I'm Winston Wolfe. I solve problems.

quinta-feira, junho 30, 2005

Vaca

Ela é uma vaca. Também não presto muito, mas pelo menos não fumo e jogo as cinzas no carpete. A lingerie toda furada, imprestável, puída. Coisa mais horrenda. Manteiga e café gelado. Quem sabe se eu furasse um dos pombos que cagam no quintal e fritasse. Não, ela gosta dos pombos. Eu também não me importo se descarregam seus intestinos na minha casa. Meu chefe faz isso na minha honra todos os dias e eu nem me importo. Na verdade, até gosto. Fico no meu cubículo imaginando a esposa raquítica e purulenta dele, como todas as esposas de chefes devem ser, e tenho uma ereção do tamanho do finado World Trade Center. É, ele não existe mais. Se fuderam. Todos eles se fuderam. Até meu chefe, que tinha uma bela casa em Miami se fudeu no último tornado que por lá fez escala. Paisinho de merda! Um monte de pretos com dentes de ouro se engalfinhando com brancos de terno Armani. É, tem mais que se fuderem mesmo. Eu prefiro minha caipirinha, meu feijão tropeiro e a bunda deliciosa da mulher do vizinho da frente, toda arreganhada, lavando a calçada. Fico imaginado quantas estocadas aquele monumento já não deve ter levado durante sua prodigiosa existência. Ou não, porque o idiota do marido parece ser um broxa inveterado, daqueles que só tem uma ereção a cada eclipse lunar. Azar o dele. Quanta vezes me peguei imaginando aquela mangueira vertendo água ser introduzida no rabo da putanha, a água saindo pela boca junto com toda a porra que deve ter acumulada no estômago, após tantos anos. Droga! Cinza de cigarro no carpete! Vaca! Devia gozar dentro dela, dar-lhe um filho, uma máquina de comer, chorar e cagar. Aí me mandava pro sertão baiano, ia morrer numa choupana de pau-a-pique no meio da caatinga. Eu, uma cabra e o céu azul do Guimarães Rosa. Não há maneira mais doce de morrer. Sem ninguém por perto, sem lágrimas copiosas e hipócritas. Sem luto. Sem dor. Sem pombos. Sem ela.

Jimi Hendrix é buceta

A dúvida é antiga e assola todos os integrantes do sexo masculino. O que é melhor? O que é mais aprazível? O que vem primeiro à mente? Peitos ou bunda? Os brasileiros carregam a pecha de apreciarem mais um bom traseiro. Os norte-americanos gostam de peitos fartos. Os Europeus gostam de mulheres altas e os asiáticos - me perdoa, Ina, mas não posso perder a piada - parecem não gostar de nenhum dos dois.

O fato é que estávamos Denis (Deus), Bia e eu a discutir sobre o que cada um gostava mais. Uma terceira opção, entretanto, era unânime. Gostando de peitos ou de bunda, o fato é que todos gostávamos de buceta. É, desse jeito. Mas pode chamar de vagina, vulva, clitoris, xoxota, casa do caralho e qualquer outro adjetivo. Dá no mesmo.

Conclusão: buceta é algo que não conta, de tão importante que é ou tão enraizado no gosto da geral que está. Tipo numa lista de melhores guitarristas. Nela, Jimi Hendrix não pode entra, porque está acima do bem e do mal, é referência de qualquer sujeito que ousa dedilhar as cordas na horizontal. Logo, Jimi Hendrix é buceta.

E o raciocínio vale para qualquer área. Saramago é (ou já foi) buceta. Sócrates é buceta. Beethoven é buceta. E, com o perdão do trocadilho, Cicciolina é buceta.

E quem não gosta?

segunda-feira, junho 27, 2005

Pai dos burros

Dia desses fiz uma reportagem sobre os 10 anos de internet comercial no Brasil. Dez anos oficiais, desde a fatídica canetada do bem falecido Sérgio Motta, em abril de 1995. Conversei então com um sujeito que me disse ser um dos maiores méritos da Internet possibilitar a concretização de projetos de forma cooperativa. E citou com exemplo a Wikipedia e o Linux. Politicamente correto, o rapaz.

Agora, acho isso, que também é feito a milhares de mãos e tem propósito paralelo ao fantástico Wikipedia. Mas não me deixa mais preocupado achando que o ser humano tomou jeito. Tanx, Denitcho!

Da lata

Pra quando ela negar a dita cuja...

Rei

O macacão voltou. E parece que vai ser bom. Até carro o símio descolou. Güenta esperar até dezembro...

Jornalismo

Jornalismo é uma tentação para a pena. Todo mundo gosta de dar pitacos sobre o tema, é incrível. O único livro que li até hoje sobre o tema foi o tal do "Showrnalismo: a Notícia Como Espetáculo", do José Arbex Jr. Coisas da faculdade, tipo ficha de leitura obrigatória. E ficava ouvindo os professores e alguns camaradas - considerados por todos os mais promissores na profissão - babando azul para o Arbex Jr., o Dines ("Viram ele descendo o pau na Veja? O Observatório da Imprensa é o único programa que assisto na TV, de longe o melhor", punhetavam, dentes arreganhados), e até o Barcellos ("Cara corajoso, não? Isso que é repórter, arriscou a vida pra denunciar a Rota", gozavam as Pollyanas).

Eu ficava puto com isso, porque não conseguia achar a menor serventia para esses caras. Ficavam discorrendo sobre o que pensavam saber, se vangloriando secretamente por terem nossa idade de carreira jornalística e agora escreviam toneladas de porcarias para que ficassemos pagando pau para os seus feitos.

Me sentia um tremendo otário quando a conversa debandava da última capa da Playboy para o último livro do Kotscho. A coisa se tornava realmente nojenta, porque percebia que meus colegas se levavam bem a sério, faziam planos de enviar currículos para a Globo, fazer os cursos de jornalismo da Folha, do Estado, da Abril, pra tramparem como estagiários praticamente de graça e, com sorte, tentar uma vaga como aulixiar de alguma editoria insignificante, e coisas assim.

Então me considerava mais otário ainda, porque não tinha essa aspirações. Não queria ser como esses "escritores", gente que deveria ter vergonha de falar sobre uma coisa tão abstrata quanto o jornalismo e o faz de maneira tão arrogante, tão cheia de propriedade, como se tivesse mesmo criado o dito cujo. Mas estava cercado de gente que conhecia cada linha de "Castelo de Âmbar", do Mino Carta.

Hoje, quatro anos depois do meu debut no jornalismo, vejo o quanto foi bom ter cagado para isso tudo. No moedor de carne que é a imprensa diária, só ficam os carnes-de-pescoço, que devem se valer muito mais de astúcia, instinto e sagacidade que da biblioteca de entendidos no babado que formaram durante os anos de faculdade. E notícias me dão conta que aqueles velhos trutas, admiradores nervosos desses grandes cânones do nosso jornalismo, hoje batalham por bicos em assessorias de imprensa, publicações que não pagam nada ou simplesmente desistiram da guerra logo na primeira batalha.

Então, como diria o epistolar Bob Jeffe, pode pegar esse monte de livro e arquivar LÁ.

sexta-feira, junho 24, 2005

Ziper da Semana

Remando - quando surgiram, os blogs não passavam de diários adolescentes virtuais. Pelo menos essa era a imagem vendida. Logo, eles se transformaram em fonte de informação confiável e abundante, trazendo de volta gente muito boa que estava de fora da mídia convencional. Uma das áreas que ganhou com isso foi a cultura pop. Estouram pela "blogosfera" sites com viés pop sobre música, literatura, cinema, comportamento, humor e até política. Não à toa, quem quer se manter bem informado deve fugir do "padrãozão" imposto por jornais e revistas e mergulhar (não surfar) na Internet. Sugiro, para começar, alguns endereços visitados com freqüência por este que vos escreve. Sigam esse roteiro e não vão se decepcionar. Se tiverem alguma sugestão, o e-mail para a coluna está logo abaixo.
- Scream & Yell - conceituado, é considerado o fanzine pop mais antigo em atividade na web. Boas resenhas de filmes e discos, além de colunas fixas bem interessantes.
- Pedro Alexandre Sanches - blog do ex-repórter do caderno Ilustrada, da Folha de S.Paulo, e atualmente na Carta Capital. PAS é bode velho e sabe do que fala. Sua página traz mais do que blá-blá-blá pop e resvala, por vezes, em questões sociais e políticas.
- No Mínimo - com um time de colunistas de primeira, é bem visto em quase todas as esferas a que se propõe analisar. No caso da cultura pop, destaque para Arthur Dapieve e suas críticas cheias de referências.
- Digestivo Cultural - o sítio é voltado para literatura, e por vezes traz assuntos para paladares mais experientes. Nada que um bom intensivão não resolva. Comece já.
- Senhor F - revista eletrônica com notícias de outros sites atualizadas durante o dia e conteúdo próprio. Colunas e entrevistas com artistas da música pop atual e outros nem tanto.
- Trabalho Sujo - blog do Alexandre Matias. Cheio de hiperlinks para os mais diversos tópicos relacionados a cultura pop, é dos endereços mais visitados para quem quer se manter ligado no mundinho, do underground ao mainstream.
- Rabisco - outra publicação eletrônica que vale a pena. Análises de filmes e discos sob óticas pouco ortodoxas. Ou não. Destaque, novamente, para as colunas de opinião.
- Biajoni! - recém-criado blog do jornalista americanense, traz vasta informação sobre todo tipo de assunto ligado à cultura pop. Filmes, livros e discos, seu produtores e produtos, novos e velhos, são vistos e revistos pelo blog, que possui ainda links para outros bons endereços.

Ghost writer

O Dênis é o cara. E é meu amigo. E amigo de mais uma porrada de gente. E escreve bem pra caráleo. Felizmente, preferiu fazer carreira como gestor de negócios internacionais e ficar podre de rico a entrar para o mundo da comunicação e vender o almoço pra comprar a janta. Ele nos brinda com essa pedrada de auto-crítica. Espero que apreciem.

"Ando muito intrigado com várias coisas nesses últimos meses, fato que se acentuou demais nos últimos dias. O fato de se achar azeite num recipiente cheio de vinagre não é a melhor sensação do mundo. Com isso comecei a questionar várias coisas que estão acontecendo no meu cotidiano, numa preocupação bem mesquinha mesmo, na qual eu fiquei avaliando todos e tudo aquilo que estão ao meu redor. É claro, estou velho! Eu que não me enquadro e nitidamente estou ficando pra titio, encalhado, enfim, estou sobrando.
Certas atitudes e até mesmo a maneira que muitas pessoas levam a vida me causam espécie pelo simples fato de não serem poucas as pessoas que agem assim. Poderia classificá-los, mas além de pouco polido, deve dar azar nomear coisas grotescas, não vou me arriscar.
Mas eles são mesquinhos, uma das características mais latentes é a paixão por carros. O mais incrível que essa paixão abrange carros de beleza e potência, no mínimo questionáveis. Como alguém de razoável inteligência pode achar, por exemplo, um Omega 92 ou um Voyage 89, rebaixado e com o indispensável insulfilm, umas das maravilhas do mundo? Confesso que falar sobre carros está longe de ser o meu passatempo predileto e isso pode contribuir com essa birra que tenho com relação a esse assunto, mas idolatrar carros velhos e passar horas falando sobre o mesmo assunto é irritante. Ah, em tempo, não tenho nada contra Omegas, voyages ou qualquer outro tipo de carro, pode até ser que eles já tiveram os eu tempo de glória, mas venhamos e convenhamos. Isso, sem contar outro assunto no qual sou leigo com o maior orgulho, que é som automotivo. Não sei quanto de potência é necessário pra ter um som "da hora" ou quanto de grave devo deixar no carro para ser um cara que "entende" de som. Aliás, aí está um enigma que me intriga, já que para mim está cabalmente comprovado que a potência de som é inversamente proporcional ao bom gosto da música executada no carro.
Entender ou não de música, isso sim tem o dom me tirar do sério. Ter o meu gosto musical colocado em xeque faz com que eu tenha acessos de azia. Ter que aturar comentários que defendem o Bruno, parceiro do Marrone, como melhor cantor do país e outras sandices do gênero, me deixam desolado e preocupado com o rumo da nossa cultura popular. O fato de ser popular em hipótese alguma pode significar que ela necessariamente tem que ser ruim. Mas é isso o que acontece. Plagiando Luiz Fernando Veríssimo, não compre nenhum cd que tenha cinco ou mais pessoas na capa ou que tenha vendido mais de um milhão de cópias.
Mas voltando ao Bruno, o fato de eu não concordar e, mais do que isso, achar que ele está longe de ser um bom cantor, faz com que eu seja taxado de metido e que tenho um gosto esquisito pra música.
Intelectualóide, ranzinza, presunçoso que exala soberba, mas limpinho! Soy Yo! Como adoro dizer: "Tô cagando e andando!"
"Nossa, como você se acha!" - eu já ouvi isso diversas vezes, mas nunca concordei. Acredito que mesmo não me “achando”, não trocaria a minha linha de raciocínio por essa vigente na maioria por nada. Por que acordar na segunda-feira preocupado com a balada de sexta, ou de quinta? Estou ficando velho ou minha mãe tem razão quando diz que eu nasci na época errada? Segundo D.Rúbia, eu adoraria viver na década de 60 ou 70. Será?
Voltando às característica dessas nova "tribo urbana", a necessidade de se enquadrar à essa tendência besta e pobre que estamos sujeito hoje me deixa intrigado e não tão certo de materializar um desejo que tenho desde sempre, que é ser pai. Como será o futuro? Meus filhos serão iguais a isso que forma a sociedade hoje? Dizem que ter filho é dar um voto de confiança no mundo e na sociedade e esse meu voto eles não fazem o mínimo para merecer.
Para piorar, essa minha chatice precoce, essa postura ranzinza que cada vez menos faço questão de implicitar, está gerando ressonância na minha vida afetiva. Como se encantar por alguém que tem tudo para me irritar. Excetuando o lado físico, já que belas mulheres não faltam e o fato de eu não ser nenhum modelo insofismável de beleza, o que já deixa o meu padrão de exigência em níveis bem maleáveis, conseguir se divertir com uma boa conversa, sem nenhum compromisso com o instrutivo ou o lúdico, somente com o bem-estar, uma conversa de horas, sem rumo, sem limite estipulado, ou seja, um bom e velho bate-papo, é artigo de rara dificuldade de se conseguir.
Bem, pelo menos estou bem no meu novo emprego e o chefe gosta de mim, ele já me chamou até pra ir à zona e não esquentar com dinheiro, isso o caixa 2 garante, mas só irei se for pra fazer um "social", mesmo porque não vai ser lá que eu vou conseguir essas conversas agradáveis com o sexo oposto.
Pelo jeito é se concentrar no trabalho e crescer o tanto que o meu potencial e as oportunidades permitirem, o que, na visão do presunçoso aqui, não é pouco. Enfim, nem tudo é tristeza, aliás, mesmo com todo esse meu murmúrio, considero-me e sou considerado, uma pessoa de alto astral, aprendi a tomar conhaque e a fumar cachimbo, tenho amigos fantásticos, com ótimo senso de humor, o Rolling Stones voltarão ao Brasil em janeiro e várias outras coisas que, se não têm a mínima importância para a galera que adora o McDonalds e Nike Shox (nem sei a grafia correta), eu me contento com elas. Pra ficar bem legal mesmo, poderiam acontecer dois fatos que me deixariam com sorrisos Telettubicos na face: encontrar essa mulher para conversar de uma maneira que eu me divirta (se tiver peitão, juro que não vou reclamar) e o Parreira parar de insistir com o Lucio e o Roque Junior na seleção. Porra Parreira, ta me zoando???"

E ele não sabe que eu botei isso no ar ainda...

quarta-feira, junho 22, 2005

Definitivamente...

Tô ouvindo o novo disco do Oasis, "Don´t Believe the Truth". Parece legal. Se bem que pela Rádio Uol não dá pra diferenciar os instrumentos, tamanha a qualidade do aúdio. Mas parece legal. O Dapieve já quitricou. Quitrique você também. Ou não.

segunda-feira, junho 20, 2005

Academia

Faz tempo que blog deixou de ser diário de adolescente e se transformou na salvação do jornalismo (seja lá o que isso significa). Aí vem a Unicamp e pensa que descobriu a Pedra Filosofal. Dêem um bico em “Entre o público e o privado: um jogo enunciativo na constituição do escrevente de blogs da internet”. Porca pipa...

domingo, junho 19, 2005

Gift

Presente de fim de noite de domingo. Um Stones. Senão o meu favorito, um dos. Agora tenho certeza que ela me odeia. Ninguém dá um disco cuja contracapa é um sujeito de pau duro a toa. Medo.

sábado, junho 18, 2005

Atendendo a pedidos...

(Originalmente publicado no T&Q)

– Você é gay?
– ...
– Ei, tô falando com você.
– Oh, sim. Comigo?
– É. Perguntei se você é gay.
– Como é que é?
– Além de gay é surdo? Quero saber se tu é bicha, viado, baitola, se dá marcha ré no quibe.
– Nossa, que mina vulgar, credo. De onde tu saiu? De uma peça do Plínio Marcos?
– Ah, além de bicha é metido a intelectual, é? Já imaginava...
– Ei, ei! Chega, tá certo? Não sou gay, pronto. Respondi a sua pergunta?
– Então porque não olhou?
– Não olhei o quê?
– Quando eu entrei. Dava pra ouvir quase todos os pescoços estalando quando eu entrei. Só você não olhou. Qual o problema, hein?
– Problema algum. Apenas não te vi entrando.
– Ah, essa é boa. Qualquer homem que se preza me vê entrando. Ainda mais num lugar cafona como esse aqui.
– Puxa, desculpa, não quis ofender. Quer que eu olhe? Pronto, tô olhando. Tá satisfeita? Então sai fora que quero terminar minha cerveja antes que ela esquente.
– Amigo, você não tá entendendo. Não quero que me olhe porque eu pedi. Quero que me olhe porque sou irresistível, como atestaram todos os outros homens do lugar. Todos olharam como se quisessem me devorar, me despindo com os olhos como se eu fosse a última mulher da face da Terra. É isso que eu quero.
– Ah, saquei. Quer que eu pague pau também, né? Bom, sinto informar, mas... nem fudendo.
– O quê? Como assim? Olha, olha que decote maravilhoso. Tá vendo esse par de peitos aqui? Já me ofereceram quantias obscenas apenas para eu tirá-los para fora.
– É, são legais. Se eu fosse mulher, iria querer uns desses também. Mas guarda pra dentro, tá? Isso pode dar ato obsceno e não estou a fim de passar a noite no plantão policial...
– Não, não são legais. São apetitosos, excitantes, exalam estrógeno. Vai dizer que isso não te deixa excitado.
– Tanto quanto filme pornô na TV a cabo de madrugada. Não passo sem um...
– Olha aqui, olha que beleza de bunda. Sabe quanto tempo passo na academia para deixá-la assim, durinha, redondinha? E sabe quanto custou esse vestido semi-transparente que deixa apenas um aperitivo a mostra? Sente aqui, pega pra você ver, pega!
– Opa, calma aí, estamos num lugar público. Não vou ficar pegando na sua bunda assim, sem mais nem menos. Nem te conheço direito, sei lá...
– Não é possível. Olha que cinturinha de pilão, bem modelada. Não dá vontade de abraçar ela? E vai dizer que não sente vontade de beijar essa barriguinha lisinha, durinha. Ah, já sei, tu tem fetiche por pés. Então olha, não fico um dia sem ir na pedicure, olha como são lindos.
– Pô, tá louca? Tira esse pé daqui! Melhor tu ir sentar, tá todo mundo olhando, comentando, vai pegar mal.
– Vai pegar mal mesmo. Eu... não sei... eu.... só... ah...
– Ah não, não vai começar a chorar, pelamordedeus!
– Olha, não me leva a mal, mas eu lia a Capricho quando tinha 10 anos, não perco uma edição da Nova desde os 17, sou assinante da Cláudia e Marie Claire e assisto sempre ao Multishow. Sei exatamente tudo o quê um homem quer, tudo. Principalmente à noite, num barzinho. E agora você me despreza, faz pouco caso, nem me nota. O que eu fiz de errado, hein?
– Putz. Olha, já falei, não foi minha intenção, mas é que eu tava aqui, tomando a minha cerveja, distraído, pensando na...
– Ah, eu sabia! Pensando em quem, hein? Duvido que ela saiba a posição Flor de Lótus do Kama Sutra tão bem quanto eu! Vai, fala, quem é ela? Uma namorada? Esposa? Amante? Amiga de beijo? Uma ficante?
– Ei, calma aí, tu nem deixou eu terminar a frase. Eu tava pensando na vida, só isso. E não pergunte qual vida porque eu só tenho uma. Então era nessa mesma.
– Quer dizer que não tem outra garota?
– Não. Bom, até tem. Tinha, na verdade. Mas faz tempo. E isso não importa, não vem ao caso. O fato é que você tá no caminho errado.
– Como assim? Já te falei da minha bagagem, isso é improvável. Eu sou a fêmea suprema, eu escolho quem eu quero e quem eu quero me quer também. Na verdade, todos me querem. Sou uma verdadeira deusa da sexualidade.
– A Marta Suplicy também costumava ser...
– O quê disse?
– Nada, disse se você os quer. Os homens, quero dizer...
– Quero que eles me queiram.
– Ah, sei. Tudo se resume a isso, então?
– E tem mais alguma coisa?
– Sabe o que penso quando vejo uma garota como você?
– Há, há, há, claro. Mas comenta baixinho porque...
– Não, não penso em muita coisa. Penso só em punheta.
– Quê?
– É. Você é igual a um filme pornô caseiro, uma Playboy antiga, ou minhas lembranças da vizinha tomando banho quando eu era pequeno. É uma vontade puramente instintiva que pode ser satisfeita rapidamente.
– Mas como, se você nunca me viu nua, nunca fez nada comigo, nem sabe...
– E nem preciso, é tudo igual. Peitos, bundas, coxas, barrigas, pescoços, enfim, só mudam de tamanho e cor.
– Então quando me vê não sente nenhuma vontade, nenhuma excitação? Sua imaginação não explode de idéia a respeito do que poderia vir a acontecer?
– Sim. Por exatos 10 segundos. Depois volto a pensar na vida.
– Nossa. Nunca ouvi nada tão desagradável em toda a minha vida.
– Aposto que nunca ouvi nada de agradável também, já que, pelo visto, te dizem apenas aquilo que te interessa.
– Você é um monstro. Não é à toa que tá aí, sozinho.
– Não, não estou sozinho. Você tá aqui, me enchendo o saco, chorando as pitangas enquanto minha cerveja esquenta.
– Fica ai, então. Vou achar alguém que realmente aprecie o que é bom.
– Não vai ser difícil. Procure por alguém com torcicolo.
– Escroto.
– Saúde.

sexta-feira, junho 17, 2005

Ziper da semana

Impressionado com o baixíssimo nível de leitura apresentado pela molecada, este que vos fala resolveu tomar providências. De início, pensei em colocar uma pistola automática na boca de cada um e obrigá-los a ler algo que preste. Mas percebi que isso seria impossível, já que o Estatuto do Desarmamento não me permitiria colocar um arsenal desse porte nas ruas. Então, vou indicar duas obras que acabaram de chegar ao mercado brasileiro e que merecem ser lidas, independente do seu gosto musical.

A primeira é “Crônicas - Volume 1”, de ninguém menos que Bob Dylan. O sujeito que reinventou a música nos anos 60 resolveu, no outono de sua vida e carreira, botar pra fora tudo aquilo que todo mundo estava ansioso para saber. E o bom velhinho não perdoa. Direto, ele rasga o verbo contra o sistema, a geração hippie e os próprios seguidores que, segundo ele, o faziam ter vontade de incinerá-los. A importância de Dylan na música pop é incomensurável e, por isso, é imprescindível ler suas memórias.

O outro, embora menos importante musical e socialmente, é “Scar Tissue: a vida alucinada do vocalista dos Red Hot Chili Peppers”, de, adivinhem só, Anthony Kiedis. Como autobiografia, o livro se basta. Narra a infância do cantor na Los Angeles dos anos 70, o primeiro contato com drogas aos 11 anos, a relação de amor e ódio com o pai, a formação musical e muitas, mas muitas drogas, sexo e algum rock’n’roll. Em alguns momentos, inclusive, chega a parecer um panfleto dos narcóticos anônimos, quase na mesma linha de “Corações Envenenados”, de Dee Dee Ramone, lançado em 2004. Mas é mais do que isso. É a história do sujeito que ficou, em muitos momentos, na corda bamba da vida. Mas musicalmente é ralo, não se aprofundando, por exemplo, na história da criação dos discos ou na rotatividade de músicos na banda. Ainda assim, exala uma honestidade que só encontrei na história contada pelo ex-ramone supracitado. Logo, vale a pena.

O único porém, em ambos os casos, é o preço. Em média, cada um sai por R$ 47. É muito, muito caro. Sugiro que comprem em coletivo. As leituras são rápidas e, quero acreditar, renderão uma nova visão sobre a música.

quarta-feira, junho 15, 2005

Mais essa...

Quando surgiu, Alanis Morissette vendeu umas 30 milhões de cópias de seu disco. Recorde absoluto para um álbum de estréia na história de música pop. Daí por diante foi só ladeira abaixo. Agora, a neo-hippie deve estar com sérios problemas financeiros e resolve regravar "Jagged Little Pill", o dito cujo debut, só que agora em versão acústica. Alguém pode avisar ela que essa onda de faturar os tubos fazendo música pra acampamento (putz, não resisti, desculpem...) já passou?

E avisa também o Roger. Tenho certeza de já ter lido em algum lugar, quando alguma banda oitentista se preparava para um acústico MTV, em que ele disse que o Ultraje a Rigor nunca faria uma barbaridade dessas. Pois o cara teve a cara de pau de gravar versões banquinho e violão de "Nós vamos invadir sua praia", "Pelado", "Sexo", e as outras pérolas que só Roger e gangue foram capazes de criar. Pode falar o que for sobre os anos 80, mas é inegável que o Ultraje era legal. Até abertura de novela os caras fizeram, mesmo sendo feios, sujos e malvados.

Agora vem com essa história de acústico. Juro que faço questão de, quando lançarem esse disco, agendar uma entrevista com ele e rasgar o verbo. O Capital Incial, o Ira!, os Engenheiros do Hawai, o Kid Abelha, o Lulu Santos e até os Titãs, que deram origem a essa palhaçada toda, até merecem terem os instrumentos desligados (só esqueceram dos microfones, pequeno detalhe...), pois sempre se consideraram grupos predestinados a "salvar o rock", "levar uma mensagem", "protestar", e outras estultices mais. Tanto que a música "Chiclete" foi renegada pelo Scandurra quando ele saiu do Ultraje para montar o Ira!. Disse que ela não combinava com a nova banda.

O Ultraje sempre primou pela irreverência, pelo non-sense, a mais completa esbórnia lírica, do jeito que a molecada debochada gostava. Arrisco dizer que o deboche do Ultraje só encontra paralelo nos Mutantes. Mas isso é outra história.

Entretanto, depois de tirar foto de barraca armada, não sobrou muita opção para Roger e Companhia senão depenar as próprias canções. Triste.

Dor de cotovelo

Se tem uma coisa que marca é música para dor de cotovelo. Principalmente aquelas inesperadas, que estava tocando no momento errado, no lugar errado e para o sujeito errado. E elas ficam grudadas no seu cortex com muito mais força que aquelas sugestivamente colocadas de trilha sonora para uma bela trepada, uma viagem longa ou uma tentativa de aproximação mais incisiva.

Sempre que você ouve a dita cuja, lembra da melhor parte daquele lance que sabe que nunca mais vai rolar. Pode até rolar, em forma de revival, mas não vai ser a mesma coisa. Não com aquela espontaneidade, aquele vigor de descoberta, enfim, tudo que fez daquilo algo que acaba sendo revivido por uma canção. E como dói.

Como bom discípulo de Sade, cheguei a fazer um CD só com músicas que lembravam uma antiga namorada. A primeira, acredito. Acho que era uma forma de expiar um sentimento de culpa (larguei e voltei com a garota duas vezes. Mas eu tinha 16 anos, pô...) que me consumia. Então colocava o disco no aparelho, apertava repeat, e ficava ouvindo por horas intermináveis. Mas ninguém sabia daquilo. Quando consegui minha habilitação e passei a pegar o carro do papai, escondia o CD numa abertura estratégica dentro do porta-CDs. Assim, quando saia com a galera, o case era passado para todas as mãos, que escolhiam a trilha sonora da noite, mas não achava a coletânea que carinhosamente havia apelidado de "Músicas para lembrar dela".

Sim, que queria lembrar dela. Queria ficar pensando nos momentos que havíamos passados juntos e imaginar que, naquele instante, um outro agora ocupava meu lugar. E ela estaria bem, estaria feliz, pois a besta quadrada aqui só agora se tocava de sua total descartabilidade. Mais tarde, tomaria consciência que todos são substituíveis.

Custei a acreditar que um dia me livraria daquele CD, que até então estava em sua quarta cópia. Sim, de tanto ouvir, manipular, tirar e colocar de esconderijos, as mídias acabavam estragando. Então fazia outro e marcava o título com pincel atômico. Isso durou uns bons quatro anos. Mas um dia, não sei bem porquê, resolvi jogar fora a bolachinha. Ou melhor, destrui-la. Fui até a oficina do meu pai e fiz do CD um queijo suíço, utilizando para tanto uma furadeira de bancada das melhores. Era o fim.

Hoje, revirando alguns CDs de backup antigos, me deparei com os arquivos em MP3 originais. Ouvi e sorri. Foi um tempo bom. Um tempo que uma música realmente me marcava, porque estava aberto para isso, precisava da canção me queimando como um marcador de gado. Agora, com o couro um pouco mais duro, o aço em brasa demora mais para cumprir sua missão.

Mas, como havia dito, canção de dor de cotovelo a gente não escolhe. A lista a seguir é a que compunha minha obra de auto-flagelação. São canções pop interessantes, que retratam uma época. Pelo menos para mim.

1. Always - Bon Jovi
2. Perfect - Alanis Morissette
3. 2 become 1 - Spice Girls
4. My all - Mariah Carey
5. Don´t speak - No Doubt
6. Amor eu grande amor - Barão Vermelho
7. Torn - Natalie Imbruglia
8. Under the bridge - Red Hot Chili Peppers
9. Nostalgia - Shakira
10. Midnigth in Chelsea - Jon Bon Jovi
11. Hole in my soul - Aerosmith

Chupada hard core

Depois de passarem a vida toda tentando ser os Beatles, o Oasis resolveu agora ser os Rolling Stones. "Lyla", novo single da banda dos irmãos Gallagher é uma cópia cuspida e escarrada de "Street Fighting Man", da banda de Sir Jagger, obra-prima do disco "Beggars Banquet". Não que eu não goste do Oasis. Os três primeiros discos são bem legais, tem peso, consistência e segurança. E eles são arrogantes pra caralho, finger se odiar, demitem a banda toda e recontratam de volta, zoam grupos novos na cara dura e não tem vergonha de dizer que fizeram um belo boquete no referido hino stoneano. Precisa de mais?

terça-feira, junho 14, 2005

Réplica

Meu mestre Jedi comenta que, movido pela inveja, teria eu criado um blog. Biltre, eu digo, já com o sabre de luz ligado e com sangue nos olhos. A inveja é um sentimento que não pode existir no coração de um jovem padawan como eu. Logo, fiquei foi deslumbrado com o layout de primeira da sua casa virtual e resolvi erguer uma também. Ora, se até o Léo Jaime tem blog, porque eu, que sou beeeeem mais cabeludo que ele, não posso também?

Mas será o benedicto?

Primeiro, um tornado. Agora, terremoto. Só falta uma tsunami seguida de uma erupção vulcânica. Damn!

segunda-feira, junho 13, 2005

Lord Vader...

... riiiiise!

Lapadas do povo

Odeio festa de peão. Odeio a festa e tudo o que ela encerra. Pode chamar do que quiser, não me importo. Pra começar, tenho três motivos que tornam óbvia minha posição: não gosto de bêbado chato, mulher feia e cheiro de estrume. Logo, o quê vou eu fazer numa festa onde essas três certezas se encontram a cada metro cúbico de oxigênio? Não dá. Não pra mim. Mas deu prá inacreditáveis 68 mil pessoas. E o que isso significa? Primeiro, que muita gente REALMENTE gosta da coisa. Até aí foda-se, não há o que fazer. Mas existe um segund grupo que gosta de dizer que vai na dita cuja por não ter opção. Bullshit. SEMPRE existem opções, e o que essa galera não quer admitir é que gosta mesmo da muvuca, gosta do pau torando, da chapa esquentando, mas no círculo que frenqüentam pega mal assumir isso. Então vêm com essa de "vou porque não tem onde ir". Eu não gosto e não vou. Quase todos os meus melhores amigos vão e adoram o lance. Enchem o caneco, beijam umas e outras, arrumam uma encrenca básica e voltam felicíssimos pra casa.

O que me leva a concluir que...

... não é preciso mais que um bom (?) motivo para dar circo pra esse povo. Se ao invés de um festa de peão fosse uma micareta, ou uma imensa roda de pagode, o efeito seria o mesmo. Querem é o encontro, a celebração, a multidão que se aperta, se gruda e desgruda, a mistura de cheiros e gostos, a cerveja quente, a pinga batizada com querosene, os sanduíches de pernil e calabresa feitos na chapa enegrecida de gordura, enfim, o horror, o horror, o horror.

Mas creio que a coisa mudaria de figura se a trilha sonora fosse rock, por exemplo. Ou não? O Rock in Rio 3 levou 1,2 milhão de bípedes. Tá, foi numa capital e contou com atrações internacionais de primeira linha. Então pega o João Rock, em Ribeiro Preto. No interior, acho que não tem nada parecido. Rolou neste sábado e 25 mil pessoas compareceram. Grande para um festival de rock. Pífio se comparado com os boiadeiros de Americana e mais ainda com a festa de Barretos. E as atrações do JR eram do mesmo escalão que as da festa do peão: Pitty, Marcelo D2, Engenheiros do Havaí, O Rappa e Cidade Negra.

E isso explica muita coisa. Pra começar, carência. A região é carente de bons shows. Não que os citados acima sejam grande coisa, mas é o que temos. É o que a molecada é ensinada a gostar. Então, que dêem isso a ela. Mas é difícil. Muito difícil. É preciso grana, coisa que os promotores de eventos daqui não querem perder e, vá lá, até com certa razão. Então é preciso esperar que uma festa de grande porte traga essas atrações. Não vejo outra saída senão fazer com que a massa pague para quem goste de outra coisa que não o sertanejo, já que os rockers, por exemplo, não tem cacife para bancar shows do seu gosto. Uma dependência cruel, mas inescapável.

Logo, um show como o d´O Rappa, na sexta-feira, justifica a peregrinação até a festa, posto a banda nunca ter se apresentado na cidade e estar em evidência. Agora, pagar R$ 20 pra assistir Edson & Hudson não dá. Não pra mim. Já para 68 mil cabeças...

domingo, junho 12, 2005

Onipresente

Dei a ela um Burroughs. Ela me deu um Fante. Não sei onde isso vai parar.

Nota de Falecimento

O V8 Rock Bar fechou. Hoje foi seu último dia. Há coisa de um mês, escrevi uma coluna sobre o fechamento do bar, que foi devidamente censurada. Para quem ainda não sacou, o V8 era um bar de rock. Não um barzinho temático de rock, com guitarras penduradas na parede, capas de vinis velhos, e outras frescuras que não dizem a que vêm. O V8 era um bar com atmosfera rock, onde se ouvia e viva o rock, ao vivo, no chão, como deve ser. Seu único problema foi ter sido aberto em Americana, cidade com maior número de velhos chatos e ranzinzas por metro quadrado. Essa gente mal amada, infeliz, que não suporta a voz mutante da juventude, é responsável por fazer da cidade uma das mais malfadas opções de diversão noturna. Basta abrir um lugar com música ao vivo que logo algum desses seres começa a organizar abaixo-assinados, falar com vereador, procurar parente na polícia e tudo o mais.

É foda. Tenho 24 anos e não tenho mais dedos para contar a quantidade de botecos rockers que abriram e fecharam na cidade. Falta de público? O caraleo. A casa vivia cheia. E com méritos, já que o Thiagão é dos sujeitos mais boa-praça que conheço. Só que ele não pode contra o sistema. Ninguém pode. Ninguém decente, honesto, íntegro, que se recusa a chafurdar no mar de lama ele representa, pode. Ninguém feliz pode

E o que fazer?

Não sei. Se soubesse, juro que faria.

Alcatéia

Agora tenho um blog e posso brincar também. Só preciso saber como faço para criar uma lista com links do resto da patota. Aí vou falar com o Bia, a Mônica, o Rafael, o Ina, o Alex, a Carol e o resto se eles querem ser meus amigos. Tomara que sim.