentários:
sabe que vim aqui ontem e tava tudo branco, não tinha post nenhum.
Vc tá bem?
tô ouvindo Alceu agora cara.
Tu vens, tu vens... ;)
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