Então ela me mandou uma carta. A primeira coisa que notei foi um tremendo "FILHO DA PUTA", desse jeito, em caixa-alta, no primeiro parágrafo. Ela é uma ex-namorada, cujo relacionamento terminou a coisa de dois meses. Entretanto, só agora resolveu desabafar e lavar a roupa suja. E precisou de 10kb de texto para isso.
Ok. Tudo bem. Estou acostumado a ouvir impropério de ex-namorada. Entre os amigos, brincávamos que existia o "Clube das Odiadoras do Brigatti", composto por garotas com as quais já tive algum tipo de envolvimento amoroso. Sempre achei graça nisso, apesar de, inegavelmente, me incomodar. Só que depois dessa carta, a coisa perdeu a graça. E por que?
Porque doeu. A epístola - muito bem escrita, por sinal - me deixou exatas duas noites sem dormir. A primeira, me sentindo culpado, o pior ser humano da Terra, indigno de sequer caminhar entre os demais. Essa era, lógico, a intenção da carta. A segunda noite, espumei de ódio pelo quarto como um cão preso dentro de um canil.
Nela, a ex-namorada é a vítima, que sofreu horrores nas mãos do crápula aqui, sujeito incapaz de amar ou que - questiona ela - sequer amou ou sabe o que isso significa. Se coloca como mais uma das minhas conquistas, iludida que com ela seria diferente. Diz ainda que eu não me coloco no lugar das pessoas que faço sofrer e que tenho uma vontade incontrolável de traçar todas que aparecem pelo meu caminho sem me importar com as conseqüências. Óbvio, final, sou um inconseqüente, imaturo, que busco algo que nem mesmo sei o que é e que, por isso, nunca encontrarei.
Como disse, à primeira vista o relato causou o efeito desejado. Pensei até em imprimir várias cópias e, sempre que uma garota se aproximasse de mim, daria uma para ela dizendo: "olha no que você tá se metendo, hein? Melhor cair fora agora".
Mas pensei um pouco. Ok, um pouco mais.
E conclui o seguinte:
FODA-SE
E resolvi encerrar, de uma vez por todas, essa história de que eu sempre sou o culpado por uma relação não dar certo e todas as minhas ex-namoradas terem razão me me odiar. Então...
FODA-SE QUEM NÃO GOSTA DE MIM.
Porque todas eram maiores de idade e sabiam o que estavam fazendo. O fato de ser sempre eu o carrasco que dá fim a coisa não pressupõe ser eu o culpado. Mas, como já disse uma vez, alguém precisa sujar as mãos. Claro que esse alguém sou eu. Então saio como vilão da história, como o cara sem coração que deixou a pobre e indefesa donzela jogada ao relento.
Porra, eu também já fui deixado, rejeitado, chifrado, sacaneado e iludido. E daí? Por acaso sai espalhando que odiava a pessoa, queimando a orelha dela de tanto falar mal ou escrevendo 10kb de rancor e mágoa? Não. Aceitei, engoli e segui em frente, como se deve fazer. Claro que não é fácil, mas sabia da minha parcela de culpa. Não jogava tudo nas costas do outro. Émuito cômodo encontrar um culpado, ainda mais quando se está por baixo e todo mundo sente pena.
O fato de eu não conseguir ficar nem seis meses com alguém pode me colocar no barco dos insatisfeitos, mas não no dos idiotas. Porque sei muito bem o que quero numa mulher, ao contrário do que a platéia pensa. E se ainda não encontrei, não foi por falta de tentativa. Se nessas tentativas quebrei corações e fiz algumas lágrimas verterem, lamento profundamente. Só conheço essa maneira de encontrar o que quero. Não conheço jeito de achar a parceira ideal sem ser experimentando.
Se iludi, enganei e menti? Às vezes. O problema é que apenas a parte podre bóia depois que esse tipo de barco afunda. Como um goleiro que fecha o gol o jogo inteiro e só é lembrado nas mesas redondas quando toma um frango.
Os mundos e fundos que prometi foram sinceros. Sempre acreditei, em todos os meus relacionamentos, que a coisa seria eterna. Pode parecer ridículo, mas não sei gostar pela metade. Não me envolvo apenas com os olhos. Ou entro com os dois pés, ou fico do lado de fora.
Mas porque apenas eu sou taxado como o grande monstro insensível? Simples. Porque eu tento. Porque não fico parado esperando aparecer uma mulher com um letreiro piscante na testa dizendo "Par perfeito". Coisa que, por sinal, não existe.
Não quero - longe disso - piedade ou comiseração. Nem me acho injustiçado e passo longe do rótulo de coitadinho. Nunca fui e nunca vou ser, porque assumo minhas besteiras e faço questão da minha parcela de culpa. Se a vida é feita de relacionamentos, então estou só começando. E foda-se quem não gostar de mim.
I'm Winston Wolfe. I solve problems.
quarta-feira, setembro 07, 2005
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8 comentários:
É... todos parecem ser eternos... todos...
Tá mais levinho agora, gaguinho???
que desabafo, hein!!! vc tem bom coração, fique tranquilo, foi travestido no show do Placebo, mas tem bom coração.
Mulher é um bicho foda.
Não gosto de vc! E agora que sei o tipo de homem que vc é, nem venha, pois não teremos nenhum tipo de relacionamento mais íntimo!
foda-se, eu quero apenas um filho loiro dos olhos claros.
Esse Briga é um mala, mesmo! Querendo sair com uma mulher que conhece a ex e sabe toda a história, aí vem e escreve um texto desse pra ver se convence a moça. O pior é que é capaz de dar certo...
PS: aqui em Jampa City, 'mala' tem o sentido de espertalhão, não de chato, como no resto do país. Portanto, leia no sentido paraibano da palavra. :)
Abrir o ziper dá um alívio, né?
Bola pra frente!
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