I'm Winston Wolfe. I solve problems.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Cinema mudo


    Minha coluna de cinema de hoje, como deveria ter saído...

    "A gente não engole tudo o que mastiga", diria BNegão. E ele está certo. Às vezes, o sabor não é condizente com a promessa e aí é melhor botar pra fora mesmo. Pode parecer realmente bom, mas só colocando na boca para saber. Lembra do comercial que dizia "Se o gosto é bom, a coisa é boa"? Pois é, nem sempre é assim. Principalmente quando se trata de cultura, um verdadeiro oceano de (dis)sabores. E quem sabe (ou pode) degustá-los da forma mais adequada, ou mesmo correta? Eu arrisco dizer que é aquele que mais se lambuza de tudo o que encontra pela frente. É preciso provar de algo para poder julgar, com propriedade, se é bom ou ruim.
    Logo, quanto mais se prova, mais conhecimento se tem. Não posso opinar sobre um filme de Orson Welles se nunca assisti a nenhuma obra do criador de "Cidadão Kane". Permito-me, no máximo, um comentário frívolo, descartável. Mas é possível, tendo assistido a obra-prima de Welles ou qualquer outro pilar do cinema mundial, sentar-me confortavelmente em uma sala escura e não torcer o nariz para, por exemplo, "Serpentes a Bordo"? Não estou comparando um filme com outro, mas sim afirmando que, de posse de conhecimento acumulado ao longo de uma vida dedicada a filmes (ou qualquer outra forma de produção cultural) não posso/consigo/quero ficar indiferente ao que vejo.
    O colunista Luiz Biajoni, em sua última coluna, me tacha de chato e irritante por buscar sempre o novo. Fico lisongeado por também me considerar um intelectual – rótulo que nem de longe me serve – mas ele erra ao questionar se os dito cujos, apesar de saberem o que é bom, têm gosto. Ora, conspícuo mestre, gosto não se discute. O que eu ou você ou o presidente da Câmara de Oriximiná do Sul gostam não faz a menor diferença. "A minha opinião, e a opinião dos especialistas, ainda assim, é só opinião", categorizou Millôr. Sugerir que se assista a um filme, ouvir uma música ou ler um livro como se estivesse fazendo isso pela primeira vez na vida é impossível. Porque a partir do momento que se trava contato com qualquer tipo de produção cultural, cria-se automaticamente uma consciência crítica que passa a ser usada como parâmetro para tudo. Quanto melhor for sua bagagem, mais chato você vai ser. Um garoto de 15 anos, que só assistiu a blockbusters hollywoodianos direcionados para sua faixa etária deve adorar "Miami Vice". Já alguém com um pouco mais de idade e que foi alimentado com clássicos hollywoodianos da década de 50 e 60 certamente não ficará na sala até o final – isso se entrar em uma.
    Não é uma questão de comparação direta. Não vou colocar na mesma baia o humor refinado e inteligente da trupe inglesa do Monty Phyton e a comédia fácil e grosseira dos irmãos Wayans. O que não me impede de, numa tarde de domingo, pegar uma matinê para desopilar o fígado de tanto gargalhar com as piadas escrotas e non-senses destes últimos. Só não posso me esquecer de colocá-los onde merecem.

2 comentários:

disse...

Concordo e discordo, em [partes por ser crica, em partes por achar que arte e cultura não se criticam, se sorvem.
Impossível discutir isso por blog, um dia numa mesa de bar com muito Jack on the rocks, quem sabe.
Curiosamente o post que escrevi ontem e ainda nõa postei toca nesse tema, mas de forma bem menos requintada.
Mas chamar Monthy Phyton de refinado você apelou! Infelizmente meu namorado ama a trupe e me fez ver quase todos os filmes. Tortura com requintes de crueldade.

Anônimo disse...

Para mim, issu tudo é uma porcaria e vocês não entendem nada!!!!!