I'm Winston Wolfe. I solve problems.

sábado, maio 27, 2006

Gosto não se discute

- E aí? Vai na festa do peão?

- Não gosto de mulher feia, cheiro de estrume e bêbado chapeludo.

- E no pagode? No pagode você vai, né?

- Não gosto de mulher que se veste mal, cheiro de perfume vagabundo e bêbado com camisa regata.

- Ah, mas na próxima rave eu posso colocar seu nome, né?

- Não gosto de mulher de cabelo raspado, cheiro de incenso e bêbado doidão.

- Bom, então tá aqui sua pulseirinha para entrar de graça no Rock Punk Hard Metal Fest.

- Não gosto de mulher que se veste como homem, cheiro de maconha ordinária e bêbado de cerveja quente.

- Nesse caso, melhor buscar os convites para o camarote do carnaval...

- Não gosto de mulher que não é mulher, cheiro de espuma e bêbado de camisa de cervejaria.

- Tá. Dá seu nome para colocar na entrada da boate nova que vai inaugurar neste final de semana.

- Não gosto de mulher que dorme de maquiagem, cheiro de maquiagem e bêbado maquiado.

- Ok. Toma duas entradas para o bingo.

- Vai rolar pastelzinho?

sexta-feira, maio 26, 2006

Fora de catálogo

A Shakira é legal. Mas antes de se tornar uma bitch da pior espécie, um arremedo de latina criado pelas mentes perturbadas dos capos da indústria fonográfica estadunidense, ela também era singela. E doce. E 100% latina. É, latina. Corpo roliço, cabelos negro escorridos, pêlos em profusão e um rebolado naturalmente hipnótico. Não tinha, como faz questão de mostrar cada vez mais, essa cintura de batedeira com ataque epilético. Exagero, fala sério. Fora os cabelos louros e os discos em inglês. Perdeu toda sua originalidade, sua essência, e principalmente, sua coerência. Agora, é apenas mais um gostosa rebolando o rabo na MTV e alimentando fantasias adolescentes naqueles repulsivos moleques punheteiros norte-americanos.

Mas eu gosto da Shakira. Gosto da Shakira de antigamente, quando ainda usava o sobrenome Mebarak. E no encarte do primeiro CD tinha um número de caixa-postal para se corresponder com ela, veja você. Isso faz quase 10 anos. Dez anos que ela surgiu, no estouro de outra grande cantora, esta com um pouco mais de bom senso e respeito a si própria, Alanis Morissette. Sem comparações, evidentemente, cada uma com seu cada um.

Então, um belo dia, eu senti saudades dessa Shakira. Porque ela me remetia a um tempo que a única coisa que me preocupava era arrumar um jeito de enfiar a mão dentro da calcinha da minha namoradinha. Geralmente ouvindo "Pies Descalzos", diga-se de passagem.

Aquilo me bateu forte. E decide comprar o dito. Nostalgia sempre foi o meu forte, então, porque não? Minha namorada também gosta, então seríamos dois a voltar a um adolescência que parece já tão distante.

Impossível achar em lojas de discos. E sebos era uma alternativa até então descartada, já que o negócio era ter o CD novo. Vou no Submarino. Tudo tem no Submarino. Digito Shakira. Aparecem primeiro os últimos discos. DVDs ao vivo. Vou descendo a barra de rolagem. Embaixo de tudo, tá lá "Pies Descalzos". Ao lado, em vermelho, a terrível informação: "Fora de Catálogo".

É, bróder, fora de catálogo. Quer dizer que não fabricam mais. Quer dizer que é legalmente impossível eu adquirir o primeiro CD da Shakira. Não fazem mais, sacou? Se eu quiser ouvir "Antologia" e lembrar da primeira vez que dancei com uma garota numa domingueira do Rio Branco, eu não vou poder. Não tenho mais como voltar a sentir vontade de dançar ao ouvir "Un poco de amor".

Fui cerceado no meu direito de recordar através de estímulos externos. Isso significa que parte da minha adolescência está oficialmente fora de catálogo! Claro que posso recorrer a Internet e baixar facilmente as músicas, ou mesmo ir até um sebo decente e comprar o disco por um preço honesto, mas não! Eu quero um disco novo! Quero "Pies Descalzos" e tudo aquilo a que ele me remete da mesma forma que era.

Não é justo retirarem das prateleiras uma parte da porra da minha adolescência! Que foi uma merda na sua maior parte, é bom ressaltar. Mas a Shakira representa exatamente a parte boa. A parte que gosto de lembrar. E que agora não posso mais, graças a um bando de executivos filhosdaputa que decidiram que aquela Shakira da minha adolescência não servia mais.

Porra, Shakira. Até você?

domingo, maio 07, 2006

Arrá, urrú, o Biajonio é nosso!

Depois de exatos 365 dias e algumas horas de negociação, finalmente o TodoDia vai receber um coluna assinada por Luiz Biajoni, o Bia, pai biológico da Belle e da Lia, postiço do Dudu, irmão da Jennifer Aniston e sortudo (por N motivos) marido da Karen, que dispensa apresentações. A coisa, devo confessar, não foi fácil. Para ambas as partes. Alguns trechos, desde o início do processo.

Outono de 2005

- Chefe, que tal uma coluna do Bia?

- Bia? Quem é Bia? Bia Seidel?

- Não, o Luiz Biajoni. Tu conhece ele, tá lembrado? Do tempo da TV e tal...

- Ah, tá. Sei. Biajoni. Hum.

- E então?

- Não.

- Por que não?

- Porque não, oras. Eu que mando aqui e não quero esse terrorista dando trabalho. De problema já basta você.

Primavera de 2005

- Chefe, tô com uma idéia de reforma do caderno de cultura.

- Ótimo. Faz e me mostra.

- Tá aqui, já fiz. Mais colunas, gente formadora de opinião, polêmica e tal... fora o visual, mais arrojado, leve... coisa fina, você sabe...

- Ah, sabia. Deu um jeito de encaixar o Biajoni, né?

- Claro.

- E ele vai falar sobre o quê?

- Sobre o que ele quiser.

- Há, essa é ótima. O Biajoni com espaço a vontade para escrever o que quiser? Cê tá lôco...

- Mas a idéia é essa mesma. Loucura. Insanidade. E mais um punhado de processos e adevogados nos nossos calcanhares, chefia...

- Se ele quer falar o que quiser, que monte um blog.

- Ele já tem um.

- Então não precisa do jornal.

- Mas o jornal precisa dele.

- Ah, que coisa mais gay... Mas tá bom. Vou pensar no caso.

Início do verão de 2005

- Os últimos ajustes estão sendo feitos, chefia. Quer dar uma olhada?

- Tá. Me passa o projetinho completo por e-mail.

- Beleza. Mas o Bia fez uma exigência.

- Quê? Qual?

- Gerânios. Ele quer um vaso de gerânios na entrada do jornal.

- E posso saber porquê?

- Diz ele que, por ser renal, ele não pode se associar a nada que não possua a influência magnética dos gerânios. Todas as empresas para quem ele presta assessoria têm gerânios na entrada.

- Ah, claro. Uma garrafa de Chandon ele não quer?

- Não. Diz que prefere Jim Bean.

Final do verão de 2005 e início de 2006

- Tudo certo, chefitcho?

- Cadê o restante do projeto?

- Que restante?

- Ué, preciso ver ele completo. Pede umas colunas para o Biajoni. Vai saber quais são as intenções dele, então é melhor verificar.

- Mas eu já li e estão dentro da proposta.

- Da proposta dele, que deve ser a mesma que a sua, né? Você não conta, é farinha do mesmo saco. Deixa eu ler alguma coisa dele.

- Tem o livro.

- Quê livro?

- Ele escreveu um livro. Inclusive já até saiu matéria sobre ele.

- Ah, o Sexo Anal. Sei. Hum. Bom. Sei lá.

- Vai por mim, o lance tem tudo pra dar certo.

- Bão, então toca adiante.

- Ah, tu não esqueceu dos gerânios, né?

Outono de 2006

- Bia, tua coluna foi aprovada, bicho. Começa na próxima semana.

- Agora não posso.

- Como não? Tá louco? Quer me foder?

- Tô entrando no meu inferno astral. E ele vai até o meu aniversário. Esse ano faço 36, filhão. Sabe o que é isso? É a velhice cada dia mais perto e ...

- Ah, não, esse papo de idade de novo não, pelamor. Ó, escreve logo alguma coisa e me manda aí, cara, senão eu rodo...

- Posso falar sobre mim?

- E tudo sabe falar sobre outra coisa?

- ...

- Tô zuando, cara, manda vê aí...

Final do outono de 2006

ESTRÉIA - 9 DE MAIO

Provavelmente aqui.