Se você é daqueles que fica até o rodo passar, sabe do que estou falando. Se não é, constate. Fique até o final de um rebenta-fígado qualquer. Aquela tipinha que ninguém sequer espiou de rabo de olho vai mandar uns dois ou três pra dentro da boca. E com o único esforço de se manter acordada e minimamente sóbria até a última das grandes presas abandonar o recinto, deixando os caçadores com seus rifles carregados e armados literalmente na mão. Com sorte, pode até presenciar um uni-duni-tê que ela se dará ao luxo de fazer, vingando-se secretamente da hora e meia atrás onde sequer era olhada de rabo de olho.
Sim, porque ela sabe seu lugar. Assim como suas contrapartes. Mas ao contrário destas, que normalmente vão para uma balada apenas para esnobar e zarpar rumo a uma solitária ducha quente, sentindo um certo prazer em demonstrar sua superioridade de fêmea absoluta e cheia de amor para NÃO dar, as feias não perdem tempo. Elas usam o tempo a seu favor. Estrategistas por natureza, esperam a hora certa para agir. E a hora certa para agir é quando o álcool já agiu e deixou o caminho traçado - no caso, os hormônios em fúria que substituíram o rifle de precisão pela .50 giratória. Sim, os hormônios não se preocupam com aparências e mais do que nunca estão no comando.
Já passa das 4h. Quem se deu bem antes disso não está mais por alí. Ela então aguarda. Imóvel, reencostada no balcão, aguarda lânguidamente a aproximação da vítima cambaleante. Ela tem o texto pronto, todas as perguntas e respostas, é escolada na coisa tanto quando seu negativo, que numa hora dessas ainda está, provalmente, retirando a maquiagem e chorando sua falta de sorte, lamentando porque não encontrou o Tiago Lacerda da sua vida, se perguntando onde está o George Clooney que ela sabe merecer, e, por deus, cadê aquele Johnny Depp se encaixaria perfeitamente entre seus peitos perfeitos?
Para as carniceiras de festa não há tempo para lamúrias. Elas não têm o direito de sentir pena de si mesmas. Nasceram prontas para combate, como guerreiros espartanos. Sabem que por mais que caprichem na produção jamais serão a primeira opção. São reservas das reservas, mas conscientes que virarão o jogo aos 46 do segundo tempo. Basta esperar. E elas esperam. Como hienas que rondam as carcaças de zebras desprezadas pelos leões, esperam pacientemente o momento de se banquetearem alí e virarem a mesa. De presas, passam a predadoras.
E então assumem a dianteira. A essa hora, o que vier é lucro, pensam ambas as partes. E a festa está ganha. Mais uma caçada bem sucedida. Mais um para engordar a listinha. Mesmo que bem lá no fundo desejem ser como suas doppelgangers, elas não podem reclamar. Porque no fim, sempre se dão bem. E não é isso que todas querem?
7 comentários:
Nossa, Gustavo, como você foi cruel...
nem só todas, como todos querem, querido chefinho
GUÉLICE.
Depois das 3h, vale td...
Cara mó tempão que não beijo na balada.
hahahaha!!!
uhahuahua... uma teoria social aplicada com perfeição.
Esta é a verdade nua e crua.
Elas caçam e eu finjo se caçado, tudo pelo social e para saciar minha sede de prazer.
Forte Abraço,
AA
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