A blogosfera é como um quarteirão de bairro de periferia. Cheio de comadres debruçadas sobre suas muretas espiando o desenrolar de qualquer coisa que dê pano pra manga. Pode ser a gata de uma vizinha que está prenha ("Também, com uma dona daquelas, não é de estranhar que viva grávida e não saiba quem é o pai..."), pode ser o novo pirralho que chegou de mudança ("Acredita que ele passa por mim e nem olha na minha cara? Mal criado, isso sim...") e pode ser um grupo de garotas que resolveram levantar uma lebre envolvendo nudez ("Santíssima trindade!").
Eu, como não faço parte da comunidade - sou no máximo um andarilho, desses que vive andando pra cima e pra baixo carregando um caixote e com um vira-latas na cola - fico cada vez mais impressionado com a capacidade de mobilização dessa galera. Principalmente em temas dessa importância. O caso das blogueiras que foram convidadas - ou se convidaram, é difícil saber - para um papo com a Playboy foi magistralmente destrinchado aqui pelo Ian Black. Leiam, é um primor de síntese. Eu mesmo dei minha contribuição, maleporcamente, vejam só.
O caso repercutiu como sói acontece nos aglomerados periféricos. Quase todos os moradores da quadra opinaram, deram suas versões, apontaram possíveis desfechos, revisaram os antecedentes, e calcularam a hipotenusa com base na soma dos quadrados dos catetos. De fazer inveja ao Hercule Poirot.
Mas o que ninguém pensou ainda é que essas garoutas são, hum, blogueiras. Logo, tem um público, adivinhem só, majoritariamente blogueiro. Público esse que, quero acreditar, recorre a outros meios que não o de dirigir-se até uma banca e pagar para passar os olhos em meia dúzia de mancebas. Até porque, tirando milionários como o Galvão e o Bia, poucos tem poder aquisitivo real para contribuir com o coelhinho. Fora que aquele explanou brilhantemente, em duas linhas, o que levei um texto inteiro.
Donde conclui-se que a Playboy só assina contrato com essas malucas se for mais maluca ainda! Pela lógica, não vão vender uma impressão sequer no que depender do ensaio delas, posto seus vizinhos serem, resumindo, adeptos de meios que em nada contribuirá para engordar o cofre dos Civita e, acima de tudo, uns duros! Porque se tivessem dinheiro não estariam blogando, e sim pescando em alto mar, comendo jujubinha e cercados de gente bonita, ora essa!
É, o sonho acabou. Desculpem, é verdade. Melhor arrumarem outro tema, o que, convenhamos, não é tão difícil assim. Como só estou de passagem, vou me recolher a minha insignificância digital e preparar o iate e os arpões.