Nada de muito novo por aqui, hã?
Tentei mudar de endereço para fazer jus a minha nova situação, mas não seria totalmente verdade porque coração e pensamentos ainda estão no mesmo lugar - o que torna tudo bem difícil, acreditem. Pelo menos estou mais bem vestido agora, diz aí?
Bom, primeiras vinte e quatro horas em um lugar dizem muito a respeito do que esperar dele pelas demais pernadas dos ponteiros. Então acho que posso engordar algumas boas expectativas.
A começar pela chegada. Definitivamente não se pode viajar com uma embalagem de soro fisiológico sem lacre. Aprendi isso, claro, inundando o simpático compartimento de bagagem e tudo o que havia dentro dele. A tampa, pelo visto, era apenas ornamental.
Devidamente seco e instalado, fui rodar pelo Parque Moinhos de Vento, o Parcão. Eu, crescido em bucólicas pracinhas de bairro, tenho certeza que ostentei o tempo todo aquela expressão de turista abestalhado. Como por enquanto é o que sou mesmo, fiquei dando voltas por ali para gravar nomes de ruas e pontos de referência - cacoete de jornalista de guerra, sabem como é.
O Parcão é cortado pela Avenida Goethe, localidade perfeita, pelo que pude notar, para uma farra gastronômica insuspeitíssima. Mesinhas na calçada são coisas que me atraem e quase todos os botecos ali atendem a essa exigência. Parei na Padaria Central após ler uma lousinha que oferecia chivito com batatas fritas por R$ 7. Aí então fiquei menos - ou mais, não sei - turista. Chivito é basicamente um fast-food uruguaio. E o Uruguai é, literalmente, logo alí.
Não sei se a parada foi mal preparada, mas não gostei. Lembrava qualquer gororoba gordurosa e melequenta que tem gosto de tudo e de nada ao mesmo tempo, feita e devorada as toneladas madrugada adentro. Mas as batatas estavam excelentes e desceram perfeitas com um Skol gelada. Eram 18h30 e nem sinal de anoitecer em Porto Alegre. Mesmo assim, me botei a caminhar. Paguei os R$ 7 do lanche e estupradores R$ 4 da cerva. Ainda estou para conferir se este é o preço padrão por aqui. Se for, recomendo desde já para os futuros visitantes trazerem caixinhas para esse exilado.
De banho tomado e cabelo penteado, me inteirei no universo portoalegrense lendo o "Cavernas & Concubinas", a coletânea perdida de contos do Cardoso. Uma pena a parada ter se perdido por aí. Merecia mais. E eu mereço comer alguma coisa agora. De novo. Dá-lhe pernada, então.