I'm Winston Wolfe. I solve problems.

segunda-feira, agosto 27, 2007

O gato acabou de chegar ao telhado...





    Sempre que Mick Jagger lança um disco solo surgem especulações sobre o fim dos Rolling
    Stones. Interessante notar que, em todas as vezes, a coisa quase aconteceu de fato. Em 1983
    o grupo lançou uma aberração chamada Undercover, que só seria superada pelo disco seguinte, Dirty Work (1986). No meio disso Jagger deixou os Stones de lado para gravar seu primeiro trabalho solitário, o marromeno She´s the Boss. O disco indicava o motivo do rompimento da dupla de ataque dos Stones: Mick queria se bandear para o pop mais radiofônico que começou a vingar na metade da década de 80, enquanto Keith se recusava a abrir mão de suas raízes bluseiras. Para piorar, o frontman dos Stones decide se dedicar mais ao seu projeto do que à turnê de Dirty Work.
    Jagger então monta um time com as guitarras de Jeff Beck e Pete Townshend e produz sozinho a
    bolacha que ficaria conhecida por uma capa de extremo mal gosto (incrível como ele é bom
    nisso...) e pelos hits "Hard Woman" e "Just Another Night". Já Richards convocou o
    ex-guitarrista dos Stones, Mick Taylor, e lançou Talk is Cheap. Recebido bem melhor do que o
    trabalho de Jagger, o primeiro solo do guitarrista saiu em 1988 e traz um desfile de bons
    riffs bluseiros e alguma carga de ressentimento (a faixa "You don´t Move Me", dizem, foi
    feita para MJ).

    Um ano antes de Talk is Cheap, Jagger lançaria o inclassifiável Primitive Cool, que marcaria
    o início da parceria com o Eurythmic Dave Stewart. Cheio de faixas pop dançantes, foi
    considerado a tentativa do cantor se firmar como estrela solo, deixando definitivamente os
    Rolling Stones. Mas o fracasso de vendas e crítica fez o vocalista pensar seriamente em
    voltar atrás e retomar a carreira com a banda, lançando em 1989 o regular Steel Wheels e
    iniciando uma gigantesca turnê e uma conseqüente parada.

    Nesse meio tempo Mick Jagger se aventura novamente sozinho e solta aquele que é até hoje
    considerado seu melhor trabalho solo. Wandering Spirit (1993), produzido pelo midas Rick
    Rubin, contava com a participação nas guitarras de Brendan O´Brien - que na época havia
    mixado Get a Grip, do Aerosmith, e depois se firmaria como produtor queridinho do Pearl Jam
    -, Flea, Lenny Kravitz e o velho amigo Billy Preston. A capa, de longe a melhor de seus
    trabalhos solos, foi obra de Annie Leibovitz, responsável por boa parte das melhores capas
    da Rolling Stone desde a década de 70. O disco recebeu boas críticas e vendeu relativamente
    bem, ficando entre os 10 mais vendidos daquele ano. Keith também prepara um segundo trabalho solo, Main Offender (1992), aumentando os boatos sobre o derradeiro fim.

    Mas ao contrário do que todos pensavem, a dupla decidiu centrar forças no próximo disco dos
    Stones, Voodoo Lounge, e novamente sair em turnê - a primeira que passaria pelo Brasil. Em
    1997 a banda lança Bridges to Babylon e, após outra extensa agenda de shows pelo mundo,
    resolve parar por termpo indeterminado. Novamente os rumores de que o grupo definitivamente tomam corpo. Ron Wood lança três trabalhos solos, Live & Ecletic (2000), Not for Beginners (2002) e Always Wanted More (2003); Jagger solta Goddness in the Doorway (2001), ganha um Grammy pela trilha sonora de "Alfie" (2004) em parceria com Dave Stewart e faz um filho com Luciana Gimenez; até Charlie Watts toca sem os antigos companheiros em Watt´s at Scotts (2004).

    Contra todos os indícios, a banda se reúne para uma turnê de aniversário de 40 anos e entra
    em estúdio para gravar A Bigger Bang, 35º disco do grupo. A bolacha sai em 2005 seguida da
    maior turnê que o grupo já fez. Mas do meio para o final, incluindo um megalomaníaco show
    para 2,5 milhões de pessoas em Copacabana, o desgaste é evidente entre os integrantes, todos
    beirando os 70 anos. Várias apresentações são canceladas por conta de problemas na garganta
    de Mick Jagger, outras tantas adiadas após um traumatismo craniano sofrido por Richards
    resultado de um tombo - fora as internações de Ron Wood para tratar do vício em álcool e a
    saúde cada vez mais delicada de Watts, recém recuperado de um câncer.

    Agora, Mick Jagger prepara uma coletânea dos seus trabalhos solos a ser lançada em outubro.
    Além de conter material dos quatro discos individuais, traz ainda a faixa ganhadora do
    Grammy, "Old Habits Die Hard", "Dancing in the Streets" (com David Bowie), e a inédita "Too
    Many Cooks (Spoil the Soup)", produzida por John Lennon na década de 70. A notícia coincide
    com novos indícios que a banda vai, de uma vez por todas, abandonar os palcos. E o que era
    apenas um diz-que-diz tomou forma, com local e data para o último show - no caso, a
    derradeira apresentação do giro mundial, em Londres, no último domingo.
    Se antes o problema era o conflito de egos e a famosa "incompatibilidade musical", agora é o peso dos anos que se faz presente. E ao contrário da canção, o tempo não está mais ao lado deles.
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    Opa! - Ron Wood foi o primeiro Stone a desmentir os boatos, afirmando longa vida ao grupo. Certo...

    Um comentário:

    Anônimo disse...

    Acho que são os próprios Stones que inventam esses boatos. Eles adoram esse tipo de confusão.Mas,como disse o Keith Richards antes de iniciar a excursão de A Bigger Bang, os Stones não podem acabar assim de uma hora pra outra, porque hoje "são uma empresa, da qual depende o sustento de muitas famílias"