I'm Winston Wolfe. I solve problems.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Em defesa do papai-e-mamãe


    Então fica assim. O sexo é o assunto predominante. E ninguém quer ficar de fora. Pelo menos não por muito tempo. Cada qual tentando ser mais inacreditavelmente pervertido, inalcançavelmente incansável, absurdamente sexual (esqueça o sensual), dono da maior ereção da roda. Porque o que importa é o caminhão de orgasmos que a garota grita durante a sessão, e dane-se se o que ela queria mesmo era pegar um cineminha. Porque cinema, só que fora daquele que as falas são resumidas a "Ohhhh" e "Ahhhh". E aí do sujeito que gozar antes da quinta posição antes do chuveiro.

    É preciso querer tudo e sempre mais. Não se contentar em dormir de conchinha numa noite fria. Porque o simples encostar de epidermes é motivo mais que suficiente para mandar ver por horas. Eu disse horas, porque essa coisa de "ai, meu bem, desculpa, mas eu não agüentava mais prender" é coisa de gente frouxa. Tem que segurar o mastro levantado durante todas as preliminares, que devem incluir a maior gama possível de acessórios e repertório. E não pode repetir o falatório quando estiver lá engatado. Chamou de cadela uma vez, esqueça. Pediu para ser fodida, um abraço. Não pode falar de novo, então trate de devorar um dicionário de termos para quando os zoínhos começarem a virar. E vão virar pacas. Contadas as dúzias, como se colocassem ovos dentro da embalagem de papelão com serragem.

    E tome estimulante por todos os buracos do corpo, como um bando de fardados malucos marchando frenéticos avenida abaixo durante o sete de setembro. Transpirando, bufando a ópera ridícula dos sentidos entorpecidos, da carne sendo esfolada pela obrigação insana de mais e mais e cada vez mais até a TV dizer chega. Ejacular baldes de sêmen por todo corpo, sim, porque é assim que se faz, abre a boca vagaba e toma o suco do seu macho, é, engole tudo, isso, hum, isso, hum. Ou você quer parecer careta, frígida, quadrada. Por acaso dorme no mesmo quarto que os pais? Tá com vergonha? Não pode ter vergonha, medo, satisfação, tesão acumulado, falta de vontade, sono, unha encrava, porque tem um monte de gente aí querendo, então trate de botar isso aí pra funcionar. Tem que fazer Sade parecer um colegial.

    O que? Menos de quatro variações? Qualé, tá me achando com cara de que? Da sua mãe, aquela coitada que pariu meia dúzia de iguais a você que ficam agora ai regulando essa carne mal azeitada? Toda hora é hora e todo lugar é lugar. O cio é coisa de bicho, o lance é a paudurescência eterna para ambos, um jardim de delícias inconciliáveis como querer e poder. Inibição é para os sujeitos de chapéu de feltro e luvas de veludo, a gente quer mesmo é a esbórnia eterna. Absoluta, total e irrestrita. Ninguém mais tem sexo, o que vale é fazer sexo.

    Romantismo de cu é rola e ta sentado nos bancos escolares burgueses. Vale é a repetição do moto perpétuo, inconsciente e acelerado, insano, quase um ataque cardíaco cada vez mais iminente. O rubor surge mesmo quando se diz que ah, ontem a gente só dançou abraçadinho aquela do Neil Sedaka e foi pra cama pra poder acordar cedo e caminhar no calçadão. Nada de substâncias, nada de substancioso, apenas o bom e velho amor. Aquele feito de levinho, em meio a risadinhas e carícias, cheirando a hidratante pós-banho e condicionador, lençóis limpos, juras impossíveis e absurdas, quente e úmido, macio e confortável, seguro como gostamos de acreditar que era nos tempos dos nossos avós. O colchão sequer range. E no final, nem sede dá. Apenas o gosto das salivas misturadas e nada mais.

    Agora dá licença que eu vou lá pra trás brochar. Eu mereço.

2 comentários:

Anônimo disse...

Essa obrigação de ser sempre o fodão deve ser brochante mesmo :S.

Anônimo disse...

O pior é que está cheio desses fodões por aí...alias.. acho q só sobraram eles msm!!